Preocupados em criar um projeto com identidade e criatividade, o escritório Smart! LifeStyle + Design buscou na arquitetura do Germano 508 um espaço leve e dinâmico. Dentro dessa premissa ele é sofisticado, mas sem deixar de ser despojado; tecnológico e ao mesmo tempo atemporal, sem perder a solidez.
Localizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, o projeto foi inspirado no conceito de hotel boutique. “Nos hotéis boutique, a identidade do espaço é ousada o suficiente para conectar com valores contemporâneos e sobressair-se frente às grandes cadeias hoteleiras. Ao mesmo tempo, é neutra o bastante para agregar diversos perfis”, explica o arquiteto Márcio Carvalho.
O Germano é um tipo de empreendimento diferente. É possível vivenciar espaços mais intimistas e acolhedores. Em função dessa proposta comercial, a arquitetura do conjunto deveria ser neutra e democrática, resultando em um edifício sólido, sensível e receptivo.
O arquiteto Ricardo Ruschel comenta sobre essa característica: “Nós transferimos este conceito para o universo office. Existem várias empresas em busca de um ’office boutique’, no qual possam desempenhar a sua atividade em um espaço que converse diretamente com sua identidade e que colabore para ampliá-la e reforçá-la através da arquitetura e dos serviços. Tudo isso de forma leve, próxima, intimista e nada opressiva”.
As fachadas foram feitas em estrutura de concreto armado e alvenarias de blocos de concreto celular, revestidas por textura. O escritório utilizou a leitura do material em uma roupagem mais sofisticada e menos bruta para a fachada.
Entretanto, em algumas das "fachadas internas" o arquiteto assumiu o uso de blocos de granito reutilizados de muros do local. A intenção era contrapor a sofisticação do revestimento como elemento orgânico e natural.
“A fachada do empreendimento também é composta por um grid cartesiano, austero e modular, que aos poucos foi repartido e quebrado por hiatos de espaço e luz, gerando um novo desenho e uma nova ordem”, relata Carvalho.
O paisagismo buscou reforçar a organicidade da vegetação e dos materiais em contraponto com a regularidade da fachada. “Dois destaques importantes no paisagismo são as pedras portuguesas que conduzem ao acesso através de uma faixa na calçada e reveste todo o piso do lobby, fundindo as barreiras entre interior e exterior”, conta Ruschel.
No terreno dos fundos, o projeto possui um talude com vegetação natural – inclinação na superfície lateral de uma obra – produzindo uma paisagem bastante peculiar, pois, a parede verde adiciona tranquilidade, sem perder a iluminação e incidência solar importante para o espaço.
Além disso, o uso de trepadeiras e a inserção de pequenos jardins nos terraços e garagem, junto a muros de pedra, traz para dentro do edifício o aconchego desses elementos.
“O projeto arquitetônico foi todo orientado para aproveitar ao máximo a entrada de luz natural. No tema residencial, muita luz é considera importante, já no comercial, a luz certa é prioridade. Tentamos mesclar essas duas definições”, lembra Carvalho.
No projeto Germano 508 vimos uma situação urbana bastante especial. À frente do lote, a oeste, a construção está junto ao alinhamento da calçada. O que favoreceu o uso do recuo de jardim como terraços e, ao mesmo tempo, cria um pórtico natural para marcação do acesso, favorecendo um melhor controle e segurança.
“O edifício possui planta livre. Ela foi desenhada pensando em diversas adaptações, pois funcionam perfeitamente com ou sem paredes. Esta liberdade permite janelas abertas e fechadas, cortinas, móveis ou painéis de vidro, que separam ou integram ambientes de moradores que buscam a convivência ou a privacidade”, completa Ruschel.
O escritório assumiu forte influência modernista ao trabalhar com brises em uma pauta cartesiana na fachada, referência à arquitetura porto-alegrense dos anos 1950 e 1960. Entretanto, esta modulação foi quebrada com as floreiras coloridas inseridas fora da modulação, propondo uma visão contemporânea de quebra de paradigmas.
“No projeto de interiores, nós buscamos linhas retas e racionais somadas ao uso de materiais orgânicos, como a textura de cimento queimado, a pedra portuguesa e a madeira. Propusemos uma leitura leve e minimalista no traço e ao mesmo tempo aconchegante e intimista na materialidade”, finaliza Carvalho.
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