Com o desafio de criar uma loja que inovasse a maneira como os clientes abordariam o mundo do vinho, a distribuidora Mistral procurou o Studio Arthur Casas. “Precisávamos projetar um espaço que contasse a história do vinho de maneira lúdica, atraindo novos clientes e permitindo aos iniciantes aprofundar seus conhecimentos”, conta o arquiteto Raphael França.
A loja conta com 100 m² e abriga uma multiplicidade de funções: ambiente para vendas, adega, estoque, galeria interativa, área de leitura e degustação. Para integrar os espaços e evocar as percepções sensoriais ligadas ao vinho, os arquitetos optaram por linhas curva no design.
A proposta era dar forma a um lugar que convidasse a desvendar o conteúdo de cada garrafa, representada por um território, uma tradição. “O design curvo cria um percurso de descobertas onde cada espaço se revela aos poucos. Garrafas suspensas flutuam, acompanhando a forma orgânica com um fundo abstrato de luz e um ripado de madeira acima, que traz calor e sobriedade para a loja. Uma faixa espelhada esconde telas que, quando acionadas pelo toque de garrafas brancas, revelam informações sobre os vinhos de cada seção”, comenta o arquiteto.
As paredes da loja foram utilizadas para expor e, ao mesmo tempo, enaltecer o vinho. Toda a parte técnica fica escondida entre as paredes. Uma adega de pé-direito duplo, com sistema de climatização próprio, é separada por uma porta de vidro, que guarda os rótulos mais valiosos.
Na galeria interativa, uma mesa convida o visitante a descobrir mais informações sobre a bebida. Sensores instalados em algumas garrafas selecionadas acionam e expõem o conteúdo eletrônico do rótulo, assim que ele é posto sobre a mesa. A garrafa de vinho torna-se um mouse e, girando-a, é possível acessar várias informações como entrevistas com produtores, notação da safra, etc.
“No fundo da loja criamos um espaço de leitura com guarda livros especializados, que passam por entre as ripas e se prolongam até o chão. Toda lateral funciona como estoque. As garrafas suspensas geram uma textura rica, tomando o pé-direito duplo do espaço de leitura e prolongando-se para o mezanino. No mesmo local, o espaço de degustação com duas mesas se encaixam, em plena adaptação ao número de convidados”, explica Raphael França.
A cada espaço, a garrafa é apresentada de maneira distinta. Mesmo onipresente, ela nunca se torna um objeto monótono, mas sim uma textura que se transforma de acordo com os ambientes. “Uma garrafa pode possuir conteúdos extremamente diversos e sugerir a multiplicidade na descoberta do mundo do vinho. E tudo isso foi traduzido para a arquitetura”, complementa Raphael.
“Acreditamos que esse projeto seja inovador porque arquitetura, produto, informação e interatividade formam uma só entidade”, finaliza.
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