A Casa Pasqua, construída em 2016 pelo studio mk27, é uma residência unifamiliar de campo, localizada na Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz (SP). Com uma imensa árvore de flamboyant que ajudou a direcionar o projeto arquitetônico no terreno, a morada conta também com uma parede de cobogó de elementos vazados, feita de concreto, que traz luzes e formas interessantes para seu interior. “Essa parede acabou estabelecendo uma relação interessante com a árvore, uma inserção que ficou harmoniosa”, comenta o arquiteto Marcio Kogan.
Segundo a arquiteta Carolina Castroviejo, o painel de cobogó foi criado em parceria com a Construtora Gaia com o objetivo de levar privacidade e beleza para a Casa Pasqua, mas sem privar os moradores das paisagens da região.
O programa era simples e convencional. A residência tinha laje elevada, mas depois o escritório decidiu encostá-la nos volumes internos e deixar o terreno plano na parte da frente. O projeto inicial previa uma grande área, que posteriormente foi reduzida por questões orçamentárias, atingindo um tamanho considerado ideal pelos clientes. Além disso, os arquitetos acrescentaram uma garagem no semissolo, na parte dos fundos do terreno, aproveitando o declive.
“É uma casa muito interessante, ela tira partido do terreno com sua implantação de volumes cruzados”, relata Castroviejo.
Ao escolher o concreto para construir o painel de cobogó, os arquitetos levaram alguns fatores em consideração. “Optamos pelo pré-moldado de concreto, que trouxe velocidade à obra, além de ser um elemento muito resistente e de fácil manutenção”, explica o calculista estrutural Luiz Roberto de Oliveira Pasqua.
O projeto da Casa Pasqua conta com sala de estar, sala de jantar, mesa de jogos, dormitórios, lavabo, banheiro, garagem, cozinha, painéis de vidro e grandes janelas que tornam as salas verdadeiras varandas, além de criarem uma forte relação com o elemento vazado, que acabou virando uma característica marcante da Casa Pasqua.
A sala de estar conta com três portas de correr de cada lado. Ao serem recolhidas, elas se abrem para o jardim externo, transformando em uma grande varanda. Além disso, a casa conta com quatro dormitórios, todos eles suítes e direcionados para a face norte, que tem melhor insolação. Esses quartos também são protegidos por uma pele de madeira. “Para o mobiliário nós optamos por uma paleta de cores voltada aos tons de cinza com mistura de madeira, branco e cores quentes” conta o designer Pedro Ribeiro.
Na parte superior do terraço tem uma churrasqueira, que é integrada com a piscina. “Acho que a casa tem um conjunto social bem distribuído e agradável para os fins de semana da família”, comenta a arquiteta Elisa Friedmann.
Os três materiais predominantes da casa são concreto, pedra e madeira. O concreto foi aplicado no terraço, estrutura e painel; a pedra, do próprio local, foi aplicada nas duas empenas; e a madeira foi aplicada nos brises. Além disso, a parte social é toda de vidro e a piscina conta com deck e pastilha.
“Nós sempre trabalhamos com materiais naturais, e isso, de certa maneira, traz a sensação de calor na arquitetura, por mais ‘limpa’ que seja”, conta a arquiteta Diana Radosmyler.
Por ser uma região quente e com clima de fazenda, a ventilação cruzada foi uma questão importante. Essa eficiência térmica acontece na sala de estar, que pode ficar completamente aberta. Mesmo assim, a casa conta com ar-condicionado.
A madeira protege os quartos da insolação, assim como o balanço de quatro metros do terraço. Por fim, o projeto conta com a ajuda do paisagismo para sombrear a face oeste. Os jardins, por sua vez, foram desenvolvidos pela paisagista Maria João D'Orey Brasil.
O elemento mais especial da casa é o painel de cobogó. Ele traz emoção ao longo do dia, e a passagem do tempo é claramente marcada pela entrada de luz, que chega com intensidades diferentes. E com isso o cenário muda, como poesia Marcio Kogan“Na iluminação, usamos algo funcional e direto. A sala, por exemplo, conta com luminárias pendentes industriais, que são cinzas para combinar com o restante do projeto. Além disso, usamos abajures da própria família. Gosto de mesclar um pouco com o estilo de vida do cliente, pois deixa de ser showroom e passa a ser lar”, comenta Radosmyler.
“O elemento mais especial da casa, para mim, é o painel de cobogó. Ele traz emoção ao longo do dia, e a passagem do tempo é claramente marcada pela entrada de luz, que chega com intensidades diferentes. E com isso o cenário muda, como poesia”, diz Kogan.
Para Castroviejo, o elemento vazado é a grande marca da residência. “Essa parede tem a função de trazer privacidade sem tirar visibilidade, e através do desenho perfurado dela se pode apreciar a árvore de flamboyant. Você não perde a paisagem”.
Já para Friedmann, existem três elementos igualmente fortes na Casa Pasqua: a integração social, a árvore preservada e o painel de cobogó.
Radosmyler, por sua vez, acredita que a característica principal da Casa Pasqua é ter o estilo dos moradores. “Nós fomos tradutores do sonho do cliente. Usando nossa linguagem, mas com a cara deles”.
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