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Casa Redux

Casa Redux
Cercada pela natureza e com duas lajes idênticas, que parecem flutuar no terreno em declive, a Casa Redux estabelece uma conexão ímpar com a natureza. Imagens: Fernando Guerra
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Suspensa no ar

Texto: Gabrielle Victoriano

Em Itatiba, interior de São Paulo, no condomínio Quinta da Baroneza, a Casa Redux instala-se em um terreno aberto, em declive, e com uma vista privilegiada. O partido toma a cota mais alta do terreno, respeitando as curvas de nível, volta-se para o poente e faz limite com uma grande área de preservação ambiental de mata nativa. O arquiteto Marcio Kogan, do studio mk27, conta que desde o início a ideia era estabelecer essa grande conexão entre o interno e o externo, mas com o menor impacto do projeto no entorno. “Paisagem e interior da residência deveriam ser um só”.

Paisagem e interior da residência deveriam ser um só Marcio Kogan

Para isso, a equipe de profissionais do escritório tirou partido de materiais translúcidos, como o vidro, sem perder a simplicidade no conceito. “Era fundamental usar a transparência o tempo todo para valorizar a beleza do lugar, que tem um lindo jardim”, declara a arquiteta Samanta Cafardo. A beleza do entorno parece contagiar o projeto, dotado de proporções equilibradas. “A casa tem materiais muito simples, com o predomínio de concreto e madeira”, opina a arquiteta Diana Radomysler.

Projeto reduzido

A história da Casa Redux começou antes de 2007, quando o studio mk27 apresentou uma proposta para a moradia neste terreno, e os donos adoraram. Porém, a crise econômica de 2008 interrompeu o processo e, apenas um ano depois, os moradores retomaram o projeto com um programa mais simplificado. “A Casa Redux é uma casa reduzida da versão anterior, por isso, o nome”, explica a arquiteta Samanta Cafardo.

A construção é formada por duas lajes. Uma de cobertura e outra de piso, que é solta do chão, elevada 50 centímetros do solo, dando a impressão de que a residência flutua. O fato de ser apoiada em vigas recuadas, intensifica a forma delicada na qual o projeto mostra-se implantado no terreno. Nessa laje foram encaixadas quatro caixas programáticas – cada uma responsável por abrigar o programa separado em partes. “Uma é mais baixa, outra, mais alta; uma é menor, outra, maior; uma tem um tipo de material, enquanto a outra, outro tipo; uma toca o teto; a outra, não. A disposição das caixas quase cria uma vilinha entre duas lajes, o que levou a um resultado interessante”, explica Marcio Kogan.

Dividida em quatro blocos programáticos, a caixa dos dormitórios é totalmente resguardada por brises de madeira, que deixam o interior à mostra por uma pequena transparência Foto: Fernando Guerra

“Com a justaposição das caixas, criamos espaços intersticiais que configuram a varanda, a circulação e a sala, dotada de um grande espaço. As caixas – de alturas variadas – têm revestimento de madeira”, conta Samanta. Lajes de cobertura e piso com o mesmo tamanho sobrepõem-se aos volumes programáticos, com planta e altura justapostas, mas estes, pelas diferentes alturas, ora tocam a cobertura, ora têm seu pé-direito reduzido. Os vazios entre os volumes e a laje criam um ritmo interno próprio e, ao mesmo tempo, possibilitam melhor iluminação natural no interior da construção.

Com a justaposição das caixas, criamos espaços intersticiais que configuram a varanda, a circulação e a sala, dotada de um grande espaço Samanta Cafardo

Simples e interessante, a estrutura tem laje de cobertura de concreto protendido nos dois sentidos e é sem vigas, o que dá o efeito de laje plana. Os pilares apresentam sempre a mesma modulação, ora externos, ora dentro das paredes. Na parte externa da residência, um grande volume de concreto – com piscina e deck – se projeta ao longo do declive do terreno e termina flutuando através de um pequeno, porém marcante, balanço.

Programa independente

O primeiro bloco contém a área íntima com quatro dormitórios e sauna; o segundo acomoda apenas a suíte principal e, o terceiro, abriga toda a área de serviço: cozinha, lavanderia, sala, banheiro e quartos dos empregados. Por fim, no último bloco, está a garagem e a área técnica. A sala de estar, envolta por uma pele de vidro com folhas de correr, cria um franco diálogo entre o interior e o exterior – a mata nativa e o poente.

Materiais comuns

Minimalista, a Casa Redux tem, entre os materiais, o concreto, tanto na laje de piso quanto na de cobertura. Em cima, o concreto é aparente e ripado; embaixo, ele ganhou acabamento em ladrilho hidráulico. Os dois principais volumes são totalmente revestidos por painéis ripados verticais de madeira que se abrem quase totalmente. De dia, eles filtram a luz no interior da casa, criando uma sombra. À noite, transformam as caixas em grandes lanternas que iluminam o terreno.

“Todos os quartos têm brise de madeira e cortina para manter o conforto e a privacidade. A sala, não, porque ela dispensa a privacidade, além de estar localizada na parte mais reservada do terreno”, explica Diana. “Ao mesmo tempo, os brises proporcionam uma sutil transparência e certa sensualidade ao conjunto, porque através deles você não vê totalmente; apenas enxerga sombras, um pouco da natureza, você vê o sol entrando de manhã”.

Os brises proporcionam uma sutil transparência e certa sensualidade ao conjunto, porque através deles você não vê totalmente; apenas enxerga sombras, um pouco da natureza, você vê o sol entrando de manhã Diana Radomysler

O vidro é o grande responsável pela integração entre interior e exterior. Diana chama a atenção para o grande living-terraço. “Nele é possível se sentir praticamente dentro do jardim. Quando você abre as portas corrediças envidraçadas, você tem um terraço aberto com ventilação cruzada abundante”.

Conforto térmico

Na união entre as caixas programáticas, os arquitetos criaram elementos de vidro com um sistema de caixilhos basculantes que se abrem para gerar uma circulação cruzada. Segundo Samanta Cafardo, o fato de a casa ter um pé-direito alto e sem forro – fundamental para conseguir o efeito das caixas que não encostam no teto – também confere temperatura agradável aos espaços.

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2009
  • Conclusão da obra: 2013
  • Área do terreno: 6.633 m²
  • Área construída: 679 m²

Ficha Técnica

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