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Edifício Odebrecht São Paulo

Edifício Odebrecht São Paulo
A fachada sustentável mescla diferentes soluções e materiais: paredes verdes, concreto pré-moldado, revestimento branco e vidros. Uma forma elegante e eficiente de resolver a volumetria inicialmente agressiva, tornando-a amigável ao entorno. Imagens: Daniel Ducci
Edifício Odebrecht São Paulo
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Volumes sobrepostos

Texto: Tais Mello

Gosto desse projeto pelo resultado frente aos problemas volumétricos que o partido impunha. As relações de contraposição entre o elemento vertical e o elemento marcadamente horizontal, a solução alcançada através dessa fita branca que envolve os espaços verdes, transformando-os em paredes. É bastante interessante e resulta em uma elegância e sobriedade do prédio que me agradam muito Luis Felipe Aflalo Herman

“Gosto desse projeto pelo resultado frente aos problemas volumétricos que o partido impunha. As relações de contraposição entre o elemento vertical e o elemento marcadamente horizontal, a solução alcançada através dessa fita branca que envolve os espaços verdes, transformando-os em paredes. Tudo isso é bastante interessante e resulta em uma elegância e sobriedade do prédio que me agradam muito”, declara o arquiteto Luis Felipe Aflalo Herman, um dos sócios fundadores do escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos, responsável pela obra da sede da Odebrecht, em São Paulo.

A exemplo da cultura da própria empresa, o edifício foi erguido de forma sinérgica, com a missão de promover o contato entre as pessoas. Era importante haver um espaço de convergência, onde todos se conhecessem e se sentissem motivados a interagir. Exemplo disso é a praça, que é um jardim elevado sobre o restaurante. Para acessá-la, não basta pegar o elevador, uma vez que ele não para no pavimento, com exceção daquele voltado ao deficiente. “Nossa preocupação era fazer as pessoas saírem do prédio, mesmo que de forma quase compulsória. Assim, eu estou trabalhando, paro para almoçar, saio do edifício e entro no restaurante”, exemplifica Herman.

No agradável espaço da praça, as pessoas sentam, tomam sol, conversam e fazem amizade. Cumpre-se, então, a premissa de sinergia, de encontro, de relacionamento entre todos que ocupam a edificação.

Concreto pré-moldado e logística

Diferentemente de outras construções, na Odebrecht houve um processo construtivo partido, em etapas. Como o terreno não foi totalmente liberado desde o início – a área onde ficava a Galeria Leme foi comprada pela empresa e desocupada bem depois do início da obra – precisou haver uma logística especial na execução do projeto. A construção da torre começou primeiro, e o volume horizontal – o embasamento do edifício –, desenvolveu-se depois, com pré-moldados.

“A escolha dessa técnica foi fundamental para o cronograma porque viabilizou erguer a base com muita velocidade, logo após a transferência da Galeria Leme para outro local. Para subi-la, utilizou-se a inovadora técnica de concreto pré-moldado. O embasamento chegou pronto e foi apenas montado. Essa foi uma particularidade desafiadora no projeto”.

Design e proporções amigáveis

Com 16 andares de escritório – dois deles dedicados ao restaurante e à praça –, a torre quadrada com planta de 1.600 metros abriga 2.500 pessoas. Do ponto de vista volumétrico, desde o início, o edifício representou um problema. “Havia também a questão do embasamento. Foi-nos solicitado uma obra rápida, por causa da necessidade de ocupação do prédio. A Odebrecht não queria subsolo, o que nos levou a planejar os quatro andares de garagem para cima, preservando apenas um subsolo”, conta Herman.

O embasamento chegou pronto e foi apenas montado. Essa foi uma particularidade desafiadora no projeto Luis Felipe Aflalo Herman

O volume agressivo perante a rua e a vizinhança pedia uma solução arquitetônica suave. O desafio era corrigir as proporções do prédio sobreposto ao embasamento, que ocupava 70% do terreno. A solução foi deslocar a torre para uma das pontas da base, fazendo o edifício chegar até o chão. A proporção quadrada resolveu-se a partir da divisão desse volume em um terço. “Procuramos fragmentá-lo, usando materiais brancos, muito jardim e paredes ajardinadas. Mais vertical, a construção tornou-se amigável”, conta o arquiteto.

Salas de diretoria e de reunião

A circulação do prédio é baseada em dois zoneamentos – zona alta e baixa de elevadores – em função da eficiência e do conforto. No meio do edifício há o andar de baldeação, onde essas duas zonas se encontram. Diferente do que acontece em outras empresas, a diretoria da Odebrecht escolheu não ocupar o topo do prédio, onde está a melhor vista. A direção – salas de reunião do conselho e da diretoria – instalou-se no local de convergência de toda a população concentrada no empreendimento: os dois andares intermediários da área de transição.

“Por isso a ideia de criar um recuo de vidro identificado desde a fachada, no meio da torre. Com um pé-direito elevado e árvores no ambiente, o espaço cria um contraponto entre o elemento branco, que dá a volta, criando uma moldura. Da mesma forma, o recorte relaciona-se e conecta-se com o mesmo elemento presente no embasamento”, explica.

