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Casa das Duas Vigas

Casa das Duas Vigas
Para oferecer a vista da praia a todos os ambientes da Casa das Duas Vigas, o arquiteto Yuri Vital separou a residência em dois blocos, elevando o posterior a 1,5 metro de altura em relação ao frontal. Imagens: Nelson Kon
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Vista elevada

Texto: Thais Matuzaki

Oferecer a melhor vista às quatro faces da Casa das Duas Vigas era o grande desafio do arquiteto Yuri Vital neste projeto arquitetônico. Dentro de um terreno limitado, que não cedia muito espaço para “manobras” na implantação, o profissional separou a residência em dois blocos, elevando o posterior a 1,5 metro de altura em relação ao frontal. Esse escalonamento trouxe aos moradores a possibilidade de contemplar a Praia de Pipa, em Tibau do Sul (RN), de qualquer lugar da morada.

Ele [morador] queria uma casa de praia mínima e conceitual. E me deu toda a liberdade para isso, inclusive, na escolha do terreno Yuri Vital

Curiosamente, o projeto da Casa das Duas Vigas chegou até Yuri através de outra obra: a Box House, habitação popular que venceu o prêmio IAB-SP de 2008. Foi aí que Roberto Morais, diretor da construtora Podium, conheceu o trabalho do arquiteto e, imediatamente, encomendou um condomínio horizontal. Por questões burocráticas, a edificação ficou somente no papel, mas o cliente insistiu: “agora quero fazer uma residência.”

“Ele queria uma casa de praia mínima e conceitual. E me deu toda a liberdade para isso, inclusive, na escolha do terreno”, afirma Yuri. De acordo com o arquiteto, o proprietário possuía três lotes num condomínio que fica na Praia de Pipa. Entre eles estava um terreno triangular, de 409 m², que proporcionava a melhor a vista para o mar, e por isso a Casa das Duas Vigas foi estabelecida ali.

Vista desejada

Apesar da boa localização, o lote oferecia alguns empecilhos, sobretudo em relação ao tamanho reduzido e às divisas que, de um lado, determinavam o fim do condomínio e, de outro, o muro de um possível vizinho. Como o morador queria privacidade e a melhor vista ficava na parte frontal do terreno, o arquiteto resolveu a casa numa face só.

“A ideia era pensar a residência como um volume único. Mas separei esse bloco em dois, o que, ainda assim, não permitia a vista para todos os ambientes. Então, elevei a parte posterior”, explica. Isso resultou num desnível de 1,5 metro de altura entre os conjuntos.

Umidade, presença de insetos e animais rastejantes e ventilação natural foram as premissas que acarretaram na elevação da estrutura Foto: Nelson Kon

O arquiteto conta que a altura exata pra se obter a vista surgiu de uma brincadeira. Na primeira visita ao terreno, ele comentou com o cliente que de uma altura de dois metros e pouco seria possível avistar o mar e as dunas. Para confirmar a teoria, fizeram o teste com um trator que encontrava-se lá perto.

“Entramos na pá do veículo e pedi para o operador erguê-la até mais ou menos 2,60 metros de altura. Ao atingir 2,55 m, já conseguimos ver todo o mar... foi sensacional”, recorda o arquiteto.

Dois blocos

A ideia era pensar a residência como um volume único. Mas separei esse bloco em dois, o que, ainda assim, não permitia a vista para todos os ambientes. Então, elevei a parte posterior Yuri Vital

A elevação da Casa das Duas Vigas originou um espaço de convívio abaixo do segundo pavilhão. Essa área se estende para o vazio que foi criado em função da separação dos blocos. Contemplado por um jardim interno, ali acontece toda a circulação da residência através do jogo de escadarias centrais, que traça um verdadeiro circuito.

O restante do programa se distribui nos dois volumes. No bloco frontal, sala de estar, jantar e cozinha seguem completamente integradas e, lá em cima, há um terraço. Já o bloco elevado acomoda a área íntima, composta por três suítes enfileiradas, como num mini-hotel.

“Essa configuração foi uma solicitação do cliente, que queria manter os dormitórios distantes da área social para respeitar a individualidade dos filhos”, expõe Yuri.

Estrutura elevada

Segundo Yuri, o principal objetivo do projeto da Casa das Duas Vigas era construir uma morada que tivesse o mínimo contato com o solo. Por quê? Ele enumera três motivos: “primeiro, a umidade, tendo em vista o lençol freático do litoral; segundo, a presença de muitos insetos e animais rastejantes nos arredores; por último, porque favoreceria a ventilação da casa.”

Dessa forma, não somente o bloco posterior foi suspenso, como o frontal também. Conforme descreve o arquiteto, os 50 cm que afastam esse volume do chão têm comportamento semelhante à asa do avião: quanto mais “afunila” o vento, maior a pressão dele. “Quando o vento de baixo está passando numa velocidade maior que o de cima, gera um efeito chaminé em toda a parte central da casa”, ele esclarece.

A elevação da casa originou um espaço de convívio abaixo do segundo pavilhãoFoto: Nelson Kon

Ao definir isso, Yuri começou a pensar num esquema que pudesse sustentar os dois blocos da residência. Inspirou-se na simplicidade dos projetos do designer alemão Dieter Rams e dispôs quatro pilares em cada canto da edificação, contraventando com as empenas alinhadas de forma harmoniosa. A volumetria é complementada pelas duas vigas.

Materiais em conta

A Casa das Duas Vigas deveria ser barata tanto do ponto de vista de construção quanto de manutenção. Assim sendo, o concreto armado (utilizado na estrutura e nas empenas) e o vidro para a vedação do bloco social logo saltaram à mente do arquiteto.

Outros elementos surgem em madeira tratada, como o fechamento dos dormitórios e os decks, além do metal anticorrosivo das escadas e guarda-corpos.

Brise natural

Assim como a ventilação provieniente da estrutura elevada, um brise natural também contribui para amenizar o calor da região. Trata-se de uma árvore que bloqueia a forte incidência do sol onde a casa está mais vulnerável. “A princípio, o cliente pediu para removê-la, mas logo argumentei que ela teria essa função”, ressalta.

Escritório

  • Local: RN, Brasil
  • Início do projeto: 2011
  • Conclusão da obra: 2016
  • Área do terreno: 409 m²
  • Área construída: 107 m²

Ficha Técnica

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