Executar um retrofit em um edifício antigo já é um desafio. Mas quando se trata de atualizar o prédio de uma empresa farmacêutica conceituada para o padrão triple A – construções que oferecem alta tecnologia e inteligência no gerenciamento dos sistemas –, a reforma transforma-se em um grande desafio. “Além de adequar a área ao novo headcount, promovemos a imagem da empresa e modernizamos a planta proporcionando praticidade, bem-estar aos funcionários e design diferenciado”, explica a arquiteta Moema Wertheimer.
As novas instalações receberam áreas verdes, infraestrutura e tecnologia que facilitam o dia a dia, agilizando os processos de trabalho. Composta por térreo e dois pavimentos, totalizando metragem inicial de 6.170 m² e final de 8.350 m², a obra previu a construção de um novo andar com estrutura metálica, um método construtivo rápido, leve e limpo. “Os pilares não estruturais da fachada foram demolidos e viabilizamos estruturas para elevadores e escadas de emergência. Além disso, edificamos um novo pórtico também com estrutura metálica”, revela Moema. Tudo isso em apenas nove meses.
Empenas vermelhas dão identidade ao edifício, ao mesmo tempo em que o uso de cores no interior personaliza cada um dos pavimentos. Foram utilizados conceitos de modern-office, ideais para melhorar a comunicação entre colaboradores por meio do open space – espaços abertos. Receberam divisórias apenas as salas de diferentes tipologias, usadas para reuniões informais e/ou sigilosas, conferências e, também, como local de descompressão e leitura.
Fachada
A diretriz principal do projeto de fachadas interna e externa eliminou elementos não estruturais. Com o rebaixamento do peitoral e o fim de alguns elementos pré-moldados, a caixilharia antiga foi substituída e ampliada. Assim, grandes vãos de vidro de alta eficiência energética e transparência passaram a aproveitar melhor a iluminação natural, além de integrar a paisagem externa ao ambiente interno, principalmente a área do jardim projetado por Burle Marx. As fachadas cegas leste e oeste ganharam revestimento de ACM vermelho (Aluminum Composite Material), também utilizado no grande pórtico com pé-direito mais alto, projetado para valorizar a entrada principal.
A escolha por este material deve-se não só às características estéticas, mas ao fato dele ser leve, de fácil aplicação e manutençãoMoema Wertheimer Aliado a isso, houve a aplicação de brises horizontais de alumínio, pintados de branco, que refletem a luminosidade e, ao mesmo tempo, controlam a incidência de luz direta. Nos pátios internos, a instalação de um pergolado metálico e revestido de ACM garantiu eficiente sombreamento. “A escolha por este material deve-se não só às características estéticas, mas ao fato dele ser leve, de fácil aplicação e manutenção”, justifica a arquiteta Moema.
A reforma da fachada considerou, também, a orientação solar. Ao leste-oeste possui empenas vermelhas, sem abertura para o lado externo e, ao sul, grandes vãos envidraçados com brises para sombreamento e proteção dos raios solares. Além disso, a instalação de persianas reflexivas ameniza a insolação e o aquecimento no ambiente interno.
O ACM (Aluminum Composite Material) se destaca pela maleabilidade, característica que confere a esse painel metálico grande facilidade de conformação.
O painel nada mais é do que um "sanduíche" formado por duas lâminas de alumínio com núcleo de polietileno de baixa densidade. Atualmente, figuram na paisagem das grandes cidades como sinônimo de modernidade, que integra funcionalidade, beleza, design e economia.
O Material de Alumínio Composto também apresenta resistência térmica. Moema Wertheimer explica que a face externa do ACM bloqueia as radiações solares, reduzindo a transmissão de calor para o edifício e, consequentemente, o uso de ar-condicionado. “Podemos dizer que ele colabora para a sustentabilidade da construção. Nesse caso, há uma parceria com o projeto luminotécnico, feito também para otimizar o uso da iluminação geral”, lembra a profissional.
No andar térreo estão localizadas as áreas para visitantes da empresa, salas de reunião, espaço de jogos e relaxamento para os funcionários e um Meet and Greet café. Quatro salas multiuso podem ser unidas quando necessário, transformando o local em um grande auditório. Com acesso restrito, as áreas de descompressão, lazer e relaxamento, dedicadas ao bem-estar dos colaboradores da empresa, englobam biblioteca, games e massagem, estimulando a socialização e a criatividade. Tudo equipado com a tecnologia necessária para garantir momentos de introspecção e descanso, como trabalhos em equipes, integração dos times e reuniões informais.
Nos demais andares, a premissa para a concepção do projeto prioriza espaços especiais localizados nas extremidades, que promovem a interação entre os colaboradores. São áreas de café e, no open space, os Mentoring Nooks (salas de reunião informais pequenas), Themed Rooms (salas de reuniões informais interativas) e Retreats (áreas de descompressão e eventuais reuniões), conceito que cria um ambiente corporativo flexível e interativo.
Também foram construídas novas prumadas de elevadores próximas à escada, criando um eixo de circulação vertical central. Para atender as normas de combate a incêndio, o edifício previu mais duas escadas enclausuradas.
No novo layout, as estações de trabalho estão posicionadas próximas às fachadas, não só para receber luz natural, mas para terem o privilégio da bela vista externa. No centro, ficam apenas as salas fechadas – sem usuários fixos. “A configuração possibilitou a ‘democratização da luz natural’ A configuração possibilitou a ‘democratização da luz natural’, uma vez que mesmo os espaços semiabertos, usados para reuniões informais, e todas as salas foram fechados com vidro, aproveitando a luz vinda das fachadasMoema Wertheimer , uma vez que mesmo os espaços semiabertos, usados para reuniões informais, e todas as salas foram fechados com vidro, aproveitando a luz vinda das fachadas”, revela a arquiteta.
O projeto de iluminação otimiza o uso da iluminação geral ao especificar luminárias e lâmpadas, além de fazer a distribuição das luminárias e dos circuitos. Moema chama a atenção para o destaque dado por artifícios da luz direcionada sobre peças de design em alguns ambientes.
O uso de árvores frutíferas – jabuticabeiras – e de vasos no meio do open space, em áreas de reunião informal, proporciona uma pitada de ineditismo ao projeto de interiores. O green wall do Welcome Lounge torna os ambientes extremamente agradáveis. “Os jardins internos têm a função de acolher os colaboradores com conforto durante as reuniões informais e os momentos de descanso”, explica Moema.
Nesses espaços, tudo foi pensado milimetricamente. O mobiliário é apropriado para áreas externas, resistentes às intempéries. Já as árvores frutíferas garantem o sombreamento no verão e propiciam luz no inverno, quando as folhas caem. No paisagismo externo, projetado por Marcelo Faisal, palmeiras imperiais acompanham a modulação da fachada.
Escritório
Veja outros projetos relacionados
Termos mais buscados