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Universidade Petrobras

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Na contramão dos arranha-céus contemporâneos, a Universidade Petrobras deixa de lado o quesito altura, mas se supera em tecnologia construtiva e atributos verdes que lhe conferem o certificado LEED. Imagens: Celso de Omena Brando e Alex Ferro
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Beleza sustentável

Texto: Tais Mello

Horizontal e discreto, o edifício Universidade Petrobras está localizado no centro do Rio de Janeiro, no O sistema de duplo envidraçamento com bolsa de ar entre as chapas deixa a luz natural entrar, mas cria, ao mesmo tempo, uma barreira ao calor, impedindo sua passagem para o interior do prédio Ruy Rezende bairro Cidade Nova, uma região que oferece infraestrutura de instalações e serviços de uma grande metrópole. Distante apenas 800 m da Estação Central do Brasil e a 350 m de duas estações do metrô – Praça Onze e Estácio/Rio Cidade Nova –, o empreendimento destaca-se muito mais pelos atributos sustentáveis do que pela altura ou por um design ostensivo, tão comum em projetos contemporâneos. O prédio ergueu-se estruturado na utilização de inovações – tecnológicas ou não – e na otimização de custos. Com cerca de 51.500 m², o projeto é alinhado às premissas da agenda 21 e aos principais pontos preconizados pelo LEED – Leadership in Energy and Environmental Design –, um sistema de avaliação e certificação que orienta, mensura e documenta cada tipo de edificação e suas fases de construção. A edificação foi certificada pelo US Greenbuilding Council como o primeiro LEED Core & Shell da América Latina e o segundo fora dos EUA. Para isso, adotou materiais e tecnologias sustentáveis, como a escolha eficiente de revestimentos e cores claras das fachadas, cujo objetivo é impedir o aquecimento do prédio.

Luz natural otimizada

O controle de insolação começa pela tecnologia construtiva aplicada. Em primeiro lugar, a geometria do terreno e o fato de ele estar localizado em um quarteirão no centro da cidade determinaram as seis fachadas externas. Em segundo lugar, o partido ostenta mais quatro fachadas internas, formadoras do átrio; e em terceiro lugar, o arquiteto planejou o paisagismo urbano do prédio tirando partido da incidência dos ventos.

Para alcançar não só a eficiência energética como a integração de usuários, as extensas áreas envidraçadas, tanto interna quanto externamente, possuem vidros de baixa refletividade, além de serem blindados. Há também um amplo átrio central coberto por uma claraboia de vidro com, aproximadamente, 900 m², que promove o melhor aproveitamento da iluminação natural.

Para evitar o aquecimento, Ruy Rezende instalou um sistema de duplo envidraçamento com bolsa de ar entre as chapas. “Ele deixa a luz natural entrar, mas cria, ao mesmo tempo, uma barreira ao calor, impedindo sua passagem para o interior do prédio”, explica. Já o uso de persianas auxilia na proteção solar, e a iluminação artificial é balanceada com a grande incidência de luz diurna.

As fachadas estanques e duplas ajudam na redução significativa do ruído externo Foto: Celso de Omena Brando e Alex Ferro

Mais silêncio e qualidade do ar

As fachadas estanques e duplas também ajudam na redução significativa do ruído externo, embora o projeto tenha um tratamento acústico especial direcionado para diversas fontes geradoras, como casas de máquinas, auditórios, espaços corporativos, entre outros. Com mais qualidade, o ar exterior passa por sistemas de tratamento como filtragem e desumidificação, pressão positiva e uso de barreiras progressivas de resíduos.

Reciclados e recicláveis

Para a escolha dos materiais, o projeto priorizou os reciclados e recicláveis. “Os materiais novos Os materiais novos deveriam ser alinhados com créditos de carbono e/ou certificados. Aqueles com baixa emissão de COVs – Compostos orgânicos voláteis – gases liberados por determinados tipos de tintas e colas – também tiveram prioridade na escolha quanto aos fabricantes Ruy Rezende deveriam ser alinhados com créditos de carbono e/ou certificados. Aqueles com baixa emissão de COVs – Compostos orgânicos voláteis – gases liberados por determinados tipos de tintas e colas – também tiveram prioridade na escolha quanto aos fabricantes”, explica Rezende. O descarte do lixo e entulho produzido durante a construção do empreendimento aconteceu por meio de programas de coleta seletiva na obra e reciclagem de materiais. Todo entulho gerado foi selecionado e encaminhado a empresas de reciclagem credenciadas. Com a coleta e reuso das águas de chuva e das águas de condensação do sistema de ar-condicionado em lavagens, irrigação e bacias sanitárias, foi possível suprir 40% do consumo diário previsto. Outros mecanismos de otimização do recurso fazem parte do projeto, a exemplo de torneiras temporizadas.

Ar-condicionado em foco

Com um consumo de energia responsável por 50 a 60% em uma edificação desse porte, o ar-condicionado exigiu um olhar especial voltado para a eficiência energética. Por isso o sistema de condicionamento visa a redução de emissão de CFC pela escolha do gás; a eficiência energética do equipamento em si; a geração de água gelada por múltiplos chillers a ar, com ampla capacidade de modulação; o tratamento de ar exterior; e o sistema de distribuição do ar pelo piso elevado, atribuindo zonas diferentes de uso e combate ao calor.

A opção pelo sistema insuflado pelo piso e retorno pelas luminárias e persianas, que se mantém a uma altura máxima de 2 m, é outra forma de economia. Ruy Rezende explica que dutos de ar-condicionado instalados em tetos e paredes lançam o ar tratado em alturas onde não há ocupação de pessoas. “Isso ocasiona desperdício de energia”, conclui.

Fácil manutenção, maior mobilidade de layout e controle de vazão individual em cada difusor – o que permite a cada usuário poder regular a vazão desejada – são outros aspectos econômicos do sistema. Já o sistema da claraboia aumenta a eficiência energética pelo efeito day light e utiliza calor natural em seu sistema de proteção térmica. Para complementar, tudo é monitorado e otimizado por meio da automação predial.

Elevadores inteligentes

Atentos à segurança predial e ao conforto dos usuários, aliados à engenharia de valores, o sistema de circulação vertical tem implantados grupos distintos de elevadores para atender aos subsolos e andares tipo. Isso possibilita que todo acesso realizado pelo subsolo terá, necessariamente, baldeação de elevadores no térreo, o que reduz o trajeto dos elevadores do andar tipo e otimiza as paradas. O sistema de elevadores é dotado de antecipadores de chamada. Ao digitar o andar desejado em uma central, a pessoa será direcionada ao elevador que fará o percurso de maneira mais rápida até o destino desejado.

Escritório

  • Local: RJ, Brasil
  • Início do projeto: 2006
  • Conclusão da obra: 2008
  • Área do terreno: 6.059 m²
  • Área construída: 51.500 m²

Ficha Técnica

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