Texto: Naíza Ximenes
Refúgio urbano. Com essas duas palavras, a proprietária conseguiu sintetizar o que desejava para o conceito do projeto de reforma da Casa Maria Rosa, localizada na capital paulista. Em colaboração com o escritório VAGA, foi possível criar uma atmosfera acolhedora que fortalece a conexão com a natureza em todo o terreno, mesmo situado em um centro comercial movimentado da cidade.
AA morada fica em uma vila de casas geminadas e tem como ponto chave a grande árvore no quintal. Para valorizá-la, a equipe de arquitetos apostou em uma estrutura de três pavimentos com um único acesso, que acontece pelo andar intermediário.
A fachada da casa é marcada por três materiais: os tijolinhos sem revestimento nos dois andares visíveis; o aço na cor preta nos caixilhos da porta e janela do primeiro andar; e a madeira que constitui a janela no segundo andar. Todo o espaço ganhou vegetação e iluminação que tornam o exterior mais acolhedor.
Uma vez dentro da casa, o morador se depara com um conceito de sala de estar, sala de jantar e cozinha completamente integrados. Para criar um cenário mais bucólico, a madeira se tornou um dos principais materiais nesse pavimento, já que ela está no piso, nas escadas, na persiana da janela, no mobiliário e nas decorações do ambiente. A parede segue a mesma proposta — mas, ao invés da madeira, o material escolhido foi o tijolinho da fachada, pintado de branco.
O bucolismo também é perceptível na escolha do mobiliário, a exemplo da mesa de jantar, feita de madeira maciça. A impressão é de que há pouquíssimo acabamento, apenas para que a experiência não seja desconfortável, tamanha robustez.
A cozinha, por sua vez, abriga um dos cenários mais campestres da casa. Isso porque, além dos armários da cozinha com fórmicas em verde oliva — um tom que, por si só, já faz alusão à natureza —, o espaço ganhou janelas de madeira e vidros que preenchem de uma ponta a outra da parede.
A vista é para o quintal à frente, com uma árvore gigantesca ao centro. O teto de ripas de madeira também contribui para que a sensação seja de conexão com a natureza, já que permite maior ventilação e entrada de luz natural.
Antes da reforma, a conexão com o pavimento inferior era feita por uma escada externa. Com a intervenção dos arquitetos e a extensão da laje para abrigar a sala de estar e cozinha, em cima, essa passagem passou a acontecer por uma escada interna.
A estratégia teve uma série de benefícios. Possibilitou a criação de um quintal e jardim otimizados para desfrutar de um ambiente ao ar livre, integrou os andares visualmente, reconfigurou a circulação vertical e das áreas molhadas, possibilitou a construção de um anexo (onde hoje fica a lavanderia), promoveu maior entrada de luz natural e deu uma nova área de lazer para os moradores — com espaço de trabalho, jogos, sala de TV e um pequeno banheiro.
Seguindo o mesmo conceito bucólico, tanto o piso, quanto o teto, caixilhos e mobiliário ganharam revestimento de madeira. Os estofados e outros pequenos detalhes são brancos e verdes. A parede onde o sofá fica encostado é igual ao do pavimento intermediário, feita de tijolinhos pintados de branco que se estende para o exterior e constitui todas as paredes da área externa.
Subindo pela mesma escada interna até o último andar, está o terceiro pavimento, onde fica a ala íntima da casa. É onde ficam os dois quartos e um banheiro, que, apesar de não terem passado por uma grande reforma, ganharam alterações pontuais para a repaginação dos acabamentos.
“Neste projeto, a arquitetura e sua materialidade despertam memórias afetivas em seus ocupantes, criando um senso de pertencimento e aconchego em meio a um cenário invariavelmente urbano”, conclui o escritório.
Confira outros projetos de VAGA:
Escritório
Termos mais buscados