A história de modernização do Estádio Beira Rio – uma das 12 sedes que receberão os jogos da Copa do Mundo em 2014 – começou quando o escritório Hype Studio Arquitetura foi convidado pela comissão de obras do Sport Club Internacional para criar e apresentar um projeto de cobertura para Era preciso uma reforma geral, a começar pela infraestrutura, passando pela segurança e pelo conforto. Propusemos um projeto de renovação completa Maurício Santosa arena. Após os primeiros estudos, os arquitetos concluíram que isso não era suficiente. “A arena existia há quase 40 anos e estava defasada em relação a outras construções esportivas atuais. Era preciso uma reforma geral, a começar pela infraestrutura, passando pela segurança e pelo conforto. Propusemos um projeto de renovação completa, requalificando a grande estrutura inaugurada em 1969, dotada de muita história e de uma localização excepcional. Ao ser reinaugurado, o complexo atenderá às rígidas normas de segurança e conforto seguidas mundialmente”, relatam os autores do projeto Fernando Balvedi, Gabriel Garcia e Maurício Santos. O projeto básico foi desenvolvido pelo escritório Hype Studio e, o executivo, pelo escritório Santini e Rocha Arquitetos.
Inspirado em estádios europeus – conhecidos por meio de visitas técnicas –, especialmente os alemães, que serviram de palco para a Copa do Mundo de 2006, o Beira Rio tem em sua cobertura e fachada um ícone de modernidade. O design em formato de folhas – que revestem a antiga fachada – impacta visualmente, criando uma nova imagem para a arena.
A construção precisou de uma estrutura metálica independente do corpo do estádio com números surpreendentes: 3.800 toneladas de aço. Para a montagem da cobertura, módulos foram instalados em série, totalizando 65 folhas exatamente iguais, produzidas com tubos de aço circulares sem costura, que envolvem a construção a partir da base da fachada até a área das arquibancadas. Cada uma pesa 40 toneladas, mede 38 metros de altura e 53 metros de comprimento. A utilização de tubos deixa a obra até 30% mais leve do que se fosse feita com estrutura metálica convencional e ainda proporciona agilidade na montagem. O custo estimado da construção é de R$ 350 milhões.
A estrutura tubular envolve todo o estádio, protegendo os expectadores. Visível por dentro e por fora, ela será revestida por 56 mil m² de membrana tensionada autolimpante – basta a água da chuva para a manutenção – de politetrafluoretileno (PTFE), composta por fibra de vidro com teflon. O material oferece alta durabilidade, absorve pouco calor e, consequentemente, garante conforto térmico aos torcedores. A membrana também permite criar efeitos de iluminação, melhor propagação do som da torcida no interior e proteção das intempéries.
A cobertura apoia-se a 8,5 m da fachada e projeta-se em mais de 40 m ao interior. Ela Ela é visualmente marcante, tanto de dentro quanto de fora do estádio, destacando-se positivamente no perfil da cidade Maurício Santos cobre arquibancadas, torcedores, rampas, escadas e portões de acesso. Na estrutura, abrigam-se os sistemas de iluminação do campo, que substituem os antigos postes de refletores, além de som e telões. A nova infraestrutura permitirá que o gramado seja iluminado uniformemente, e a luz na cor vermelha – do time colorado – será projetada na membrana.
Para Fernando a cobertura é, sem dúvida, o elemento de maior impacto do projeto. “Mesmo sendo uma estrutura modular bastante otimizada, trata-se de uma obra desafiadora do ponto de vista da engenharia. Ela é visualmente marcante, tanto de dentro quanto de fora do estádio, destacando-se positivamente no perfil da cidade”, justifica o arquiteto.
Com 330 metros de comprimento e apenas três andares, o edifício-garagem abrigará o estacionamento, com aproximadamente, 3 mil vagas – dessas, 32 são reservadas a deficientes. O número reduzido de andares foi calculado para permitir a visualização da vista para o lago Guaíba, a partir do estádio.
Visando o conforto, o deslocamento entre as áreas VIP e o estacionamento será feito por uma passarela coberta. No total, serão 70 camarotes entre as arquibancadas superior e inferior e 55 skyboxes (cadeiras especiais), localizados acima das arquibancadas superiores.
A imprensa será acomodada entre os skyboxes e a arquibancada superior. O amplo projeto Beira Rio ainda prevê serviços de bares e restaurantes, próximos ao lago Guaíba; um museu dedicado ao clube na parte sul do estádio, que será conectado à loja existente; entre outros espaços comerciais.
Trata-se de uma obra sustentável, certificada com o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). Com a reforma, o Beira Rio estará adequado às novas normas de acessibilidade e disporá de um moderno sistema de automação. Com capacidade para 51 mil pessoas, durante a Copa do Mundo, ele terá esse número reduzido em função dos assentos utilizados pela imprensa no evento – atendendo uma das exigências da Fifa.
O projeto vai além da reformulação do estádio do Sport Club Internacional, pois prevê um plano urbanístico para os arredores. Futuramente, o Ginásio Gigantinho será transformado em uma arena multiuso para shows, haverá a construção de um hotel e centro de convenções, além de um projeto em parceria com a prefeitura que prevê o estudo de mobilidade e tráfego na área, com duplicação da avenida Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio), abertura de novas vias e estacionamento externo.
O acesso inteligente foi uma das preocupações no Beira-Rio, que oferece mais portões para os setores da parte inferior da arena, provida de um anel ao redor de todo o estádio destinado à circulação do torcedor. Desta circulação, ele poderá subir até o nível central da arquibancada, deslocando-se para cima, para baixo ou para os lados. Uma forma de evitar a circulação na frente das pessoas sentadas. Para ir até o nível superior, estarão disponíveis mais elevadores, 16 novas torres de escadas e rampas. Nas extremidades do campo, a arquibancada inferior terá a distância mínima exigida pela Fifa: 7 metros até o gramado. O conforto estende-se à nova arquibancada mais larga, com a profundidade do degrau ampliada de 60 para 85 cm, maior até que o mínimo de 80 cm exigido pela Fifa. Todas as cadeiras serão retráteis, facilitando o fluxo das pessoas. Todos esses cuidados permitirão que o Beira-Rio seja esvaziado em apenas oito minutos.
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