Com um desnível de seis metros e terreno em declive, a Casa Boaçava pode ser vista de longe com suas paredes robustas de concreto. Projetada pelo escritório Una Arquitetos, a residência foi construída com um volume suspenso que protege as áreas térreas. Estas, por sua vez, têm diferentes alturas, que mudam de acordo com o desenho do chão.
De acordo com Cristiane Muniz, arquiteta responsável pelo projeto, a ideia nasceu da volumetria gerada pela legislação urbanística de São Paulo. “Como se trata de uma casa urbana, foi pensada como um volume que se fecha para o exterior. Suas aberturas são feitas através de extrações – ou varandas – que geram vistas diagonais”, explica.
Ligando a entrada até a piscina, nos fundos da residência, um único piso de madeira é instalado de forma contínua, se desdobrando apenas no interior da sala. O muro feito em concreto serve de apoio ao segundo andar e é pigmentado com óxido de ferro, material que se destaca com as reflexões de luz. “A opacidade do andar se contrapõe à transparência do nível térreo, com fechamento em vidro, que se abre para a massa de árvores do bairro”, ressalta. Para completar os apoios, dois pilares de concreto levam assimetria à estrutura regular.
“O material escolhido, para caracterizar essa construção voltada para dentro, foi o concreto aparente. Entretanto, todo o pavimento superior possui uma dupla parede interna em contraplacado de gesso para garantir conforto térmico e facilidade nas instalações”, explica a arquiteta. Neste pavimento, são as paredes de concreto que servem de apoio à laje de cobertura, pois os pilares não têm continuidade.
Os quartos foram todos construídos com terraços, que funcionam também como beirais. Eles oferecem vistas filtradas para a rua. Luz do sol e ventilação natural entram nos ambientes através desses espaços de transição. A cobertura ao ar livre foi pensada como outro terraço, mais aberto e com a vista mais distante.
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