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Studio R

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A arquitetura do estúdio fotográfico idealizado pelo Studio MK27 troca o tradicional ambiente fechado e claustrofóbico por um espaço vivo e dinâmico, integrado à área externa. Imagens: Fernando Guerra
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Voltado para o entorno

Texto: Tais Mello

Desenhado para uma jovem fotógrafa, que desejava ter um novo ambiente de trabalho onde pudesse fazer tanto ensaios quanto pequenos eventos – palestras e exposições de arte –, o Studio R, localizado na capital paulista, surpreende pela flexibilidade e integração de seus espaços internos e externos. Em vez de ser um lugar fechado e claustrofóbico, o estúdio tem espírito dinâmico, alegre e vivo, onde as pessoas usam tanto os ambientes internos quanto os jardins.

Implantado de frente para uma pequena praça urbana, ele se abre inteiramente para o exterior. O espaço interno flui para os jardins laterais do edifício e para a área urbana, estabelecendo uma continuidade espacial entre a praça e o edifício. Gabriel Kogan, arquiteto e coautor do projeto, explica que, com simplicidade funcional e formal, o partido arquitetônico do Studio R buscou diluir as barreiras entre interior e exterior. “Criamos a total continuidade espacial entre os ambientes”.

Fachada integradora

Longe de ter uma frente estática, o Studio R oferece uma fachada integradora com a via urbana, uma vez que a entrada é feita pelo próprio jardim noroeste, que se conecta com a praça da frente, transformando a área de recepção em um prolongamento da rua. Nesse acesso principal, um portão de alumínio se embute inteiramente na empena de concreto e contribui para integrar o pátio frontal à praça.

Criamos a total continuidade espacial entre os ambientes Gabriel Kogan

Outros dois grandes portões basculantes metálicos – cada um com mais de 11 metros de largura – permitem fluidez entre os jardins e o vão do estúdio. Quando abertos, desaparecem com todas as barreiras visuais entre espaços internos e externos. Fechados, permitem que a iluminação dentro do estúdio fotográfico seja controlada artificialmente, dependendo do uso e da luz necessária à confortável realização do trabalho.

Tanto a organização espacial, quanto os materiais escolhidos dialogam com a tradição da arquitetura moderna, sobretudo brasileira. “O concreto aparente, moldado por uma fôrma de madeira feita artesanalmente, é uma marca da arquitetura brutalista de São Paulo do século 20”, expõe Gabriel Kogan. Já os muxarabis, usados em madeira natural e na cor vermelha, são herdados pelo modernismo brasileiro da antiga arquitetura colonial. “Reinventamos todos esses elementos para obter uma atmosfera contemporânea”, complementa.

Muxarabis na cor vermelha criam uma atmosfera contemporânea Foto: Fernando Guerra

Programa: estúdio evidenciado

O terreno de 338 m² impunha restrições de construção, sobretudo em função de rígidas leis urbanas. A partir dessas limitações e possibilidades construtivas, a volumetria da construção foi determinada. “Organizamos o programa com o grande vão exigido para o estúdio, juntamente com áreas de apoio para as atividades de ensaio, em todo o térreo edificável. No segundo andar, implantamos o escritório e, no terceiro, uma pequena sala de lazer”, descreve o arquiteto.

No térreo, o grande salão de 12,60 x 12 m integra-se tanto com o jardim noroeste, em estilo minimalista, quanto com o jardim sudeste, dotado de vegetação tropical exuberante. A ligação entre os extremos é feita por meio de portões basculantes. No pavimento há uma caixa revestida com fórmica-lousa que abriga banheiro, camarim e área técnica.

Gabriel revela a inexistência de qualquer interferência da estrutura nesse espaço. “Ela fica embutida nos muros laterais do edifício”. Atrás da caixa verde, a escada é realçada pela iluminação vinda de uma abertura zenital e conduz ao primeiro andar, onde encontram-se os escritórios e a biblioteca.

Primeiro andar: paisagem inspiradora

O primeiro andar – onde localiza-se o escritório principal – é notado principalmente pela existência de uma grande janela de 11,20 X 2,30 m, protegida por um painel fixo, de muxarabis de madeira, que filtra a luz natural. A abertura é voltada para a copa da árvore da frente, onde a pequena praça do entorno transforma-se em paisagem inspiradora, vista da mesa de trabalho da jovem fotógrafa.

A grande janela de 11,20 X 2,30 m, voltada para uma vista arborizada e inspiradora, é protegida por um painel fixo, de muxarabis de madeira, que filtra a luz natural Foto: Fernando Guerra

“Ao decidir por cada solução arquitetônica, buscamos criar um ambiente de trabalho acolhedor, por meio da permeabilidade entre o interior e exterior”, reflete Gabriel. Todo o espaço nesse pavimento é organizado por um volume com material metálico que divide salas e corredores. Dentro dele há uma cozinha, banheiros e uma escada que leva para o último andar.

Ao decidir por cada solução arquitetônica, buscamos criar um espaço de trabalho acolhedor, por meio da permeabilidade entre o interior e exterior Gabriel Kogan

Do lado de fora do volume, as salas de trabalho podem ser abertas ou fechadas, uma vez que painéis deslizantes se embutem na caixa central. Abri-los ou fechá-los depende apenas da privacidade desejada.

No último andar, a sala social posiciona-se em balanço sobre o jardim frontal. O espaço abre-se por meio de painéis-camarão de madeira pintados na cor vermelha. Os painéis expõem a sala para um deque, onde se enxerga novamente a copa das árvores. “É um ambiente agradável, ideal para reuniões em dias ensolarados”, recomenda Gabriel Kogan.

Materiais

No interior, os materiais utilizados evidenciam uma estética industrial, mais do que apropriada para o uso intenso de um estúdio fotográfico, no qual a transformação constante é um pré-requisito. O piso do grande vão é de resina branca. De forma inusitada e funcional, ele se transforma na parede, formando um fundo infinito. Nos demais andares, o piso de madeira aquece os ambientes. Na área externa, os portões metálicos juntam-se ao concreto armado aparente e aos painéis de madeira de diferentes cores.

Conforto térmico

Devido a diversas estratégias de sustentabilidade passiva, o edifício apresenta excelente conforto térmico. Ao abrir janelas e portas, a ventilação cruzada existente e os elementos de sombreamento – como os muxarabis – dispensam o uso de ar-condicionado, mesmo nos dias mais quentes. “O interior é permanentemente fresco”, garante Kogan.

 

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2008
  • Conclusão da obra: 2012
  • Área do terreno: 338 m²
  • Área construída: 373 m²

Ficha Técnica

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