Quem passa pela discreta esquina entre as ruas Pedroso Alvarenga e Manuel Guedes, no bairro do Itaim Bibi, na zona sul da capital paulista, logo tem o olhar voltado para o número 937, onde fica o restaurante Bien!, que serve comida natural. O pequeno imóvel de dois pavimentos tem fachada dividida entre o revestimento de pele metálica perfurada e o pano de vidro transparente. As calçadas charmosas da esquina receberam um tratamento especial: em alto-relevo, o concreto estampado traz desenhos personalizados, em um claro gesto de expansão da obra.
O que encanta, desde a fachada, é o ar moderno mesclado à praticidade tão comum no estilo Priorizamos uma estética desconstruída, livre de materiais desnecessários, indo de encontro aos conceitos sustentáveis do restaurante. Por meio da arquitetura trabalhamos volumes e materiais que expressam frescor e saúde Filipe Troncon industrial. A arquitetura do prédio, inteiramente reformado pelo escritório Suite Arquitetos, foi planejada de dentro para fora. Com um cardápio de comida natural, sustentável e saudável, o lugar funciona apenas durante o dia, quando a luz adentra o espaço através do vidro sem cerimônia, realçando cores e destacando movimentos. “Temos uma obra feita para São Paulo, que reflete o perfil do restaurante, na qual o conjunto das premissas luz e cidade define um desenho inspirado no estilo industrial, mas com conforto e preocupação sustentável e contemporânea”, declaram os sócios-diretores Carolina Mauro, Daniela Frugiuele e Filipe Troncon.
Planejado para ser uma caixa de vidro transparente, o térreo abriga a área do salão de refeições e mostra-se totalmente integrado ao espaço externo. Os frequentadores acompanham todo o movimento na rua; e os pedestres veem, da calçada, a materialidade crua de mesas, cadeiras e revestimentos.
No pavimento acima, a caixa de metal formada por chapas perfuradas resguarda a cozinha, os vestiários, banheiros e o escritório. Os furos no material permitem a entrada de luz e ar sem revelar requadros tradicionais de portas e janelas. As duas caixas – de vidro e metal – apresentam superfícies contínuas, livres de interferências ou recortes, simplificando o olhar. No salão, a disposição das mesas também busca a expansão. Elas ocupam quase todo o perímetro, próximas às divisórias envidraçadas.
A presença da cidade está em todo o restaurante, e o conceito de urbanidade revela-se nas instalações elétricas e de ar-condicionado aparentes e na chapa ondulada que arremata o bar. “Priorizamos uma estética desconstruída, livre de materiais desnecessários, indo de encontro aos conceitos sustentáveis do restaurante. Por meio da arquitetura trabalhamos volumes e materiais que expressam frescor e saúde”, explica Filipe Troncon.
Para obter vãos maiores na construção, a estrutura recebeu o reforço de vigas metálicas. O pinus combina com a proposta natural e privilegia ingredientes funcionais Carolina Mauro O antigo forro foi eliminado – “por economia, e não por necessidade”, revela Daniela Frugiuele –, destacando as instalações aparentes. O clima industrial só é quebrado pelo calor da madeira pinus de reflorestamento, que envolve desde vigas e pilares até bancos, mesas e balcões.
Carolina Mauro conta que a opção pelo pinus deve-se à cor e à característica sustentável do material. “Ele combina com a proposta natural e privilegia ingredientes funcionais”, completa a arquiteta. Para arrematar a ambientação, foram inseridas duas cores: azul e amarelo. A primeira, sugerida pelo cliente, pontua cadeiras e almofadas dos bancos. A segunda, figura na estrutura tubular das mesas com pintura eletrostática desenhada pelo escritório.
No projeto de iluminação, luminárias articuladas em tonalidade amarela e lâmpadas de filamento aparente destacam-se. Já o paisagismo aéreo surpreende: os skyplanters – vasos pendurados no teto ao contrário, plantados com temperos – promovem um delicioso aroma no espaço.
Escritório
Veja outros projetos relacionados
Termos mais buscados