O time de arquitetos do studio mk27 foi convidado por um incorporador de Miami para projetar uma residência no estilo spec house – construção destinada à venda. A Canal House recebeu esse nome devido a sua localização: a fachada frontal está orientada à avenida Collins e a fachada posterior, ao canal Indian Creek.
A passarela curvilínea é o grande destaque do projeto, já que marca a passagem da área externa para a interna. Além disso, o espelho d’água emoldura o belíssimo cenário do jardim.
Você vai entrando no terreno, você já está subindo a rampa, passa no meio dos coqueiros e já começa a olhar o mar Marcio Kogan“O primeiro desafio foi ocupar todo o terreno. Pensamos que, para aproveitar o lote na potencialidade máxima, teríamos que criar elementos atrativos do início ao fim do projeto”, explica o arquiteto Lair Reis.
Após estudar algumas hipóteses, os arquitetos decidiram inserir uma passarela que realizasse a conexão direta entre os blocos. Do alto é possível contemplar o jardim que está no centro do projeto. O elemento espacial instiga a pessoa a descobrir o que existe do outro lado.
“Você vai entrando no terreno, já começa a subir a rampa, passa no meio dos coqueiros e já começa a olhar o mar”, explica o arquiteto Marcio kogan.
Os arquitetos tinham como premissa uma arquitetura integrada com a natureza. A minifloresta neutraliza os prédios e casas do entorno da residência e, ao mesmo tempo, faz o percurso junto à rampa. O projeto de paisagismo é de autoria do paisagista americano Raymond Jungles.
Três blocos organizam os ambientes da Canal House. O primeiro bloco, que fica na entrada, é chamado pelos arquitetos de edifício auxiliar. Futuramente, pode ser uma quadra de basquete, um estúdio fotográfico ou ateliê. Nele está o spa, uma sala de massagem e a área técnica. Além disso, cumpre uma função interessante: bloqueia os ruídos que vêm da avenida e impede a passagem de elementos indesejáveis no jardim.
No segundo e mais comprido bloco está o hall, cinco suítes – todas têm vista para o jardim –, sala de tv, área de serviços, área do elevador, lavabo, suíte máster com vista para o canal, terraço, garagem, piscina e o jardim externo com espelho d’água.
E o terceiro bloco, o transversal, abriga a área social. A sala de estar é integrada à sala de jantar e à cozinha. O terraço coberto pega toda a extensão do bloco e dá vista ao canal, à piscina e à avenida. Ainda no andar, uma escada externa leva para o deck da cobertura, que proporciona uma vista geral para o horizonte.
Ao atravessar a passarela, notam-se dois blocos totalmente distintos. De um lado está uma caixa de concreto, que deveria ter uma textura diferenciada e ser abraçado pela vegetação.
Já do outro lado, a caixa envelopada por ripados de madeira, quando fechada, é um revestimento opaco e, quando aberta, transforma-se em painéis tipo camarão. Tanto por fora quanto por dentro é revestida com ripas de madeira, das paredes ao teto, o que dá a sensação de amplitude.
A fachada que é voltada ao jardim recebeu cobogó, que deu um efeito muito interessante de luz e sombra para o interior dos ambientes. “Queríamos brincar com a luz intensa de Miami, a gente fala que a luz na Canal House é um material da arquitetura”, diz Lair. A intensidade da luz natural é equilibrada pelo uso da madeira, um material mais escuro.
“Tem uma peculiaridade que é projetar para uma cidade que tem incidência de furacão, que tem uma preocupação muito grande com o nível do mar. Então, você tem uma cota mínima de implantação que você tem que respeitar”, conta Reis.
Os arquitetos explicam que todos os materiais que usaram no projeto tiveram que ser testados e aprovados para a região.
A residência dispõe de ventilação cruzada em todos os ambientes. Um estudo foi realizado pelos arquitetos para saber em quais locais realizariam aberturas para a entrada de ventilação natural.
“A casa tem formas simples, mas sempre com textura e elementos naturais, tentando usar até os elementos que são mais etéreos, a água, o vento e a luz do sol”, finaliza Reis.
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