O Mercado Livre deixa Alphaville e vem para sua nova sede em Osasco, na Grande São Paulo. De cara nova, o projeto arquitetônico do complexo foi inspirado no campus das empresas do Vale do Silício, localizado na Califórnia – região que concentra as maiores e mais importantes empresas de tecnologia do mundo.
A necessidade de mudar e ampliar seu espaço nasceu do sucesso: o Mercado Livre tem comemorado uma alta de 61% em sua receita líquida no Brasil. Por isso, investiu R$ 105 milhões e se expandiu para receber novos colaboradores. A empresa tem lugar para até 2.000 funcionários e, atualmente, conta com 1.200. O novo projeto tem 33.000 m² de área de terreno e 17.000 m² de área construída.
O escolhido para a tarefa foi o athié wohnrath, trabalhando em parceria com o escritório argentino Estudio Elia / Irastorza (EEI), que tinham como responsabilidade traduzir na revitalização os objetivos da empresa: encantar talentos; aproximar parceiros e clientes; e promover a sustentabilidade.
“A partir do momento que fomos escolhidos, começou um entrosamento muito grande. A partir daí, demos início ao desenvolvimento dos estudos de viabilidade para esse projeto”, comenta o arquiteto Sérgio Athié, do escritório athié wohnrath.
“Nosso escritório participou e participa de vários projetos para o Mercado Livre, principalmente em Buenos Aires, na Argentina. Para o projeto de São Paulo, nos baseamos na experiência que tivemos em outras sedes, e o resultado foi formidável”, conta a arquiteta Paula de Elía, do Estudio Elia / Irastorza (EEI).
No retrofit, os arquitetos mantiveram o caráter industrial do prédio. Todas as estruturas originais foram mantidas. Para harmonizar com todo o ambiente, a praça central foi feita com placas cimentícias.
O prédio era uma caixa de concreto fechada, então, uma das primeiras ideias do projeto foi a de criar janelas nas laterais, para que as pessoas pudessem ter contato com os ambientes externos.
A vegetação está presente nos jardins e nas coberturas das “macetas” – como eles chamam as salas de reunião e para encontros informais. Em formato circular, esses espaços são feitos de madeira.
A ideia das macetas é trazer os clientes, parceiros e fornecedores para dentro do ambiente. Por fora, são esteticamente iguais, mas o mobiliário interno varia. Algumas têm mesas e projetores, e outras são ambientes para relaxar, com poltronas penduradas no teto.
Além disso, o projeto também conta com integração das áreas externas. Para isso, os arquitetos criaram uma alameda principal, que ganhou vegetação e árvores, por onde é possível caminhar e se deslocar para diversas atividades da empresa.
A empresa foi batizada de Melicidade. “Meli” é a sigla como eles são conhecidos na bolsa Nasdaq e “cidade” porque essa é a ideia principal da companhia para a sua nova sede paulista. Os funcionários desfrutam de todo tipo de comodidade a passos de distância.
O projeto conta com áreas de trabalho compartilhadas que privilegiam o contato direto entre todos os colaboradores. O estabelecimento tem: cafeteria, 140 salas de reunião, 11 salas de treinamento, auditório com 200 lugares, arquibancada para eventos internos, biblioteca, espaços de descanso, restaurante com capacidade para 450 pessoas e uma área de esportes e lazer – chamada de Meli Mall – na qual há academia, salão de jogos, salão de beleza, atendimento nutricional e massagem. Para completar, a área externa tem um jardim com redes e uma quadra poliesportiva.
Cada ambiente tem sua função. O lobby é o espaço dedicado à aproximação das pessoas. Os escritórios têm foco na excelência. O café é o ponto de encontro e uma chance de interação. A biblioteca é o lugar ideal para dedicação e a concentração. As salas de reunião foram feitas para que os funcionários empreendam. A área do Meli Mall encanta quem a conhece. Já o jardim expressa a noção de sustentabilidade. E, por fim, o restaurante oferece opções nutritivas para o bem-estar dos colaboradores.
Todo o ambiente é um grande galpão aberto e foi necessário dividir, mesmo que de maneira simbólica, as equipes de trabalho. Para isso, a empresa nomeou cada uma a partir de uma localidade brasileira, como Vitória, Rio de Janeiro, Oiapoque e Chuí. Esses nomes foram escolhidos por meio de um concurso interno entre os funcionários.
“O Mercado Livre dá muita importância à versatilidade de espaços. A ideia é a interação entre os funcionários, e que seja desenvolvido o senso de comunidade”, explica a arquiteta argentina Milagros Irastorza, também do Estudio Elia / Irastorza (EEI).
A arte também foi incorporada ao projeto. Um grupo de grafiteiros argentinos e brasileiros trabalharam nas obras, que podem ser apreciadas nos diversos ambientes. Foram dezenas de intervenções artísticas realizadas nas áreas internas e externas do complexo, que ajudam a trazer cor, vida e, ao mesmo tempo, leveza aos ambientes. As obras são dos artistas Timoteo Lacroze, curador do grupo, de Rimón Guimarães, Mart Aire e João Lelo.
O projeto conta com 2.000 painéis fotovoltaicos no telhado, que geram metade da energia consumida na empresa. Em dias de sol, por exemplo, o complexo é capaz de se sustentar sozinho. A iluminação artificial é 100% automatizada, ao todo são 2.800 lâmpadas LED, o que ajuda a reduzir em até 75% o consumo de energia. Apesar disso, o ambiente foi projetado para permitir a entrada de luz natural, através das grandes aberturas das janelas que privilegiam essa questão. Atualmente, a empresa é o segundo maior espaço privado em termos de uso e geração de energia solar no Brasil, ficando atrás apenas do estádio do Mineirão.
O Mercado Livre dá muita importância à versatilidade de espaços, por isso cada edifício tem um tipo de uso diferente Milagros IrastorzaA companhia também reutiliza 80% de toda água da chuva. Há quatro tanques de reúso para irrigação dos jardins e estabelecimentos das bacias sanitárias. A reciclagem também está presente. O carpete colocado nos postos de trabalho, por exemplo, foi feito a partir de produtos reciclados, e o descarte de resíduos como papel, metal, plástico, pilha e óleo é incentivado entre os funcionários. Além disso, há também uma composteira usada para a transformação das sobras de alimentos em adubo orgânico, que posteriormente é doado ao projeto social Hortas de Osasco.
Da mesma forma, ações são levadas em conta para incentivar a sustentabilidade, como o estímulo para que os usuários não usem o carro pelo menos uma vez por semana e troquem caronas entre eles.
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