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Casa das Pérgolas Deslizantes

Casa das Pérgolas Deslizantes
Nada convencional, esta casa “conversa” com o exterior e está longe de ser totalmente estática. Várias de suas partes se movem, permitindo ao usuário reconfigurar coberturas, sombreamentos e os próprios ambientes da residência. Imagens: Rafaela Netto
Casa das Pérgolas Deslizantes
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Casa das Pérgolas Deslizantes

Painéis que se movem

Texto: Gabrielle Victoriano

O projeto da Casa das Pérgolas Deslizantes, do escritório Forte, Gimenes & Marcondes Ferraz Arquitetos – FGMF –, atiça em seu partido localizado em um terreno de 600 m², em Barueri, interior de São Paulo, uma discussão entre o espaço interno e externo, ao seguir os requisitos do casal de moradores. Ele, um professor especializado na área de inovação da tecnologia, pedia soluções diferentes do usual. Ela desejava um lar simples, tradicional, mas com uma íntima relação com o terreno.

O projeto é composto por diversas partes móveis que permitem ao usuário poder reconfigurar coberturas, sombreamentos e os próprios ambientes da casa, além de priorizar a relação interior x exterior Fernando Forte

Tudo começou quando o cliente viu a publicação da Casa Tic-Tac, do FGMF, no jornal O Estado de São Paulo. O projeto foi realizado para uma exposição na Alemanha organizada pela revista inglesa Wallpaper em 2009. “Ele é composto por diversas partes móveis que permitem ao usuário poder reconfigurar coberturas, sombreamentos e os próprios ambientes da casa, além de priorizar a relação interior x exterior. O cliente gostou tanto que nos procurou e pediu um conceito semelhante para a nova morada. Mas também era necessário agregar o desejo de sua mulher, que buscava uma residência mais convencional e estática”, conta Fernando Forte.

Programa simples, implantação fragmentada

Para resolver o impasse, era preciso uma construção com programa razoavelmente simples. A partir disso, os arquitetos Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz muraram o terreno quase plano e implantaram a construção em diferentes pequenos blocos, criando interessantes tensões entre o construído e o não construído.

Ao entrar na casa de 160 m² de área construída, fica a sensação de estar em uma construção de 600 m² Rodrigo Marcondes

Carente de atrativos naturais – sem belas visuais ou vistas –, o terreno determinou o start do projeto. Lourenço Gimenes lembra que, com isso em mente, eles decidiram realizar uma casa térrea, com fechamentos em vidro e uma configuração voltada para si mesma, como se fosse uma casa pátio. Entre os blocos, os pequenos pátios servem para acomodar a piscina com espelho d'água, a área de churrasqueira, o solário e até os jardins.

“A implantação é a peça-chave. Os pequenos volumes foram posicionados em locais estratégicos dentro do lote murado em seus limites. Essa linha que delimita a construção passou a ser, para o observador, os muros do terreno e não mais apenas as paredes da construção.

Percepção diferenciada

A partir da nova implantação gerou-se uma mudança de percepção nas pessoas. “Ao entrar na casa de 160 m² de área construída, fica a sensação de estar em uma construção de 600 m²”, chama a atenção Rodrigo Marcondes. Outros fatores contribuem para o sentimento de amplitude existente, como os muros lavados de luz à noite, surgindo como o limite da construção, e o jardim, que passa a fazer parte da residência propriamente dita.

Em vez dos 160 m² de área construída, a Casa das Pérgolas Deslizantes parece ter 600 m² Foto: Rafaela Netto

Com projeto de paisagismo realizado pelo Studio Ilex, as áreas verdes exibem trechos geométricos com diferentes espécies, em sintonia com os móveis internos. “É um trabalho bastante refinado”, opina Fernando Forte.

Estrutura em volumes

Para posicionar os volumes da residência no terreno, os arquitetos do FGMF seguiram um padrão pré-determinado de modulação. As vigas metálicas acompanham essa modulação até o limite dos muros, onde são apoiadas. Elas desempenham múltiplas funções: o travamento das paredes estruturais pré-moldadas em concreto, o acabamento das calhas e coberturas metálicas e a organização espacial dos diferentes blocos que compõem a casa.

Como a casa é extremamente envidraçada, houve a necessidade de controlar a luz e o calor. Um controle conseguido por meio das pérgolas e persianas Lourenço Gimenes

A construção foi feita com painéis autoportantes em concreto pré-moldado – usualmente utilizados em galpões da indústria brasileira – fazendo o papel de suportes estruturais verticais. A escolha garantiu uma rápida montagem em cerca de uma semana e painéis bem-acabados, com a elétrica e, eventualmente, a hidráulica já montadas desde a fábrica.

Segundo o arquiteto Lourenço Gimenes, as coberturas foram apoiadas em vigas de travamento. “Tomamos o cuidado de inserir o sistema – viga de travamento, cobertura de telha sanduíche e forro dentro do perfil da viga principal”.

Longe de serem apenas simples vigas, elas também funcionam como trilhos suspensos por onde correm as pérgolas e coberturas de uma ponta a outra do terreno, de acordo com o desejo do proprietário. A solução ousada possibilita modificar o sombreamento e a proteção de partes diferentes da residência, sempre que a ocasião ou a necessidade dos donos pedir. “Trata-se de outro artifício de apreensão do espaço externo como elemento construído, que é parte do dia a dia dos moradores”, argumenta Rodrigo Marcondes.

Os forros e as estruturas de madeira têm a função de contrastar com a simplicidade dos materiais; já as pérgolas oferecem sombra

Materiais

Concreto, vidro, aço e madeira compõem pérgolas e forros, sendo os principais materiais da casa. Os forros e pergolados de madeira têm o papel de contrastar um pouco com a crueza dos outros materiais. Rodrigo filosofa: “É uma espécie de ironia. A madeira está lá, do lado de fora, mexendo de um lado para o outro, sobrevoando os jardins”. Essas estruturas são controladas por um sistema elétrico sem automação, mas possível de realizá-la.

Os forros e as estruturas de madeira têm a função de contrastar com a simplicidade dos materiais, já as pérgolas oferecem sombra Foto: Rafaela Netto

Decoração em conjunto

Feito em conjunto entre o escritório e o cliente, o projeto de interiores privilegia basicamente móveis com design do FGMF e mobiliário escandinavo. “Esta escolha reflete uma conexão sentimental dos moradores, que viveram alguns anos na Suécia. Outro ponto é a pura identificação com o belíssimo estilo escandinavo, que estaria alinhado à proposta da residência. Esta, a exemplo dos móveis, é simples e complexa ao mesmo tempo”, conta Lourenço Gimenes.

O projeto de iluminação partiu do cuidado para equilibrar a luz de jardim à luz interna, pois essa era uma das maneiras de promover e garantir a integração desejada. “Como a casa é extremamente envidraçada, houve a necessidade de controlar a luz e o calor. Um controle conseguido por meio das pérgolas e persianas”, finaliza Lourenço Gimenes.

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2011
  • Conclusão da obra: 2013
  • Área do terreno: 560 m²
  • Área construída: 280 m²

Ficha Técnica

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