Com um conceito urbano e ao mesmo tempo campestre, a Casa Conde D’Eu foi projetada pelo Estúdio Penha no bairro Alto da Boa Vista, em São Paulo. O destaque desta morada é a integração entre ambientes internos e externos, permitindo uma vista limpa para a natureza ao redor.
O formato do terreno – estreito, comprido e com declive de 2 m – foi um desafio para a concepção do programa. Era preciso vencer alguns obstáculos de insolação para criar uma relação de aberturas e conexão da residência com a área externa de forma natural e leve. A moradora queria algo que atendesse às suas necessidades e que se conectasse com a vegetação e o paisagismo.
Ao assumir o projeto da Casa Conde D’Eu, o Estúdio Penha uniu seu estilo de trabalho – rústico e aparente – aos desejos da proprietária. Daí resultaram ambientes industriais, agradáveis e acolhedores. “A concepção foi uma junção entre o pedido da moradora e alguns itens propostos, como estruturas metálicas, tubulações elétricas e de iluminação aparentes, jogos e estudos de luz e sombra, despertando uma visão curiosa e um novo olhar para tudo”, comentam os arquitetos.
Todo o programa da residência é integrado, desde a área de lazer – piscina, sauna e varanda gourmet – até o espaço para brincar, um atelier e uma sala de televisão (que pode ser usada como quarto de hóspedes), sem esquecer dos espaços mais reservados.
O projeto foi divido em dois blocos unidos por ambientes de pé-direito duplo. Na frente da casa está o primeiro bloco, onde ficam o atelier e a área de serviços (ambos no térreo) e o espaço de brincar (andar superior). Já no segundo bloco ficam a parte social, a varanda e a piscina (térreo), além dos dormitórios e escritório (pavimento de cima).
Segundo os arquitetos, a conexão entre os blocos é um elemento de destaque no projeto. Há uma passarela no pavimento superior que permite contemplar a união entre os espaços através de uma área com pé-direito duplo, pontuado com amplos caixilhos do piso ao teto de ambos os lados. “Junto à passarela, a escada que une o térreo ao primeiro andar é o elemento central, feita em madeira com pilaretes metálicos intermediários e pilares antigos e garimpados”, complementam.
A adoção de um recuo maior de um dos lados do terreno permitiu a criação de um jardim que percorre toda a extensão lateral do térreo, unindo a sala e a cozinha; no andar superior, os dormitórios e banheiros têm caixilhos voltados para ele.
Como recurso sustentável, foi aplicado o reúso de água pluvial para irrigação da grama, aquecimento de água para uso interno com placas solares na cobertura e automação nas áreas sociais do térreo e jardim.
Com a adoção de um telhado inclinado, que permite a entrada de luz indireta por um longo período do dia, as fachadas foram tratadas com caixilhos de ambos os lados, com planos amplos, tanto nas opções de alumínio, quanto de ferro.
A fachada é formada pela estrutura metálica aparente em conjunto com massa grossa e pintura, madeira nos beirais e caixilhos de alumínio e ferro, com vidros translúcidos e decorados. As grandes portas de correr de alumínio nas salas e cozinha – quando abertas – permitem a transição sensorial entre dentro e fora.
Os caixilhos de ferro também foram adotados nos demais locais da casa, como dormitórios, banheiros, circulação, espaço de brincar, escritório e home theater. No caso dos banheiros, foi mantido o mesmo alinhamento dos demais ambientes, porém o vidro foi usado como decoração nas duas faixas inferiores para maior privacidade. O box interno também segue este alinhamento e marca a linha do final do revestimento em ladrilho das paredes, contribuindo para a sensação de amplitude.
Além de alinharem a questão estética com a funcional, os elementos em ferro envelhecem bem ao longo do tempo.
Entre os materiais mais usados na casa estão tijolos, revestimentos em cimento queimado e ladrilho hidráulico. Estes elementos foram amarrados com o uso da madeira, tanto no forro quando em portas, escada e corrimão, e no piso do pavimento superior.
O projeto de iluminação foi trabalhado para trazer conforto aos moradores. Suas instalações aparentes seguem percursos pelos tetos e paredes, contribuindo para o conceito industrial adotado no projeto arquitetônico. Por fim, o uso de automação cria cenas na área do térreo.
“Outro diferencial é o uso de diversas luminárias, como a relação entre arandelas, no modelo tartaruga, mais simples e industriais em conjunto com os mais caros, e também algumas peças compradas em antiquários e garimpos, como o conjunto de pendentes antigos no grande pé-direito central na sala de jantar”, concluem os arquitetos.
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