Texto: Naíza Ximenes
Afastada do centro urbano e unificando dois lotes, a Casa GJ foi projetada pelos arquitetos do escritório WOA Arquitetura, em Manaus, no Amazonas. Esta residência de veraneio fica em um terreno de 1.330 metros quadrados e se distingue por ter duas entradas: uma voltada para a rua principal, na área verde do condomínio, e outra para uma rua secundária, com acesso direto ao campo de futebol privativo.
Havia duas premissas primordiais no briefing do projeto: a garantia da vista interna para ambas as ruas e a inclusão de um ambiente da escolha de cada integrante da família na casa. Os escolhidos foram o cinema, a sala de jogos eletrônicos, a cozinha integrada, o bar molhado e o campo de futebol.
Além da permeabilidade visual, havia, ainda, outro fator determinante para o design da obra: o clima equatorial amazonense, marcado pelas temperaturas elevadas, grande volume de chuvas e umidade significativa do ar — características que fizeram os arquitetos apostar não só em integração, bem como em ventilação cruzada abundante e isolamento térmico refinado em toda a casa.
O conceito da Casa GJ foi inspirado na arquitetura contemporânea brasileira, o que se reflete no design e na escolha dos revestimentos e elementos construtivos.
A fachada principal, por exemplo, evidencia a divisão da morada em dois blocos interligados por uma passarela central — que, para garantir o máximo de visibilidade, é constituída por brises metálicos brancos em quase toda a sua extensão vertical. Os blocos têm o centro marcado por ripados brancos com janelas de caixilharia preta no interior, dando um toque conceitual à obra.
A entrada acontece pela grande porta de ripado de madeira, que ganha destaque na fachada, marcada por uma paleta de cores clara. Uma vez dentro da casa, o painel ripado se estende pela parede do hall, criando uma transição sutil para o interior da casa.
Logo ao entrar, o primeiro elemento visível é um pequeno jardim de inverno à direita da porta, seguido por uma passarela sobre um espelho d’água. Há grandes janelas de vidro com caixilharia preta em ambas as laterais — uma com abertura para a escada que leva ao segundo pavimento e outra com abertura para o cinema — e um pé-direito reduzido, uma vez que a porção central do mezanino no pavimento superior encontra-se logo acima do espelho d’água.
Os dois extensos degraus que formam a passarela levam o morador à área social, onde estão a sala de jantar ao centro, a cozinha à esquerda e a sala de estar à direita. Há grandes portas de vidro de correr tanto na passagem do espelho d’água para a área social, quanto da área social para a área de lazer, à frente.
Uma vez no bloco social, o pé-direito das extremidades permanece baixo (para dar mais aconchego), ao passo que, na região central, ele ganha dimensões duplicadas e uma visão privilegiada dos brises no exterior.
“Projetamos a casa para que ela pudesse permanecer com uma vista interna constante entre as ruas”, explica o escritório. “Nós queríamos aproveitar a ventilação natural através de um eixo longitudinal livre de paredes”, completa.
Na área social, a palavra-chave para o design é contemporaneidade. O piso de porcelanato em tom acinzentado dá um aspecto moderno ao conceito. Por outro lado, o mobiliário em madeira em um tom de mel e em couro dá um toque rústico à proposta. Junto às almofadas coloridas, de um laranja terroso, os elementos se harmonizam e criam uma atmosfera aconchegante para os momentos de descanso da família.
Toda a área social é integrada à área de lazer por portas de vidro de correr, também com caixilharia preta, que se recolhem quase por completo e transformam o ambiente externo em uma grande varanda para as salas e cozinha. A passarela de acesso entre os dois blocos fica em frente à sala de jantar, marcada por um paisagismo exuberante. Um dos pedidos dos familiares, o bar molhado encontra-se logo à direita da passarela.
Toda a região em volta do caminho, que se estende pelas duas laterais e abriga o solário, é compreendida pela piscina. À esquerda, ela é coberta por um estreito pergolado metálico, onde ficam duas espreguiçadeiras. Janelas de vidro sobre a meia parede ao lado da piscina separam os sofás, mesa e poltronas na área gourmet da porção molhada. Do outro lado, três degraus formam uma mini ponte, que leva o morador às mesas e cadeiras de madeira na área seca.
Nas duas extremidades, pequenas escadas levam à cota mais baixa do terreno, onde fica a quadra de futebol.
Voltando ao espelho d’água da Casa GJ, um pequeno lance de escadas conecta os pavimentos inferior e superior. O andar de cima é marcado por dois blocos, unidos por um mezanino, onde fica o escritório. O piso passa a ser de uma madeira bem escura, novamente equilibrado por cadeiras de madeira em um tom de mel.
Em ambas as fronteiras, os guarda-corpos de vidro do mezanino permitem uma visão completa da área dos brises no exterior, banhando toda a casa com luz natural. Duas duplas de dormitórios com closets e banheiros, uma de cada lado, marcam as extremidades horizontais do corredor principal.
“As técnicas construtivas e os materiais utilizados foram os convencionais: concreto armado, fechamentos em blocos cerâmicos, esquadrias em alumínio e vidro, brises e pergolados de alumínio (com aplicação interna de isolante térmico) são alguns exemplos”, completam os arquitetos. “Para a proteção contra umidade excessiva da nossa região, as alvenarias externas foram revestidas com porcelanato com textura natural e uma cor terrosa marcante.”
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