Uma livraria diferente, que vai além do conceito arquitetônico. Um espaço que tem como premissa promover o encontro, convidando à permanência e à convivência. Assim é o projeto da Livraria Cultura, do Shopping Iguatemi. “Um lugar para você estar, não apenas para comprar livros. Nela é possível ficar lendo livros, pegá-los, sentar, conversar e, acima de tudo, é gostoso estar lá”, conceitua o arquiteto e autor do projeto Marcio Kogan, do Studio MK27.
O acesso acontece por uma porta de 7,7 m com caixilhos de alumínio e vidro inteiramente recolhidos, o que possibilita deixar a passagem livre. Esse pavimento apresenta dimensões intimistas e incursiona as pessoas a experimentarem os produtos audiovisuais, como CDs e blue-ray.
É quase um ponto de encontro com os livros ao fundo. As pessoas podem pegar um livro e ler um capítulo antes da compra ou simplesmente descansar olhando o movimento Marcio KoganO arquiteto Marcio Tanaka explica que essa é uma entrada um pouco menor, que conduz as pessoas através de um jogo de escadas rolantes para um mezanino também pequeno, onde fica o Espaço Geek, com brinquedos e histórias em quadrinhos e, em seguida, ao amplo vão da livraria. “É um grande salão, com poltronas e mesas, além de uma arquibancada de 21 metros de largura aberta para todo o vão repleto de papelaria, revistas e livros”.
A arquiteta e coautora do projeto, Diana Radomysler, lembra que havia várias dificuldades. “A estrutura do prédio já existia, então, ficamos muito 'engessados' quanto ao layout. A escada rolante, por exemplo, só poderia estar naquele lugar, não havia outra opção”. Outros desafios residiam no fato de a entrada ser feia e pequena. Somente após o acesso chegava-se a um espaço maior. “Isso nos levou a pensar que era fundamental levar a pessoa a ter o interesse em subir ao pavimento superior, onde estaria o grande salão”.
Além do programa e do layout, outra questão desafiou os arquitetos: “Era necessário encontrar uma solução que tornasse fácil a procura pelos livros, sem obrigar o leitor a se perder em um emaranhado de volumes, quase como um labirinto, a exemplo do que acontece na maioria das livrarias”, expõe Diana.
Para resolver essa questão, a configuração da planta buscou a fluidez e a continuidade espacial por meio de uma circulação aberta. O percurso arquitetônico se inicia em um espaço acolhedor até chegar a um lugar monumental, vivo, onde ficam a maioria dos produtos e onde os visitantes podem interagir mutuamente.
Nesse grande espaço os livros envolvem o lugar. Eles ficam apoiados em onze grandes mesas dispostas ortogonalmente no salão e em estantes brancas posicionadas nas periferias. As prateleiras oferecem iluminação de LED embutida e sua importância está em delimitar o espaço, como se fosse um cubo revestido internamente por livros. Marcio Kogan reflete: “É quase um ponto de encontro com os livros ao fundo. As pessoas podem pegar um volume e ler um capítulo antes da compra ou simplesmente descansar olhando o movimento”.
Surpreendentemente, um dos lados é formado por uma grande arquibancada capaz de acomodar umas 200 pessoas. “Você senta, deita, as crianças brincam. É possível aproveitá-la de todas as formas”, conta Diana. No centro do espaço, confortáveis poltronas são mais uma opção para abrigar os leitores.
“Os espaços convidativos e agradáveis acabam propiciando a sociabilização entre pessoas. Trata-se de um lugar para você ir, olhar todos em volta, folhear livros, ficar sentado em uma poltrona ou na arquibancada. São as livrarias no século 21, onde o programa é a própria vivência da loja”, definem Marcio Kogan e Diana Radomysler.
Era fundamental levar a pessoa a ter o interesse em subir ao pavimento superior, onde estaria o grande salão Diana RadomyslerNo interior, arquitetura e decoração de interiores tiram partido de materiais simples. “São apenas prateleiras retas, de fórmica branca, e o chão de taco de madeira. Ela é muito arquitetônica, mais do que uma solução de decoração ou de projeto de interiores. Ela é o projeto de interiores em si”, resume Kogan.
Piso e forro, assim como as mesas de display, são de madeira. Já os demais planos usam laminados brancos e distinguem as paredes laterais do resto. Os guarda-corpos de vidro amenizam a interferência visual desses elementos no espaço desaparecendo no conjunto. No centro do salão superior, o projeto de iluminação revela linhas de luminárias complementadas por pendentes. Marcio Tanaka explica que o fato de explorar esse material e a iluminação periférica nas estantes torna o lugar mais aconchegante.
Toda a cor está nas poltronas e nos livros, que são coloridos. O Espaço Geek – uma loja especializada no universo geek e nerd – combina tons de cinza-chumbo e verde-limão. “Por uma questão de marketing da marca Geek.Etc.Br, fundada em abril de 2012, optamos pela tonalidade cinza, para diferenciar dos outros ambientes que levam os tons da Livraria Cultura”, conta Mariana Ruzante.
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