Protegida da rua por um muro de pedra, a transição do interior para o exterior na AH House acontece de forma natural. O projeto segue um programa clássico, onde toda a morada tem uma distribuição geral, ou seja, segue a linha tradicional. “Em termos programáticos, minhas casas são convencionais, pois refletem a leitura desses espaços tridimensionalmente e a sua distribuição. É neste ponto que o projeto começa a apresentar diferenças”, explica o arquiteto Guilherme Torres, autor do projeto.
Toda a residência foi projetada visando total integração dos jardins com as áreas de convivência, relata o arquiteto. “Em vez de considerar o limite de construção, o elemento predial, levei em conta o recuo como alinhamento, para poder fazer um jardim fora da casa, criando um respiro. Acredito que não basta apenas construir, mas devolver algo para a cidade”.
“O terreno é soberano, é nele que você enxerga como a construção ficará. Tive a felicidade de encontrar o lugar certo. Para conseguir aplicar alguns conceitos, é necessário um casamento entre o arquiteto e o terreno, por isso, para mim ele é meu verdadeiro cliente. Sempre que olho o terreno, ele me dá a solução”, comenta Guilherme. Todos os ambientes da área social transformam-se em uma varanda emoldurados gentilmente pela arquitetura.
A fachada foi trabalhada com muitos volumes de fora para dentro, sem respeitar limites. “Meu processo de construção sempre é muito puro. Gosto de sobrepor volumes entre dois volumes totalmente puros e montados. Utilizo os princípios básicos da escola modernista, então, por exemplo, no pavimento térreo, aproveitei a altura dos muros para criar a área de vidro, que ao ser aberta cria sua própria paisagem”, relata Torres.
Um dos grandes diferenciais da obra é a subversão das formas. Para o arquiteto, o elemento surpresa é muito importante, pois a casa vai se revelando aos poucos. “Quando você olha a fachada e identifica o que seria a porta de entrada, na verdade não é uma porta, é um portão. Esse limite de dentro e fora, é algo que procuro quebrar em todos os projetos”.
“Não há como pensar em uma morada contemporânea sem levar em conta a iluminação e ventilação”. O arquiteto trabalha com grandes planos de vidro e isso gera um filtro natural, com a vantagem de não ser necessário preocupar-se em abrir ou fechar uma cortina. Ela estará sempre estática, oferecendo proteção.
“Hoje todos os meus projetos são solares, priorizo ao máximo o uso da luz natural. A ideia é dispensar a luz artificial durante o período diurno, porque o nosso país é ensolarado”.
Guilherme Torres utilizou em sua linguagem construtiva três tipos de materiais. “É muito legal criar um projeto explorando só a luz, só o jardim e só as texturas de materiais. Nisso reside à verdadeira beleza da arquitetura.”
A estrutura da casa é executada em concreto protendido, uma técnica construtiva que dá vazão para os acabamentos apareceram. “Utilizei materiais que permitem a continuidade visual. As esquadrias são de alumínio de aço escovado, que oferecem uma ótima limpeza. Usei alvenaria branca e, nos muros de fechamento, pedra madeira. A estrutura mescla brises e algumas paredes de concreto”, comenta o arquiteto.
“Uma das poucas coisas que os proprietários me pediram pontualmente foi uma porta amarela, por isso, decidi partir desse ponto, valorizando o amarelo, uma cor extremamente positiva, que inspira alegria, prosperidade e uma cor do Brasil também”, relata Torres.
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