O lote amplo enraizado em expressivos valores paisagísticos e ambientais, como rios, ribeirões, córregos, nascentes e afloramento de rocha basáltica, desenvolve-se a partir de áreas onduladas – com declividades acentuadas sob a mata nativa – e mais suaves nos trechos sem cobertura arbórea significativa.
“O projeto propõe um Jardim Botânico contemporâneo, que nasce para celebrar a natureza com coleções de plantas vivas cientificamente reconhecidas, de vários extratos vegetais. A diferença está nos objetivos, que são os de promover pesquisa, conservação, preservação, educação ambiental e lazer, além de informar e difundir nos visitantes o valor botânico e multicultural de espécies vegetais e sua utilização”, retrata Orlando Busarello, arquiteto urbanista paisagista.
Distribuído em oito setores, o programa abrange desde áreas de acesso, serviços de atendimento e restaurante, até os pontos mais integrados à natureza, como quiosques, praças, jardins, lagos e mirantes. Há, ainda, museu, anfiteatro e centro de exposições.
“As áreas de maior destaque são os arboretos – coleções de espécies agrupadas por família que formam cenários dinâmicos ao longo das estações do ano – e os jardins temáticos. Eles reproduzem as formas, cores e estruturas da vegetação, além dos materiais utilizados em jardins de outros países e etnias”, conta o paisagista. Já a Praça Roberto Burle Marx homenageia o maior paisagista brasileiro do século 20 a partir de jardins que obedecem as características empregadas pelo profissional, com espécies vegetais que levam o seu nome. Nesse lugar há um conjunto de fontes interativas que permitirá ao usuário circular e brincar com o elemento água.
O arquiteto também ressalta as estufas, que abrigam bromélias epífitas, orquídeas e espécies exóticas aclimatadas em ambientes especiais, e os lagos, que foram construídos sobre a base de basalto existente no local e aproveitam a água das nascentes. “São compostos por espelhos d’água e um conjunto de pequenas cachoeiras de 1 m de altura. A composição arquitetônica dos lagos privilegia curvas, que se harmonizam com o traçado orgânico das suas margens”, explica.
Ao identificar os diversos setores do Jardim Botânico e integrá-los às condicionantes naturais e urbanísticas, o projeto cria praças, caminhos e ciclovias que exploram linhas curvas e retas, assentadas sobre o assoalho natural do terreno. Edificações, equipamentos e mobiliário estão situados de acordo com usos e funções, buscando sempre a harmonia e a integração entre espaços abertos e construídos.
“Utilizamos uma identidade arquitetônica original, construtivamente simples, mimetizada com a natureza e integrada ao espírito do lugar. Essa linguagem complementa ou contradiz, rejeita ou confirma as imagens do local, sempre de forma sustentável. Assim, buscamos arquiteturas referenciais, tanto na linguagem tecnológica, como nos materiais, escalas e adaptação às características climáticas da região”.
Nesse caso, as edificações são marcadas por coberturas termoisolantes e varandas sombreadas de pergoladas, com vegetação e brise soleil, para o controle do excesso de insolação. A proposta arquitetônica foi concebida para construir o conjunto das edificações por etapas, sobressaindo o uso de estrutura metálica – incluindo nas coberturas.
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