A Outsider é uma loja que vende móveis e objetos de decoração em Brasília (DF). Buscando ir além, a proprietária decidiu criar um espaço multiúso no qual funcionasse não apenas a parte comercial, como também uma galeria de arte, espaço de eventos e oficina gastronômica. Como ponto de partida, ela escolheu um grande galpão abandonado e convidou o escritório BLOCO Arquitetos Associados para conceber o projeto de reforma. Dentro de um orçamento enxuto, a proposta apresentada pela equipe procurou intervir superficialmente na edificação existente, adicionando uma nova camada de tijolos de concreto aparente.
Segundo o arquiteto Daniel Mangabeira, como a Outsider deveria ser multicomercial, multidisciplinar e multifuncional, era imprescindível encontrar um espaço amplo e aberto – o novo local conta com 400 m² de área. Além desse programa de necessidades havia ainda a limitação de custo atrelado à rápida necessidade de operação comercial. Essas premissas levaram a lojista a procurar um ambiente menos tradicional, no qual a intervenção arquitetônica refletisse essa multidisciplinaridade de usos.
Veio daí a ideia de procurar um imóvel no Setor de Oficinas Sul (SOF), uma área próxima aos limites do perímetro tombado – porém fora dele – e que ainda dispõe de imóveis antigos e subaproveitados, além de aluguéis mais baratos.
Já na fachada, o prédio exibe as principais mudanças. Coberto por uma nova camada de blocos de concreto sem acabamento, o edifício se destaca pela parede inclinada da entrada. Para criar esse efeito, o material foi utilizado como bloco de vedação e também como viga estrutural, às vezes preenchido de concreto. “Essa área direciona o novo acesso ao espaço, mantendo uma divisão clara entre o que existia e o que foi criado”, comenta o arquiteto. Ao lado, um portão de ferro antigo – deslocado para um trilho externo – aparece grafitado, com as cores contrastando diante do cinza predominante na edificação.
No interior da Outsider, o objetivo foi manter a totalidade da estrutura e a maior parte das paredes, intervindo minimamente no edifício original. Mangabeira explica que “a intenção era permitir uma mobilidade espacial que se adequasse às diferentes ocupações pretendidas”. Mesmo mantendo a disposição espacial do galpão, o escritório requalificou os ambientes, de modo a aproveitar o pé-direito duplo e o mezanino.
A principal alteração nesse sentido foi a instalação de uma escada, que permite o acesso ao andar intermediário, onde são expostas cadeiras e poltronas. Construído em concreto moldado in loco, com laterais de alvenaria e pintura em tinta epóxi branca, esse elemento é o estruturador central do interior e também dá suporte à frágil estrutura metálica do mezanino. “Futuramente, esse espaço será ocupado por um artista que tornará residencial o espaço comercial, vivendo entre os móveis e objetos que estão à venda”, acrescenta Mangabeira.
Abaixo da estrutura, uma estante acomoda objetos de decoração e funciona como apoio para as oficinas de gastronomia, com uma ampla bancada. No canto aposto ao mezanino, uma outra prateleira expõe móveis. Na descrição do arquiteto, ela foi executada com os andaimes utilizados na obra; pintados e reaproveitados.
Todos os espaços internos recebem piso de cimento queimado, refletindo a simplificidade no uso de materiais para permitir a multifuncionalidade do espaço de forma harmônica. Da mesma forma, o concreto mantido sem revestimento dispensou acabamento e, por isso, gerou uma obra mais econômica.
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