Entre a exótica vegetação nativa do cerrado e da caatinga, no município de Caetité, sertão da Bahia, nasce a sede da empresa Renova Energia, composta por um centro de operações e um memorial do parque de energia eólica, projetada pela Sotero Arquitetura. “Como o terreno é extenso e sem limitações legais e de tamanho, pudemos privilegiar a melhor vista e adequada orientação de ventos e sol”, reflete Adriano Mascarenhas, arquiteto e sócio do escritório.
Como o terreno é extenso e sem limitações legais e de tamanho, pudemos privilegiar a melhor vista e adequada orientação de ventos e solAdriano Mascarenhas Um dos diferenciais do projeto é a boa solução de fluxo do público externo e dos empregados da empresa. Distintos, eles foram organizados evitando cruzamentos indesejáveis. Entretanto, era preciso que os visitantes visualizassem o funcionamento da empresa e usufruíssem do edifício como equipamento de caráter público. As turbinas eólicas deveriam ser observadas pelo centro de operações ao longo de todo o complexo energético.
Para tornar essa ideia possível, os arquitetos posicionaram a sala de controle em grande balanço, de modo que, a partir dela, fosse possível enxergar todas as turbinas enfileiradas ao longo do cume das colinas da região. “Adotamos a estratégia de criar dois blocos distintos interligados por uma passarela que determina o percurso do público – para o centro de operações ou para o memorial – além de agregar um pátio central ao volume do edifício. Assim, logo na fachada principal, uma grande marquise recepciona os usuários e ordena os fluxos, além de conferir sombra”, explica Mascarenhas.
A escolha dos materiais da estrutura não foi por acaso. Era preciso optar por algo que representasse arrojo, mas se inserisse no contexto com harmonia. A utilização do concreto aparente e aço corten mostrou-se perfeita. “Eles têm superfícies com características ásperas e rústicas e exigem pouca manutenção, a exemplo da própria vegetação local” lembra Eduardo.
A partir dessa premissa, o concreto responde pela maior parte da edificação, inclusive como material Concreto aparente e aço corten têm superfícies com características ásperas e rústicas e exigem pouca manutenção, a exemplo da própria vegetação localAdriano Mascarenhas de fechamento nas fachadas. Já o aço predomina nas passarelas externas e internas, dando a leveza pretendida pelos arquitetos.
Presente também em brises-soleil, portas, portões e esquadrias, o aço possibilita a fabricação fora do canteiro, sendo simplesmente montado na obra, com mais agilidade. Na fachada foram usadas formas de tábuas agreste de madeira, que imprimem marcas horizontais, deixando a superfície áspera e irregular.
A partir da via de acesso – paralela à construção – a área de estacionamento contempla 11 vagas para ônibus e 86 vagas para automóveis particulares. Acessa-se o átrio externo por um percurso angular até a marquise que, por sua vez, separa e ordena os usos da construção.
O volume à esquerda do acesso principal com, aproximadamente, 15 x 45 m, é dividido em dois pisos que abrigam sala de controle, setor de operações e um terraço visitável. Já o memorial insere-se em um volume trapezoidal de 17 x 35 m, de onde é possível acessar os auditórios públicos.
O pátio central cria um microclima local, conferindo mais conforto por meio da evaporação das folhas das árvores e do sombreamento. O projeto da Sotero Arquitetura também privilegia soluções sustentáveis como aberturas que forçam a ventilação cruzada, evitando o uso de ar-condicionado e otimizando a captação da água da chuva para reúso e armazenamento, além da captação de energia solar por meio de placas fotovoltaicas.
Na construção há, ainda, sensores de presença para iluminação de LED, vasos sanitários com válvulas economizadoras, entre outras medidas sustentáveis. O projeto ganhou o prêmio AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) na categoria Edifícios de Serviços.
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