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Cenpes

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Partido horizontal com mais de 124.300 m² de área construída, estrutura de aço 100% reciclável e tecnologia limpa. A ampliação do Centro de Pesquisa da Petrobras se destaca como símbolo da arquitetura ecossistêmica e sustentável no Brasil. Imagens: Acervo Zanettini Arquitetura
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Gigante de aço

Texto: Tais Mello

Uma obra completamente inovadora, que coordena arquitetura, estrutura, sistemas de ecoeficiência, paisagismo, recuperação da paisagem, comunicação visual, economia, planejamento e organização da obra. Assim é o projeto de ampliação do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, encabeçado pelo arquiteto Siegbert Zanettini e localizado na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. Estamos diante de um novo paradigma para a arquitetura brasileira, o da construção limpaSiegbert Zanettini “Estamos diante de um novo paradigma para a arquitetura brasileira, o da construção limpa. Desde a publicação do edital do concurso a Petrobras adotou uma postura pioneira ao incluir questões sobre ecoeficiência, sustentabilidade, utilização de condições ambientais naturais, incorporação de novas formas de energia e interação com os ecossistemas natural e construído”, acredita Zanettini. Partindo desse ponto, foi necessário integrar uma considerável área construída de mais de 124.300 m², que passou a articular-se ambiental e energeticamente com a união entre Centros de Energia, de Controle e de Tecnologia da Informação (CIPD – RIO). Trata-se do maior centro de pesquisas da América Latina, com 23 prédios de laboratórios de pesquisas e edificações de destaque, como o Centro de Convenções ou o Centro de Realidade Virtual (CRV), um local de criação de ambientes virtuais para desenvolvimento de estudos, projetos e pesquisas com simulação tridimensional.

Criatividade x pesquisa científica

Fisicamente, a estrutura passou a ser interligada por meio de uma galeria subterrânea de pedestres que dá acesso a atividades culturais, sociais, de produção científica e de apoio. Para complementar essa simbiose, planejou-se a circulação de veículos e ampliação do estacionamento de carros e ônibus, tanto para o site existente, o Cenpes, quanto para o novo. A inovadora forma de pensar o projeto usa a criatividade, mas é calcada em soluções com base científica. Urbanização, arquitetura, interiores, sistemas de conforto ambiental, eficiência energética, prediais de utilidades, construtivos e estruturais e recomposição dos ecossistemas naturais: tudo foi milimetricamente estudado, calculado e experimentado. Zanettini explica que o conceito construtivo adotado é o de obra aberta. “O espaço passa a ser visto em função da evolução das necessidades. Por isso as soluções ganham grande flexibilidade para ampliar e reformular o partido de acordo com novos usos, além do contínuo desenvolvimento de novas pesquisas”, revela.

Tecnologia limpa

Siegbert Zanettini elegeu o aço 100% reciclado como principal sistema estrutural em todos os edifícios. A escolha tira partido de vantagens propiciadas pelo material, como o uso de tecnologias limpas e a possibilidade de transformar o canteiro de obras em um espaço de montagem, com ligações aparafusadas, sem solda e maior facilidade de transporte e organização. “Os elementos estruturais passam a ser fabricados, tratados contra corrosão e recebem proteção passiva contra incêndio ainda na indústria”, explica o arquiteto. Esse conceito de montagem se estende aos demais componentes dos edifícios, como no caso dos painéis pré-fabricados de concreto para as fachadas, das esquadrias em alumínio, entre outros. “Ao racionalizar materiais e mão de obra, conseguimos estabelecer a reciclagem na obra e o menor impacto ambiental global das construções”, alega o arquiteto. “Isto porque o tempo de vida útil da armação de aço é superior se comparada a soluções alternativas”, analisa. A exceção fica para as fundações, vigas baldrames e estruturas moldadas “in loco”. Com conceito tradicional, os esqueletos de concreto foram executados imediatamente após a terraplenagem, preparando o canteiro para receber rapidamente as estruturas metálicas.

Conforto ambiental

Predominantemente horizontal, as edificações são intercaladas por espaços abertos – com áreas cobertas e descobertas –, enriquecidas ambientalmente pela inserção de vegetação e, consequentemente, de áreas sombreadas e ventiladas. A estratégia garante o conforto ambiental tanto nos ambientes internos quanto externos do conjunto. Para isso, sistemas envoltórios e membranas protetoras protegem os prédios do sol e da chuva e aproveitam a ventilação e iluminação naturais. No interior, a proposta é explorar ao máximo as condições externas favoráveis e, havendo necessidade do uso de ar-condicionado, os edifícios foram projetados para minimizar o consumo de energia. Para as vedações fez-se uso de painéis pré-moldados de concreto como fechamento externo e painéis duplos de drywall com manta sintética interna nas vedações interiores. Já as coberturas são protegidas por placas sanduíche de alumínio pré-pintado em cores claras, preenchidas com material de proteção térmica. Todas especificadas com base no desempenho térmico e na compatibilidade com o sistema estrutural.

Planta estrutural

O Centro de Convenções – com o Auditório do Cenpes, salas de reuniões, lanchonete e área de Ao racionalizar materiais e mão de obra, conseguimos estabelecer a reciclagem na obra e o menor impacto ambiental global das construçõesSiegbert Zanettini eventos – está localizado o mais próximo possível do Cenpes atual, na extremidade oposta da passagem subterrânea. É o portal de entrada ampliado para o público, com diversas atividades culturais e educativas, sem que elas interfiram na vida científica do novo centro. A localização foi definida em função da proximidade da vegetação do entorno. Os estacionamentos frontal e lateral ocupam os espaços vazios de vegetação, com cuidado ambiental e paisagístico, além de marcante sombreamento com espécies vegetais adequadas.

Dessa edificação parte a coluna vertebral de todas as atividades do Cenpes, o eixo Norte-Sul principal. Produção científica, laboratórios e escritórios no pavimento térreo; escritórios nos dois pavimentos superiores; salas de visualização do CRV, do CIC e da Biblioteca no primeiro pavimento, e bloco separado do CRV (Holospace e Cave), articulados por um eixo central de circulação de usuários interno e externo. Na extremidade norte ficam o restaurante central voltado para o mar e o orquidário, com posição privilegiada, ao lado do CIPD-RIO. Próximo, o espaço destinado ao Posto Eco-Tecnológico mantém independência funcional ao abrir-se para o exterior do terreno, pela Avenida Jequitibá. Todo o sistema de energia é comandado deste andar através de um Pipe-rack, uma prateleira fora do piso da torre, sobre a qual as tubulações de perfuração ou de revestimento são estocadas. Originário da Central de Utilidades, ele possui, ao longo de toda extensão dentro da projeção do Prédio Central, salas de painéis e equipamentos, além de casas de máquinas, baterias, no-break e centrais setoriais de ar-condicionado, definindo o Primeiro Pavimento como uma grande área técnica.

Escritório

  • Local: RJ, Brasil
  • Início do projeto: 2005
  • Conclusão da obra: 2011
  • Área do terreno: 189.604 m²
  • Área construída: 124.368 m²

Ficha Técnica

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