A arquitetura singular da nova sede da inspetoria do CREA, localizada em Campina Grande, Paraíba, foi excepcionalmente pensada para um concurso público, organizado pelo IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil) e pelo próprio órgão do estado, em 2010. Consagrado vencedor, o projeto do escritório MAPA (MAAM+Studio Paralelo) destaca-se pela relação forte e ao mesmo tempo ambígua entre o interior privativo e o exterior público.
“Buscamos uma solução inovadora a partir do nosso entendimento sobre a concepção de edificações públicas – deveriam ser permeáveis, como uma praça aberta”, enfatiza o arquiteto Diego Morera.
Para possibilitar a integração entre os espaços internos e externos, a solução encontrada pelo escritório consistiu-se em elaborar uma fachada vazada, que cumprisse não somente com as exigências de segurança, mas também proporcionasse a ventilação e iluminação naturais para os ambientes internos. Assim, a “pele” de concreto pré-moldado, acompanhada por apoios metálicos, percorre todo o corpo do prédio, configurando brises horizontais que asseguram o diferencial do projeto.
Segundo Morera, o material e o modo que a face externa do edifício foi disposta não se assemelham aos métodos estabelecidos em edificações institucionais – normalmente espelhadas, impenetráveis e impermeáveis. “É interessante um produto sólido por excelência ser utilizado dessa maneira para criar um limite difuso”, observa o arquiteto.
Além disso, a transparência e a leveza proporcionadas pela instalação de painéis de vidro nas principais áreas de circulação, também permitem a quebra de barreiras entre os meios interno e externo.
“É por meio dessas medidas que criamos as qualidades necessárias para representar a imagem de uma instituição contemporânea”, complementa.
A entrada do edifício e a calçada unificam-se sobre o mesmo plano. Nessa perspectiva, o hall principal funciona completamente exposto à via pública, sendo conectado e delimitado por pátios abertos com pé-direito duplo, que se encarregam de distribuir os ambientes. Assim, é possível gerar um espaço interno ambíguo, cuja área pública se infiltra em um edifício que dilui seus limites.
No projeto governamental, o acesso às áreas administrativas é feito por uma escada de metal que contrasta com o painel de madeira e guia o usuário.
O espelho d´água, que começa na rua e se encerra em um dos pátios internos, divide a atenção com a vegetação pendente na cobertura. Esta, por sua vez repleta de aberturas quadriculadas, oferece luz natural para dentro da sede e, consequentemente, facilita a ventilação do local.
“O projeto se propõe a criar espaços internos aclimatados, sem utilizar soluções técnicas alheias ao clima da cidade”, destaca Diego Morera.
Ao optar por práticas construtivas que possibilitam a participação de elementos naturais no projeto, como luz e ar, a redução no uso de sistema de ar condicionado e lâmpadas ocorre proporcionalmente, diminuindo o consumo de energia.
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