A GSC é uma galeria particular que abriga o amplo acervo de um colecionador, incluindo objetos, carros e arte. Projetada pelo time do SuperLimão Studio em parceria com a arquiteta Gabriela Coelho, a edificação acolhe, ainda, um home office familiar, um atelier-oficina, uma academia e até um canil.
O grande destaque do projeto está nos containers marítimos usados para abrigar todo o programa e garantir eficiência energética à construção. Assim como lajes adjacentes, os containers foram organizados em diversos níveis, e as janelas liberam a vista entre eles. O piso pode virar uma cobertura e vice-versa, criando uma experiência espacial parecida com as gravuras do artista gráfico holandês Maurits Cornelis Escher Arquitetos autoresTratam-se de estruturas metálicas de grandes dimensões que conferem uma linha arquitetônica industrial ao espaço de 1.800 m².
Os cômodos da GSC possuem forte conexão visual entre si; assim, se alguém estiver na garagem, consegue enxergar o escritório e assim por diante nos demais ambientes. Essa ligação é possível devido à disposição do projeto, dividido em três pavimentos principais: nível da rua, térreo e laje jardim. Esses espaços são interligados por jardins intermediários e panos de vidro ou de correr, que podem ser abertos e fechados quando desejado.
O térreo é formado por dez containers entrelaçados que constituem um eixo central de circulação. Cada volume recebeu um jardim na cobertura para reforçar a estrutura e para fazer a galeria parecer uma grande praça, minimizando o contexto urbano em que está inserida na cidade de São Paulo (SP).
“Assim como lajes adjacentes, os containers foram organizados em diversos níveis, e as janelas liberam a vista entre eles. O piso pode virar uma cobertura e vice-versa, criando uma experiência espacial parecida com as gravuras do artista gráfico holandês Maurits Cornelis Escher”, comparam os arquitetos.
O eixo central de circulação abriu espaço para um atelier-oficina. Foram encaixados alguns grids metálicos nas paredes internas dessa sala e, quando necessário, podem receber painéis de madeira ou chapas expandidas, para criar flexibilidade na exposição das coleções. Essas paredes são de chapa de aço corten e foram restauradas e deixadas à vista, assim como o piso original dos containers. Chapas de OSB revestem esse atelier e permitem melhor fixação das ferramentas e maquinários.
Quatro containers formam o home office familiar e entre esses blocos há uma área livre, que foi diretamente ligada à garagem – onde se encontra a vasta coleção de veículos. A garagem é um grande vão sustentado por apenas dois pilares, erguidos para otimizar a altura. No centro há um girador que auxilia nas manobras do dia a dia, permitido um acesso fácil aos automóveis e facilitando suas utilizações e manutenções. O destaque desse ambiente fica por conta de um elevador de carros que expõe um modelo por vez, de acordo com o desejo do proprietário.
O acesso para a garagem da GSC é fechado por um portão de correr com tela perfurada. Já o fundo é aberto e tem um talude completamente coberto por plantas, que auxiliam para iluminação e ventilação naturais.
Como os containers costumam ser quentes internamente, os arquitetos precisaram usar técnicas que trouxessem conforto térmico e adequassem a construção ao clima da região, sempre preocupados com o bem-estar dos frequentadores e com a manutenção dos objetos da coleção.
Todos os setores foram equipados com janelas de diferentes alturas para facilitar a ventilação cruzada e até mesmo para que, nos dias sem vento, seja possível a entrada de uma brisa leve. Essas aberturas também ajudaram para a iluminação natural, em conjunto com as claraboias.
As paredes externas dos containers foram pintadas com tinta cerâmica e, junto com o telhado verde, geraram uma grande inércia térmica para criar um clima confortável dentro dos ambientes. O projeto conta com ar-condicionado, porém, esses equipamentos só são ligados no alto verão, quando os termômetros sobem demais.
O piso das áreas externas é totalmente permeável e foi processado com material drenante monolítico, que não utiliza juntas de dilatação. A GSC também possui sistema de reaproveitamento de água de chuva, e o interessante é que a caixa d'água nada mais é do que um container tanque que foi colocado na posição vertical.
O projeto de paisagismo, assinado pela Teco Paisagismo, foi executado em diferentes biomas. Para os níveis inferiores foi escolhida uma vegetação mais densa e tropical. Já na cobertura, que tem grande incidência solar, há vegetação mais árida e adequada ao microclima.
Por fim, a luminotécnica, concebida pela LDArti, deu preferência às alternativas expográficas, pois valorizam as peças e ao mesmo tempo trazem flexibilidade aos ambientes.
Veja outros projetos com containers na Galeria da Arquitetura:
Julice Boulangère Pinheiros, por StudioARQBR Arquitetos Associados
Coffee Lab da Ipanema Coffees, por Sartori Design
Nimbi, por Melina Romano
Escritório
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