Do muro baixo aos azulejos na fachada, o histórico edifício localizado no bairro de Pinheiros (SP) mantém intacta a arquitetura típica dos prédios construídos nos anos 20 e, numa relação de respeito, serve de moldura para o retrofit do apartamento Apêrol, assinado pelo escritório vapor 324.
“O grande diferencial dessa reforma foi trabalhar com uma arquitetura que respeita as pré-existências da cidade; uma arquitetura que se manifesta, mas não destrói o existente”, afirma o arquiteto Fabrizio Lenci.
Além de revelar a arquitetura quase centenária da edificação, a concepção do apartamento pretendia, sobretudo, evidenciar todas as alterações necessárias para atender ao programa que, originalmente, sofria com a falta de luminosidade e fluidez espacial.
Segundo Lenci, o apartamento Apêrol estava fechado há mais de 10 anos, por estar completamente destruído e com graves problemas de infraestrutura. “Com isso, tivemos que executar novas instalações hidráulicas e elétricas, além do reforço estrutural e da troca dos caixilhos”, pontua, acrescentando que, diante da complexidade da obra, foi feito praticamente um trabalho de arqueologia.
O novo vigamento de reforço estrutural metálico e os caixilhos foram pintados na cor azul, enquanto os ambientes que permaneceram com sua configuração inicial, tal como o banheiro e a escada, foram mantidos com a alvenaria sem reboco, sendo apenas pincelados à base de tinta branca, conforme o restante das paredes do apartamento.
Também era preciso pensar na conexão e ampliação de todos os espaços, que até então permaneciam isolados em função do layout original, definido por corredores e alvenarias divisórias entre os cômodos.
Ao eliminar essas estruturas, os vãos abertos resultaram em uma ampla sala de estar integrada à cozinha e à varanda, enquanto na parte posterior do Apêrol, o antigo espaço cedeu lugar ao quarto de casal e, com isso, criou-se uma nova circulação externa.
“Nessa etapa, a maior dificuldade estava na estrutura do antigo edifício, que não possuía pilares – toda a alvenaria era estrutural –, então, foi necessário introduzir novos esqueletos de apoio, que no final deram um destaque a mais no projeto”, expõe Lenci, referindo-se aos pilares de concreto aparente.
Com a derrubada das paredes, o imóvel, que sofria de falta de luminosidade devido à inexistência de grandes aberturas, passou a receber maior quantidade possível de luz natural. “Visto que o apartamento Apêrol é térreo, conseguimos unir todos os ambientes, transformando-os em um único espaço iluminado e funcional”, atesta o arquiteto Fabrizio Lenci.
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