A permeabilidade contígua entre interior e exterior e a fusão privilegiada com a paradisíaca praia da Baleia, na cidade de São Sebastião, São Paulo, não restringem a privacidade desejada em cada unidade. O terreno desalinhado orienta a implantação das casas, suavemente separadas pelos jardins verticais nos muros cegos.
"O desafio estava em trabalhar essa coexistência a partir da distribuição de pátios deslocados, seguindo a linha mestra do terreno. Cada um fica adjacente ao muro lateral da casa ao lado. A presença do vizinho é amenizada por outra paisagem, a dos muros vegetais. Considere, também, que o lote é relativamente estreito para conter quadro residências de maneira privada", explica Raphael França, arquiteto.
O condomínio insere-se entre uma grande reserva de mata atlântica, na Serra do Mar, e a praia. O projeto tira partido do extraordinário clima, com percurso contínuo que permite a descoberta constante da paisagem e da arquitetura. Um programa que se desenvolve por meio de espaços diagonais, sugerindo permanentemente novas perspectivas.
"Há uma separação nítida entre os andares. O térreo congrega as áreas sociais, partindo de espaços mais reservados na entrada, como a cozinha e a sala de jantar. Gradualmente, ao aproximar-se do mar, surgem as áreas de uso coletivo, como a sala de estar, o terraço e a piscina. No primeiro andar ficam os quartos, com a suíte máster separada do resto e voltada para a paisagem. Finalmente, o segundo pavimento compreende o home theater e amplo terraço. Pensamos em todas as fachadas, assim, a presença do volume menor, contendo a sala de estar e a suíte máster, tem laje plantada, suavizando sua presença".
Essa configuração se destaca, ainda, pelo abundante uso da ventilação cruzada. Grandes portas e janelas de vidro potencializam esse benefício. A residência funciona com uma brisa permanente, além da farta entrada de luz natural – seja pelo pé-direito generoso ou pela iluminação zenital das fendas.
Os materiais predominantes abrangem tijolo, que compõe as fachadas, pedra, utilizada no térreo e nas áreas sociais, e madeira, nos andares superiores e espaços privados. São elementos rústicos que se confundem com a natureza adjacente.
“A junção de todos esses recursos contribui para um projeto de referência e comprova que é possível ter grande qualidade arquitetônica em um programa de casa de praia, com materiais simples e casuais que contribuem para a sensação de bem-estar nos espaços”, esclarece o arquiteto.
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