Texto: Naíza Ximenes
No coração de uma exuberante paisagem natural de Xangri-lá, no Rio Grande do Sul, o escritório de arquitetura Stemmer Rodrigues encarou o desafio de construir uma casa em apenas seis meses, utilizando somente técnicas sustentáveis.
Os arquitetos deveriam desenvolver o projeto arquitetônico preservando 100% das grandes árvores. A Casa Mansa, como foi batizada, foi construída em um terreno de esquina e somou 201 metros quadrados de área.
Com as condições estabelecidas, a equipe embarcou no projeto. A escolha foi por uma casa térrea, com integração entre os espaços e sem o uso de forros de gesso, apostando em uma laje de concreto aparente sobre as alvenarias estruturais.
Além disso, a concretagem do piso e contrapiso em uma única etapa, na fase inicial da obra, também foi uma estratégia que contribuiu para uma construção mais rápida.
Em lotes de esquina, há mais um detalhe que deve ser levado em consideração por todo arquiteto: a privacidade, já que há duas faces visíveis das ruas. Pensando nisso, a Casa Mansa ganhou um layout que divide todo o terreno pela diagonal em área social e área íntima. Essa separação é feita através de uma parede, revestida por um ripado de madeira, no formato de uma linha sinuosa, garantindo o aspecto contemporâneo do projeto.
Falando em revestimento, as paredes que contornam a casa também são revestidas por materiais diferentes, dependendo do ambiente. A área social — onde ficam entrada, sala de estar, lareira, varanda, sala de jantar e cozinha — ficou na porção do terreno visível das duas ruas. E, como o pedido era por integração, a aposta foi em panos de vidro nas duas laterais, recobertos por diferentes aplicações de madeira.
Na face da entrada, há um painel de ripado e brises — ambos de madeira — que ajudam a disfarçar levemente a visibilidade do interior. Na face lateral, onde as grandes árvores são mais condensadas, as portas de vidro são de correr, dando a opção ao morador de abri-las ou não.
Para manter o estilo contemporâneo e minimalista, os arquitetos apostaram em revestimentos na cor cinza, tanto para o piso quanto para a meia parede que forma o balcão na cozinha.
A frieza desses materiais, todavia, é compensada pelo aconchego da madeira, que está presente não só na parede coberta por ripados como no mobiliário e em detalhes da decoração.
Outro destaque do projeto são as folhas de Guaimbê, uma planta nativa brasileira, estampadas no concreto utilizado na estrutura e na laje aparente, que se estende por toda a morada.
O projeto de ventilação da casa também foi pensado para contribuir com a proposta sustentável de toda a obra, apostando em um modelo cruzado e minimizando a necessidade de ventilação artificial ao proporcionar condicionamento interno mais agradável.
Por fim, a iluminação é predominantemente indireta. Segundo a equipe de arquitetos, a estratégia valoriza a arquitetura e cria uma dramaticidade nos ambientes. Para isso, eles apostaram em pendentes pontuais para iluminar áreas de trabalho e cozinha, e na iluminação aliada à marcenaria da bancada de concreto, para criar um efeito de luz e sombra que realça a textura.
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