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Centro Paula Souza

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Sobre uma caixa de vidro, o Centro Paula Souza parece flutuar sobre uma praça, promovendo uma instigante combinação entre o prédio e a cidade. Imagens: Nelson Kon
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Partido flutuante

Texto: Tais Mello

A nova sede do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS), recém-construída Ele parece estar alçando voo. E é isso que mais me agrada no projeto Pedro Taddei no quadrilátero das ruas dos Timbiras, Almirante Couto de Magalhães, Aurora e dos Andradas, na região central de São Paulo, contradiz a ideia pré-concebida de que todos os edifícios educacionais ou administrativos precisam ter fisionomia austera. Com elementos relativamente simples, como os térreos elevados ao primeiro andar, posicionados a 7 m do piso, andares avarandados e fechamentos de vidro, o conjunto arquitetônico ocupa cerca de 7 mil metros, é plástico, agradável e muito leve. “Parece estar alçando voo. E é isso que mais me agrada no projeto”, conta Pedro Taddei, um dos arquitetos e autores da obra concebida em parceria com Francisco Spadoni – os dois professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP). O Centro está sobre uma caixa de vidro – na qual funciona o museu –, que torna possível ver através dela. “Todos os volumes estão flutuando. Quadra, colégio, ginásio e mezanino pairam sobre uma praça”, descreve Francisco. A partir dessa solução, criaram-se todas as possibilidades de promover a mistura entre o prédio e a cidade.

Três edificações em uma

A expectativa dessa construção na região central é a de impulsionar a transformação do entorno e Todos os volumes estão flutuando. Quadra, colégio, ginásio e mezanino pairam sobre uma praça Francisco Spadoni requalificação da área. “Trata-se de uma aposta do governo. A grande jogada é acreditar que por meio de uma obra arquitetônica é possível provocar uma vibração no lugar e, a partir disso, sedimentar o comércio, a população e a infraestrutura, como a escola, por exemplo”, reflete Francisco. No terreno com 6,9 mil m², o complexo reúne três edificações em um total de 25,8 mil m² de área construída. Nelas funcionam a sede administrativa estadual do Centro Paula Souza, que antes ocupava o antigo edifício da Escola Politécnica da USP; o Centro de Aperfeiçoamento do Professorado, que exige espaços para amplas reuniões, salas de estudo e pequenos auditórios para seminários e cursos; e o prédio de uma grande ETEC – Escola Técnica Estadual – que abrigará, entre outros cursos, os de Hotelaria e Gastronomia. Com uma linguagem clara, o partido do prédio de concreto aparente mistura elementos sutis da estrutura metálica nos envelopes, na passarela e na sobrecobertura metálica, cuja função é integrar os três edifícios como se fosse uma quadra fechada. A sobrecobertura também assegura conforto térmico às áreas de convivência e ao restaurante do último pavimento. Feita de telhas metálicas zipadas e perfuradas, funciona como um elemento de sombreamento, protegendo o uso da praça.

Sobre uma caixa de vidro, o Centro Paula de Souza parece flutuar sobre uma praça, promovendo uma instigante combinação entre o prédio e a cidade Foto: Nelson Kon

Achados arqueológicos

Para a construção do complexo, duas das três edificações antigas e em estado precário foram demolidas. Restou apenas a estrutura e algumas lajes de um dos edifícios de sete andares. “Esse prédio apresentava uma estrutura de concreto relativamente rígida, por isso o mantivemos no local”, esclarece Pedro Taddei. Como no passado funcionaram no terreno indústrias e um posto de gasolina, durante o início das obras houve a necessidade de descontaminação, por meio da retirada dos tanques enferrujados e escavação mais profunda com troca do solo. O terreno também guardava resquícios de uma fábrica de botões e indícios de achados arqueológicos de ocupações coloniais e indígenas, apontados pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional – IPHAN. “Por isso, uma equipe acompanhada de um arqueólogo descobriu moedas antigas, cerâmica e até ossada de animais, que contam a história da cidade, por toda a extensão do lote”, comenta Francisco. Parte dos achados será exposta no museu do Centro Paula Souza, no mezanino metálico localizado no térreo do administrativo. O restante estará sob a guarda do IPHAN.

Design e eficiência acústica

Pensando na acústica das salas de aula, a ETEC é direcionada para um átrio – isolado das ruas, dos Projetamos todas as janelas voltadas para esse pátio interno e posicionamos os corredores de circulação por fora, no perímetro da construção. Temos como resultado interessantes formas geométricas Pedro Taddei outros prédios e do barulho vindo do térreo, onde acontece o recreio dos alunos. “Projetamos todas as janelas voltadas para esse pátio interno e posicionamos os corredores de circulação por fora, no perímetro da construção. Temos como resultado interessantes formas geométricas”, conta Pedro. Já o edifício administrativo é geométrico por definição, explica. “O formato de um retângulo é uma solicitação do próprio Centro Paula de Souza, uma vez que era muito importante dispor de uma planta livre, com flexibilidade para aumentar ou reduzir a área, sempre que necessário”.

Espaço de lazer

Entre os prédios do centro administrativo, da ETEC e do Centro de Aperfeiçoamento dos Professores, foi criada uma praça com 1,8 mil m² para recuperar o espaço público da cidade e prover o complexo de uma área de recreação, descanso e lazer. “A área verde nasce no subsolo e atende a exigência de 20% de taxa de permeabilidade do complexo”, afirma Taddei. No subsolo – 3,20 m abaixo do nível da rua, com a mesma extensão do edifício administrativo, um grande retângulo abriga um jardim com vegetação de alto porte e projeto paisagístico de Luciano Fiasqui. Analisando o conjunto, Francisco destaca o fato de a praça tornar-se naturalmente protagonista, em vez de ser apenas um elemento a serviço das construções do entorno. “Os edifícios são muito importantes, mas o posicionamento deles valoriza a hipótese do chão público – a praça –, que é a grande solução do projeto”, argumenta.

Vidro: conforto térmico e luminosidade

A arquitetura do edifício prioriza o controle da incidência de luz solar e possibilita criar fluxos de Os edifícios são muito importantes, mas o posicionamento deles valoriza a hipótese do chão público – a praça –, que é a grande solução do projeto Francisco Spadoni ventilação, tornando o prédio autossuficiente. O sistema de proteção para os vidros acontece de várias maneiras: no prédio da escola, as passarelas externas protegem da incidência direta do sol. Na área da biblioteca, na quadra e no prédio principal há um tipo específico de brise, feito de tubos, que complementam a linguagem arquitetônica formando uma cortina de aço inox, que reduz em 50% a entrada da luz solar, minimizando a temperatura. "Essas fachadas de vidros laminados temperados e 4,3 mil m² de brises de aço inox utilizados no empreendimento são a grande fonte de eficiência energética”, conclui Taddei. Outros sistemas complementares ajudam a manter o controle térmico do edifício, como o ar-condicionado a gás de baixo consumo.

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2009
  • Conclusão da obra: 2013
  • Área do terreno: 6.882 m²
  • Área construída: 29.490 m²

Ficha Técnica

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