Em 2018, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) promoveram um concurso para eleger o escritório que seria responsável pelo projeto do Anfiteatro ICESP. O vencedor foi o Vernare Projetos, que buscou idealizar um novo conjunto de auditórios na sede do conjunto hospitalar do Hospital das Clínicas, em São Paulo. A execução do projeto foi finalizada em apenas sete meses.
Antes de receber o retrofit, o complexo era constituído por três salas desprovidas de isolamento acústico e com pontos cegos na plateia. Além disso, a antiga configuração segmentava todas as áreas, impedindo a integração entre os ambientes para ampliação da capacidade máxima em caso de grandes eventos.
Invertemos o sistema anterior de circulação, o que possibilitou a formação de um grande anfiteatro em forma de arena com capacidade para até 290 pessoas sentadas Maria Inês Zemella
Os arquitetos procuraram entender a filosofia de atividades do complexo para reconfigurar totalmente o anfiteatro. “Invertemos o sistema anterior de circulação, o que possibilitou a formação de um grande anfiteatro em forma de arena com capacidade para até 290 pessoas sentadas. Com isso, tivemos um aumento de 60% em relação ao layout anterior”, conta arquiteta Maria Inês Zemella.
Com a nova disposição da plateia, é possível separá-la em três salas independentes, permitindo que o ambiente seja utilizado como salas de aula do programa de residência médica do hospital.
A compartimentação acontece através de divisórias retráteis que receberam um tratamento acústico – chapas de MDF com o interior preenchido em lã mineral. Ademais, foram revestidas com diferentes materiais nas faces: de um lado, os arquitetos optaram por material fonoabsorvente, trazendo uma melhoria substancial na questão acústica do auditório e, na outra face, utilizaram um laminado melamínico próprio para quadro branco, sendo possível o uso como uma lousa durante as aulas.
Cada painel do sistema retrátil, quando recolhido, é acomodado em um armário embutido nas paredes do auditório, ficando camuflados e imperceptíveis ao olhar do visitante. O mesmo artifício de mimetização foi utilizado nos painéis pivotantes instalados junto às janelas, controlando a iluminação natural no interior das salas.
A escolha pelos materiais se deu pela facilidade de manutenção e limpeza, já que nos ambientes hospitalares a higienização e a desinfecção são frequentes. Por isso, foram escolhidos materiais com propriedades impermeabilizantes e com aplicação de material antibacteriano.
A acústica também foi um ponto a ser considerado pelos arquitetos. Para uma homogeneidade na distribuição do som, escolheram um desenho de forro com abas côncavas e convexas para que o sonido flua por toda a plateia.
O sistema de iluminação e ar-condicionado estão intercalados e ocultos entre as réguas verticais no forro metálico, que também desempenha o papel de absorver os ruídos sonoros.
No fundo da sala, foi desenhado um mosaico em tecido e preenchido com lã mineral, que possui grande propriedade fonoabsorvente, evitando a reverberação do som.
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Teatro do Colégio Miguel de Cervantes, por acr ARQUITETURA
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