No centro de São Paulo, próximo à tradicional Praça da Bandeira e a um nó de cruzamentos de ruas e avenidas, há um lugar de criação, cultura e arte. No meio desse urbanismo extremo, a Red Bull Station toma o longevo prédio da subestação da Riachuello, datado dos anos 30, 40 e 50 do século passado, para criar um ponto de encontro em uma nova concepção de museu.
"Trata-se de um movimento mundial dos museus de se abrirem cada vez mais ao público para integrá-lo em atividades diversas, não apenas expositivas, mas socioeducativas. Então, a Red Bull Station nasce como um lugar livre para as pessoas passarem o dia, almoçarem, escutarem música, participarem de workshops e conhecerem os artistas. É um lugar vivo, uma evolução do que é o museu", explica Guillaume Sibaud, arquiteto da Triptyque Architecture.
O partido, que ficou desocupado durante anos, tem a fachada tombada. Ela deveria ser conservada e restaurada. Ao mesmo tempo, a intervenção propunha criar uma leitura dinâmica do retrofit, indo além de uma maquiagem e dando um novo uso para o prédio histórico.
"Internamente retiramos o que era dispensável ou que poderia impedir o prédio de um novo uso. No entanto, deixamos no acabamento as pinturas antigas existentes, os concretos e até mesmo a sujeira aparente. A própria porta de entrada revelou-se com 14 camadas de tinta que foram aplicadas ao longo dos anos. Nós fizemos um trabalho de restauração a partir de um solvente que deixou cada camada à mostra, como se fosse realmente uma genealogia do lugar, mostrando as épocas e suas raízes", conta Guillaume Sibaud.
O arquiteto Olivier Raffaelli afirma que o programa foi adaptado para receber instalações funcionais e bem-distribuídas, criando uma dinâmica especial com o público dentro do estabelecimento.
"O prédio tem um subsolo destinado a um espaço de exposição de vídeo. No térreo, há outra área de exposição e um estúdio de gravação, enquanto no andar de cima ficam apenas as funções administrativas e curadorias. O pavimento seguinte conta com ateliê de artistas, sala de exposições e espaço para shows. No último andar, há um deck com uma marquise", detalha.
Nessa área, a irreverente cobertura lembra uma "folha", cuja estrutura de metal tem as cores cinza e branca. Ela sinaliza às pessoas que caminham pelas ruas sobre a existência do museu e, também, assume uma função sustentável, já que recupera as águas pluviais, utilizadas para regar as plantas e para uso ao longo do prédio.
"Esse componente também é um dispositivo complexo, porque ele estrutura um novo caminho por fora do edifício, uma rota de fuga de bombeiro. Lá há uma fonte que já existia originalmente e foi restaurada, porque ajuda a esfriar naturalmente o prédio", complementa Guillaume Sibaud.
O restaurante no térreo abre aos finais de semana para receber o público, contribuindo para a interação com as pessoas.
De acordo com o arquiteto Grégory Bousquet, "os materiais explorados ao longo do projeto basicamente passam pelo concreto velho, metal e concreto bruto – este utilizado para o estúdio de música, uma intervenção realmente pragmática e de volume, quase ao milímetro", afirma.
Ele também destaca as estruturas metálicas e as escadas, que criaram caminhos dentro do museu e novos meios de comunicação interna e de circulação.
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