Texto: Naíza Ximenes
Em um condomínio fechado de Campinas, no interior de São Paulo, o escritório de arquitetura FGMF projetou a Casa Brisa. Fruto da análise meticulosa de um terreno com declive significativo, a obra é marcada por três blocos sobrepostos com vazios que permitem não só a integração entre área interna e externa, como também a passagem desimpedida de uma brisa vespertina.
O lote onde fica a morada possui localização privilegiada, uma vez que não tem vizinhos próximos e conta com uma vista desimpedida do entorno. Apesar da ausência de construções próximas, a preocupação com a privacidade era grande, criando uma atenção especial à proteção visual da casa.
Pensando nisso, a aposta foi em um projeto que aproveitasse ao máximo as características do terreno. A topografia permitiu a criação de diferentes níveis na construção, aproveitando-se da inclinação para valorizar a vista e criar espaços distintos.
“Nós tínhamos essa dualidade de casa versus vista, pela qual o proprietário se encantou desde o início. Esses desafios nos levaram a uma implantação um pouco curiosa. Isso porque, entrando na Casa Brisa, o morador sente como se estivesse em uma casa térrea — e não é”, explica Fernando Forte, arquiteto sócio do FGMF. “Nós fizemos um arrimo para que, quando o visitante chegasse, pudesse seguir para o corredor de acesso aos quartos, ou descer para as áreas sociais, mais reservadas em relação à rua. O morador chega através de uma cobertura, desce uma escada e está num jardim semicoberto”, detalha.
A distribuição da casa em três volumes principais permite uma organização funcional dos espaços, com os quartos localizados no pavimento superior, para garantir privacidade, enquanto as áreas sociais e de lazer ocupam o térreo, conectadas por pátios internos e uma grande cobertura metálica.
O espaço de transição de um pavimento para o outro é marcado por um material que reflete todo o conceito do projeto: o cobogó. Ao mesmo tempo que limita ambientes, ele integra diferentes cômodos com facilidade, já que permite a troca de luz natural e de ventilação.
Uma vez no pavimento inferior, onde ficam as áreas sociais, a sala de estar principal emerge como o coração da casa. Com um envoltório de vidro, ela está imersa na vegetação circundante e conectada à área da piscina e do solário, no extremo norte do terreno.
No lazer, está outro destaque da Casa Brisa: o revestimento de telhas metálicas brancas no teto e nas laterais dessa área ao ar livre. Além de oferecer proteção térmica e climática, o material também confere à residência uma estética industrial moderna — complementada pela combinação entre alvenaria, caixilhos e venezianas.
Juntos, os revestimentos criam uma composição visual única que se altera conforme o momento do dia. Enquanto está ensolarado, os moradores conseguem ver o céu, através das perfurações nas telhas. De noite, o efeito se inverte e a casa fica ligeiramente transparente, disfarçando a vista do interno e iluminando de dentro para fora. No restante da casa, o design ganhou tons orgânicos e concreto aparente, que adicionam um toque de sofisticação ao projeto.
O projeto da Casa Brisa também tinha como prioridade garantir um bom conforto térmico. A residência foi projetada para aproveitar ao máximo a iluminação natural e a ventilação cruzada, reduzindo a dependência de iluminação artificial e ar-condicionado. Além disso, a utilização estratégica de brises metálicos e vegetação contribui para proteger a casa do calor excessivo, criando um microclima agradável e propício ao convívio.
“Nós fizemos um estudo de ventos pra fazer com que as aberturas da casa fossem bem-posicionadas e a ventilação de fato acontecesse de uma maneira natural”, explica Rodrigo Ferraz, arquiteto do FGMF. “Além disso, nós temos esse grande elemento de sombreamento, que é a estrutura metálica com o fechamento de telhas. Elas funcionam como um brise e protegem a casa da insolação, junto à vegetação abundante ao longo do projeto.”
Segundo Rodrigo, o programa, dividido em três volumes, cria os pátios centrais. “É através desse elemento de cobertura e da vegetação que a casa ganhou um microclima próprio, tornando-a muito interessante para se estar. É por isso, também, que nós demos o nome da morada de Casa Brisa, como se tivesse uma eterna brisa passando por dentro dela”, conclui.
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