Como transmitir para a estrutura arquitetônica valores como o poder do conhecimento, o poder político e, ainda, o poder religioso? Como criar monumentos cuja função é abrigar documentos dessa natureza? Com esses questionamentos, os profissionais da Tartan Arquitetura – Camila Mirapalhete, Moisés Lang e Rodrigo Bergonsi – criaram um projeto sob medida para o Centro Cultural Univates, um lugar pensado para ser uma biblioteca e um teatro, ambientes que acolhem a palavra e tornam possível a narrativa da história da humanidade.
Ele vai flutuar e liberar a praça para a circulação, protegendo os que nele ingressam. E, finalmente, convidará para entrar e sentar Rodrigo BergonsiA proposta para a nova instalação priorizou o cruzamento de dois eixos. “São eixos conceituais que representam a passagem do tempo e a comunidade, berço da instituição. Eles se cruzam em uma praça, um espaço de contemplação e circulação que concentra os principais prédios da instituição – verdadeiros elementos de valor simbólico dentro da vida acadêmica”, detalha o arquiteto Rodrigo.
A área generosa é repleta de possibilidades e percursos. Mostra-se permeada de trajetos que possibilitam transpor a praça de forma natural e cotidiana, aproximando os setores do campus. Rodrigo resume: “É um convite ao pensamento livre, aos sonhos e devaneios”.
Por fora, a imagem de maior impacto é a instigante caixa revestida de chapas metálicas de alumínio. Por dentro, a acolhedora construção é vazada pelo caminho que a transpõe transversalmente. Em seu interior, o vidro é usado em abundância. No trecho em que é atravessada, a barra parece flutuar e proteger o acervo. O entorno tem o papel fundamental de guiar o usuário para a entrada.
A imagem moderna, leve e com movimento do Centro Cultural Univates contrasta com a imagem estática de uma biblioteca e de um teatro tradicionais. Rodrigo explica que a intenção foi projetar uma arquitetura na qual o acervo torna-se o protagonista da paisagem. “Ele vai flutuar e liberar a praça para a circulação, protegendo os que nele ingressam. E, finalmente, convidará para entrar e sentar.”
Também foram consideradas soluções baseadas em conceitos bioclimáticos, como a sustentabilidade, que viabilizam o perfeito funcionamento da edificação, sem desconsiderar a dimensão poética dos espaços propostos. Terraços, jardins horizontais e verticais, fachadas ventiladas, e a constante presença da água nos espaços públicos reduzem a incidência solar direta e a produção de calor.
A partir da captação das águas pluviais na cobertura, com capacidade de 60 mil litros, é feito o reúso da água nas atividades cotidianas do centro. Outros fatores que geram economia no funcionamento são a instalação de torneiras e mictórios com fechamento programado e o projeto luminotécnico automatizado com luzes e sensores de presença nos acervos, além do sistema de iluminação em LED na praça externa.
São eixos conceituais que representam a passagem do tempo e a comunidade, berço da instituição. Eles se cruzam em uma praça, um espaço de contemplação e circulação que concentra os principais prédios da instituição Rodrigo BergonsiOutras economias foram implantadas já no canteiro de obras. “Podemos destacar o uso do concreto e da argamassa usinados e do vergalhão em aço cortado e dobrado nas dimensões do projeto estrutural”, enumera Rodrigo. Como se trata de uma construção mista – concreto armado e estrutura de aço, além das estruturas pré-fabricadas –, a obra foi erguida com muita agilidade. “Vale destacar também o aproveitamento quase original do terreno para a acomodação da plateia do teatro”, finaliza Rodrigo Bergonsi.
Para promover a acessibilidade, o escritório Tartan Arquitetura projetou elementos essenciais como elevadores, rampas, plataformas elevatórias e escada rolante, em cada um dos andares do edifício. Sanitários exclusivos para deficientes, piso tátil na área interna e externa, poltronas exclusivas a pessoas com mobilidade reduzida, bem como espaço destinado a cadeirantes, fazem parte do projeto de interiores e exteriores.
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