Ao caminhar pela rua Barão de Capanema, nos Jardins, em São Paulo, é quase impossível não notar a grande caixa flutuante que se encontra na altura do número 208. É ali que está instalada a Galeria Nacional, reduto dos apaixonados por arte e design.
Com um eclético acervo, o estabelecimento chama a atenção por seu espaço neutro que serve como pano de fundo para a grande variedade de cores e texturas dos produtos à venda.
O espaço que antes abrigava uma galeria de arte foi migrando para uma loja de objetos e de design, como era a vontade do proprietário e empresário Marcelo Maia Eduardo Chalabi“O local que antes abrigava uma galeria de arte foi migrando para uma loja de objetos e de design, como era a vontade do proprietário e empresário Marcelo Maia”, conta o arquiteto Eduardo Chalabi, do escritório Zemel + ARQUITETOS, responsável pelo projeto de reforma da galeria.
Com uma área de 133 m², a Galeria Nacional precisava ter um layout flexível que abrigasse todos os seus produtos – cadeiras, vasos, sofás, estátuas, tapetes e mais uma diversidade de itens – de modo que um não se destacasse mais que o outro e que a decoração pudesse ser renovada a cada temporada, a cada evento ou a cada intervenção de um artista.
O maior desafio foi proporcionar flexibilidade sem transformar a loja em um simples galpão. Foi necessário demolir completamente o fundo do antigo imóvel, que estava subaproveitado, para implantar o novo projeto com segurança e versatilidade, criando um programa diferenciado.
Como as estruturas da região são geminadas, foi projetada uma sustentação independente para não sobrecarregar somente uma parte da construção e escorar as forças das casas vizinhas. A estrutura existente foi usada como muro periférico e criou uma série de pórticos metálicos que montam a galeria.
Os pórticos estão a cerca de dois ou três metros ao longo da profundidade do lote, com cerca de seis metros de altura cada um. Apoiado sobre eles está a laje. Eles são responsáveis por segurar a grande caixa de madeira onde está localizado o escritório da loja.
“Além desse pórtico com a laje, há uma cobertura translúcida que está no fundo, também na altura de seis metros, e um volume pendurado no centro, que é essa caixa de madeira – tudo nesse piso que vai até o fim do terreno”, explica a arquiteta Paula Zemel.
Diferentemente da maioria das lojas do entorno, que possuem pé-direito duplo já na entrada, na Galeria Nacional o cliente entra por uma parte mais baixa, percorre todo espaço e, no fundo, alcança um espaço de pé-direito alto e luz diferenciada. “Quisemos inverter essa lógica para que a pessoa fosse atraída até o final da loja”, revela Chalabi.
Você enxerga a luz nas laterais do volume. Então, o que dá a sensação de que ele está suspenso é a iluminação natural Paula ZemelA estrutura metálica é o material principal do projeto. O aço faz toda a estrutura do projeto, enquanto a madeira e o vidro fazem os fechamentos. A telha translúcida foi escolhida para auxiliar na entrada de luz natural.
Como o intuito era criar uma personalidade neutra para a galeria, a cor branda predomina nos espaços. A caixa de madeira, por sua vez, tem a função de aquecer o espaço e proporcionar aconchego, especialmente por estar associada aos diversos objetos de decoração.
Segundo o arquiteto, o piso de granilite cinza também foi aplicado para conferir neutralidade ao espaço, deixando, realmente, todo o protagonismo para as peças expostas, até mais do que para a arquitetura em si.
A iluminação natural entra tanto na frente quanto no fundo da loja. “Os espaços por onde circulamos são iluminados, e aqueles por onde não se pode circular recebem sombra. Fizemos uma brincadeira de luz e sombra”, menciona Chalabi.
“Você enxerga a luz nas laterais do volume. Então, o que dá a sensação de que ele está suspenso é a iluminação natural”, conclui Zemel.
Escritório
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