A inclinação do terreno – uma grande rocha de granito – determinou o partido arquitetônico da Casa DLW, localizada em Florianópolis, cidade catarinense conhecida como Ilha da Magia. Para aproveitar a vista privilegiada do mar, o escritório Westphal+Kosciuk Arquitetura concebeu a fachada com um volume lançado à frente, conferindo identidade ao projeto.
Ao contrário das demais casas do condomínio, optou-se por abrir a fronte do lote recuando o embasamento, sob o pretexto de ampliar o espaço da rua e proporcionar a contemplação da paisagem. De acordo com o arquiteto Eduardo Westphal, o bloco térreo, revestido por uma cor mais escura, contribui para isso, pois realiza a transição entre a edificação e o terreno, ao soltar a ‘caixa social’ em balanço.
Em função do orçamento e da mão de obra disponíveis, o projeto da Casa DLW foi construído com métodos tradicionais, que utilizaram a composição de diferentes volumes e traços de reboco para produzir efeitos de luz e sombra, como os que se encontram no contorno das janelas.
Além disso, a composição trabalha com algumas linhas diagonais que, apesar da volumetria simples, conferem a proposital impressão de movimento à residência.
A planta se organiza em torno da circulação vertical. Apesar do terreno íngreme, a Casa DLW não deveria ter muitos desníveis entre os espaços, para minimizar os esforços dos moradores, um casal de cerca de 60 anos. Assim, foi estabelecido um núcleo central de circulação com escadas e elevador, permitindo que cada andar fosse facilmente acessado.
“O desafio de implantar uma residência com acessibilidade, em um lote de aclive acentuado, fez com que concentrássemos os ambientes principais em duas plantas, sem grandes irregularidades”, expõe Westphal.
Junto à garagem semienterrada fica o acesso principal e, acima, a área coberta de lazer. Este espaço possibilita que os dois últimos pavimentos fiquem excepcionalmente elevados em relação à rua. “Como a sala de estar e a sacada ficam em um balanço de 3,5 metros sobre a frente do terreno, a bela vista para o mar está garantida”, aponta o arquiteto.
Esses ambientes se unem à churrasqueira, cozinha e jantar formando um circuito intencionalmente pensado e adequado às exigências dos moradores. Segundo o arquiteto, a circulação tipo átrio os conecta às áreas de apoio, que compreendem a central de gás, condensadoras e varais para roupas.
Já os dormitórios, por solicitação dos clientes, alojam-se no nível mais alto da Casa DLW, isolados em relação à área social e, portanto, com maior privacidade.
A compartimentação dos ambientes aliada ao uso de materiais com inércia térmica, tais como paredes espessas, telhas isolantes e vidros duplos, garantem o isolamento termoacústico da residência.
Ao mesmo tempo, ao se abrir as janelas e portas, a casa passa a ter ventilação cruzada, que refresca e areja os espaços quando necessário e, sobretudo, limita o uso do ar-condicionado para dias de calor extremo. “Por outro lado, ao serem fechados, esses elementos protegem a moradia dos ventos fortes no local, bem como dos ruídos do tráfego intenso da avenida próxima ao terreno”, explica Westphal.
Quanto à iluminação artificial da Casa DLW, o arquiteto esclarece que ela é bastante funcional. Enquanto a sala recebe iluminação indireta, a ala externa, mais especificamente o balanço, é iluminado apenas à noite, para dar maior destaque.
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