O pedido era simples: ter uma casa-pousada. Uma família de amigos dos arquitetos do escritório Una Arquitetos os convidou para projetar sua residência em meio à tranquilidade da natureza da cidade de Joanópolis, no interior de São Paulo. “Os moradores frequentavam uma fazenda, o Pavilhão Carambó, também de nossa autoria, que fica próxima à região, e já gostavam da área. Por isso nos fizeram o convite”, conta o arquiteto Fernando Felippe Viégas, um dos responsáveis pelo projeto arquitetônico.
Quando comparada com as demais edificações, por mais robusta que seja a sua estrutura, a Casa em Joanópolis mostra-se entremeada em relação ao entorno. Dialoga com ele e não rompe a sua beleza. “O bonito é a estratégia de construção pensada no lugar, e como ela está amparada fortemente na paisagem”, revela o autor.
As casas ao redor não cabem em seus lotes, invadindo o limiar das outras. O arquiteto explica que, para driblar isso e dar a forma desejada à estrutura, foi preciso ajustá-la ao terreno em declive, protegendo-a da vizinhança e deixando-a com um ar cômodo em seu espaço. “A operação foi realizada em corte, com o equilíbrio dos volumes de terra para aterros”, complementa Viégas.
O projeto deveria dar a continuidade à natureza a sua volta, por isso está praticamente enterrado no solo, implantando-se em três níveis sustentados pelos muros que ajudam a demarcar a área. “A questão é que tínhamos um orçamento limitado, e a construção deveria ser feita em grande escala. Foi preciso construir a partir dos muros de arrimo de pedra, compondo três pátios, pois tinham uma mão de obra viável”, frisa o autor.
O muro criou um vínculo forte entre a residência e o seu entorno: os trabalhadores locais, responsáveis pela construção, trouxeram uma tradição da região para a obra. Os muros vão se dobrando até se autossustentar no lote; a linha da dobra firma o plano e o próprio reflexo, uma luz amarelada que invade o ambiente interno.
A necessidade de lidar com o orçamento levou o escritório a idealizar todo o programa de acordo com os custos. Por mais que seja tenha uma grande área, a casa tem vãos pequenos, o que colaborou para baratear a obra. As lajes de concreto pré-fabricada e o piso em cimento queimado são exemplos da construção econômica.
“É uma casa simples”, declara Viégas, exemplificando com os fechamentos de vidro alinhados ao sul e o telhado verde, que garante conforto térmico – de dia, a casa é banhada pelo sol, que deixa o interior quente para a noite. Além disso, o projeto conta com cisternas que ajudam no recolhimento das águas da chuva e painéis solares que garantem o seu aquecimento de água.
O projeto de iluminação é de autoria do designer Ricardo Heder. As peças, feitas exclusivamente para a casa, são modelos simples, que criam soluções a partir da própria alvenaria, ganhando, assim, destaque. A luz geral é delicada e complementada por pontos móveis, escolhidos caso a caso.
Já o projeto de paisagismo é de autoria do escritório Soma. Graças à inserção do projeto na mata, foi intenso o trabalho de recomposição da mesma e de reflorestamento denso. “A escolha de árvores próximas à casa, nos pátios, e a cobertura vegetal também fazem parte do conjunto. Precisava ser algo preciso, para funcionar bem e ser permanente”, conclui Viégas.
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