Jardim vertical automatizado

Para definir o projeto do jardim vertical, o escritório Aflalo & Gasperini iniciou a pesquisa por soluções no Chile, mas optou por uma empresa francesa. Aflalo Herman explica que o sistema escolhido é totalmente revolucionário. “É uma parede com plantas fixadas na horizontal, sem terra. Há apenas um saco com substrato e, por dentro dessa parede, passa uma tubulação que alimenta individualmente cada célula não somente com água, mas com os nutrientes necessários ao desenvolvimento da planta. Por isso, a presença da terra é dispensável.”

Os espaços verdes têm o objetivo de atender a premissa de sinergia, de encontro, de relacionamento das pessoas que ocupam o prédio Foto: Divulgação

O sistema monitora a irrigação, a quantidade de água, a umidade e tudo mais. Até mesmo a vitalidade da planta é controlada por um programa de computador à distância, na França. “Esta era uma insegurança nossa. Desconhecíamos como a vegetação da fachada exposta à poluição existente na Marginal Pinheiros iria se comportar. Foi um sucesso. Cada vez que passo em frente, penso: 'Que fantástico isso, essa diversidade de plantas. É muito bonito’”, comemora Aflalo.

Procuramos fragmentá-lo, usando materiais brancos, muito jardim e paredes ajardinadas. Mais vertical, a construção tornou-se amigável Luis Felipe Aflalo Herman

Materiais performáticos

Foram utilizados nas fachadas do edifício basicamente um vidro de alta performance e isolamento, o pré-moldado de concreto com agregado exposto e o revestimento branco no embasamento, o Crystalato. A preocupação de ter um material claro na base contrastando com toda a vegetação do entorno do edifício levou à escolha. “Ele tinha de oferecer fácil manutenção, porque estamos na Marginal Pinheiros, há muita poluição, o que para um material branco é terrível”, pontua Herman.

A escolha do pré-moldado minimizou o orçamento da fachada. Aflalo Herman conta como aconteceu a escolha dos materiais: “Para a Odebrecht, era extremamente importante que a edificação transparecesse ser uma empresa de engenharia, expondo o concreto pré-moldado e toda a tecnologia agregada”.

Conforto e eficiência térmica

Desprovida de iluminação natural, a sede da Odebrecht, em São Paulo, concentra na eficiência do vidro, utilizado nas fachadas, funções como a retenção da irradiação solar e o controle do calor. “Não há ventilação natural dentro do ambiente, ela é toda artificial. A vantagem de usar o vidro é poder controlar a entrada de luz, percebida no momento em que as luminárias próximas à janela são desligadas automaticamente, à medida que as células medem isso”, explica Aflalo Herman.

Relações de contraposição entre o elemento vertical e o elemento marcadamente horizontal e a solução alcançada através dessa fita branca que envolve os espaços verdes tornam o prédio elegante e sóbrio Foto: Divulgação

Tudo no empreendimento é feito dentro da automação predial, que desliga o que é desnecessário em função dessa inteligência. Outro fator responsável pela eficiência energética é a iluminação por LED. Inovador, o sistema representa uma grande economia de energia porque é uma lâmpada muito mais eficiente.

Esta era uma insegurança nossa. Desconhecíamos como a vegetação da fachada exposta à poluição existente na Marginal Pinheiros iria se comportar. Foi um sucesso. Cada vez que passo em frente, penso: 'Que fantástico isso, essa diversidade de plantas. É muito bonito' Luis Felipe Aflalo Herman

Sustentabilidade

Longe de ser apenas uma construção com linhas visualmente estruturadas e harmoniosas, a empresa nasceu sustentável. O prédio tem certificação Green Building, conta com vidros de alta eficiência energética, reúso de água, energia para uso próprio gerada internamente e ar condicionado VRV – Volume de Refrigerante Variável –, distribuído nos andares de forma autônoma, o que permite otimizar o uso de acordo com a demanda do dia/ noite, economizando energia.

Entorno transformado

Os bastidores da construção da Sede da Odebrecht, em São Paulo, começam com a compra do terreno. Inicialmente, a diretoria queria se estabelecer na Avenida Brigadeiro Faria Lima, considerada hoje o centro financeiro da capital paulista. Mas ao encontrar um terreno na Avenida das Nações Unidas, na Marginal Pinheiros, zona Oeste, a ideia foi revertida. “Era um terreno bem localizado, com acesso para todos os lugares. O fato de o local estar deteriorado e inseguro despertou a vontade de a empresa investir e transformar a região, mudar o entorno e oferecer melhores condições de vida à comunidade. Isso para nós foi extremamente motivador, e entendemos como a cultura da empresa”, conta Herman.

A preocupação de intervir no entorno, além do terreno, materializou-se com a adoção e cuidado dispensado ao espaço externo. Primeiro, a praça debaixo do viaduto, que foi totalmente refeita e ganhou um projeto novo de paisagismo, com equipamento de estar e de vivência; depois, a marginal, por meio da recuperação de toda a frente dos canteiros.

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2008
  • Conclusão da obra: 2012
  • Área do terreno: 7387 m²
  • Área construída: 57746 m²

Ficha Técnica

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