Casa dos Cajueiros

Desvendada aos poucos

Texto: Vitória Oliveira

Pensada pelos times do Terra Capobianco + Galeria Arquitetos, a Casa dos Cajueiros está discretamente implantada em um terreno com 2.640 m², na praia Vermelha do Sul, em Ubatuba (SP). Secreta quando vista da rua, a morada revela boas surpresas quando explorada.

O projeto arquitetônico tirou partido dos vãos entre as copas das árvores, mantendo as espécies preexistentes no local. Além disso, troncos tortuosos e ramos irregulares se revelam na fachada, resguardando a casa entre luz e sombra das copas dos cajueiros.

Layout diversificado

A residência está implantada em quatro cotas de níveis. A mais baixa – e mais próxima ao mar – concentra a área social, de lazer e serviços. A ocupação da casa é térrea e estruturada a partir de um eixo claro de circulação, que conecta as áreas social e íntima. Na mesma cota, um volume foi implantado próximo ao acesso à praia, abrigando a sauna e o depósito de pranchas.

Já as seis suítes estão distribuídas ao longo de um corredor com 33 m de comprimento. Elas foram implantadas de maneira a permitir um intervalo entre elas e a criação de varandas que acessam pátios privativos.

Os blocos íntimo, de lazer e social foram distribuídos ao longo do terreno, diferenciados pela materialidade Foto: Nelson Kon 

Empenas de concreto pigmentado em tom rosado definem os módulos dos dormitórios, executados em estrutura mista de vigas de madeira laminada colada e placas de painel wall. O limite entre dentro e fora se dá pela pele de veneziana em ripas verticais, que proporciona permeabilidade visual sem interferir na privacidade das suítes.

A sustentação do bloco social mistura o sistema convencional em sua estrutura de base – com laje de piso armada, pilares e empenas de concreto – com a cobertura em estrutura de madeira laminada colada de eucalipto.

Ademais, na área social, placas de 12 centímetros de espessura e 30 centímetros de largura de madeira, intertravadas formando uma grande laje, vencem 7,30 m de vão mais 2,10 m de balanço.

No sentido transversal, uma viga invertida, também de madeira, recebe a carga das placas e as redistribui em três esbeltos pilares metálicos. No outro sentido, o resultado é um espaço contínuo de 19 m livre de apoios que se abre a 180 graus para a paisagem do entorno. Os beirais generosos protegem os caixilhos e promovem sombreamento para os ambientes internos.

No projeto foram adotadas diversas estratégias de design passivo para garantir conforto ambiental aos usuários, a começar pela abundante presença de janelas piso teto que garantem renovação de ar constante, ventilação cruzada e iluminação natural.

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