Texto: Naíza Ximenes
Localizada em solo lusitano, na Praia da Torre, a Casa Foz do Tejo foi idealizada pelo escritório Sidney Quintela Architecture + Urban Planning para um casal com duas filhas universitárias. A proposta se destaca pela contemporaneidade, linhas retas e ênfase no conforto, com a premissa fundamental de oferecer flexibilidade, tornando todos os cômodos acessíveis e utilizáveis pelos moradores.
Apesar do resultado exuberante, a casa é fruto de algumas soluções arrojadas. O terreno em questão estava sujeito a restrições de altura, devido à sua localização próxima à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), que limita as construções a uma altura máxima de seis metros e meio. A contenção, todavia, não impediu o escritório Sidney Quintela de projetar uma obra ampla, com três pavimentos e pé-direito duplo — apostando em grandes esquadrias, integração e iluminação para isso.
“Nós não queríamos uma sensação de achatamento na casa”, explica o escritório. “Com grandes espaços e um projeto aguçado de iluminação, a redução da altura do forro fica quase imperceptível.”
A estrutura da casa foi dividida em três pavimentos, que ocupam 473 metros quadrados. No subsolo, ficam as áreas de serviços, suíte para funcionários, academia e garagem. No térreo, ficam as áreas sociais (sala de estar, sala de jantar, cozinha e lavabo), piscina, varandas e uma suíte de hóspedes. No primeiro andar, por sua vez, está a área privativa, que compreende três suítes e uma biblioteca com home office.
Conhecida pelas belas paisagens costeiras, marcadas por praias de areia dourada e água límpida, a região da Praia da Torre fica na Grande Lisboa, capital de Portugal. A arquitetura do local é igualmente notável, conhecida por reunir nuances da arquitetura portuguesa, contemporânea e náutica.
Inspirado por esse conceito, o escritório Sidney Quintela Architecture + Urban Planning apostou em um projeto que combina materiais naturais de alta qualidade a um paisagismo que enfatiza a predominância da natureza. É por isso, também, que a fachada posterior da Casa Foz do Tejo é marcada por três cores principais: o verde da vegetação, o azul da piscina e o marrom da madeira e revestimentos.
A entrada da casa acontece pela fachada frontal, na direção oposta à piscina. Um portão de madeira define o limite do terreno e dá acesso à morada através de um caminho marcado por grama. A passagem se bifurca em duas direções, sendo que uma leva à área coberta por um pergolado de madeira, com espaço para um carro, e a outra leva à porta de acesso principal, também de madeira. Mais à frente, um declive curvilíneo direciona os carros à garagem.
As laterais da grande estrutura são inteiramente revestidas por azulejos de cor clara e ambas são marcadas pela grande quantidade de janelas. A parede que contorna a porta de entrada, por sua vez, compreende um grande pano de vidro que conecta interior e exterior. A madeira que compõe a porta foi replicada no espaço acima da entrada, dando a impressão de um acesso muito maior e mais amplo.
Uma vez dentro da casa, uma pequena ponte de madeira conecta o exterior à sala de estar, sobre um comprido espelho d’água. Na área social, tanto o piso quanto as paredes e a escada ganharam revestimento de limestone.
Na extremidade à direita do bloco social, está a sala de estar, com pé-direito reduzido. Nesse espaço, tanto o sofá, quanto a mesa de centro e a chaise são brancos, sem muito contraste com o entorno. Em compensação, o aparador amarelo dá um toque de cor pontual ao conceito. Ao fundo, grandes portas de vidro de correr com esquadrias brancas levam o morador ao deck que forma a área gourmet ao redor da piscina.
Já na extremidade à esquerda, onde o pé-direito duplo permite a visualização do mezanino no andar superior, está o lounge. Um grande tapete Eden Queen, da Moooi (empresa holandesa de design moderno de móveis), fica sob poltronas que representam grandes obras do design: quatro delas no modelo Mad Chair, desenhado por Marcel Wanders, e duas no modelo Poltrona Egg, de Arne Jacobsen. O desejo da proprietária era que esse local fosse ousado e colorido.
Um painel de madeira ripada atrás do lounge reveste toda a parede com portas de acesso à suíte de hóspedes, lavabo e elevador. Através do pequeno corredor formado, o morador é conduzido à sala de jantar, que ganhou mesa de madeira com seis poltronas laranjas de chenile e luminárias em cobre.
De um lado da mesa de jantar, estão mais portas de vidro de correr com esquadrias brancas, que levam ao deck da área externa. Do outro, fica a ilha e os aparatos que formam a cozinha, predominantemente branca e cinza e muito iluminada pela luz natural que penetra o ambiente através dos panos de vidro.
Subindo as escadas, de degraus brancos e guarda-corpo de vidro, está o pavimento superior, marcado pelo piso de madeira. O mezanino concentra as entradas para três suítes, além de uma biblioteca com estações de trabalho para cada integrante da casa.
Todos os quartos ganharam banheiro privativo, closet e varanda com piso de madeira e guarda-corpo de vidro. No banheiro da suíte master, o destaque é do mármore utilizado para revestir piso e paredes, com rajados que criam um conceito exclusivo.
Por fim, na área externa, um grande deck de madeira contorna toda a piscina, que ganhou um visual deslumbrante da praia no horizonte.
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