No Mercado Central de Belo Horizonte, Minas Gerais – um ponto de encontro por excelência, que Trata-se de um convite à participação e ao encontro Marcelo Rosenbaum existe há mais de 80 anos – a cozinha-escola Nestlé foi implementada preservando as características originais da construção e, ao mesmo tempo, sobressaindo-se no local. Para isso, o projeto realizado em parceria entre o escritório Mach Arquitetos – Fernando Maculan e Mariza Machado Coelho – e o designer Marcelo Rosenbaum buscou associações simbólicas de diversas naturezas.
“Enfatizamos o valor dos fazeres artesanais e do trabalho manual, tão presentes e importantes no contexto do mercado. Para reforçar essa característica, optamos pela concepção de uma superfície permeável à visão: a malha de bambus”, declara Fernando Maculan.
A malha em linhas diagonais faz referência às fachadas ventiladas do mercado, constituídas de Enfatizamos o valor dos fazeres artesanais e do trabalho manual. Para reforçar essa característica, optamos pela concepção de uma superfície permeável à visão: a malha de bambus Fernando Maculan cobogós – inicialmente cotados pelos profissionais para serem utilizados na obra. Em um segundo momento, a decisão recaiu sobre o bambu, por suas características de transparência e permeabilidade. Transparente, a estrutura de bambu permite ao público que está de fora ver o que acontece na escola. “Trata-se de um convite à participação e ao encontro”, ressalta o designer Marcelo Rosenbaum.
O resultado é uma obra com forte apelo contemporâneo, tanto pela forma com que se insere, quanto pelos materiais e equipamentos que nutrem o espaço e permitem seu funcionamento.
Para suportar a sobrecarga da nova estrutura de bambus houve a necessidade de reforço da laje existente com fibras de carbono. “Essa decisão foi tomada após a informação do departamento técnico do Mercado Central sobre a sobrecarga máxima para a laje de até 300kg/m² – uma previsão intuitiva, já que não há registros do cálculo estrutural feito à época da construção”, relata Mariza Machado Coelho.
O projeto demandou um investimento significativo, pois foram testadas várias malhas, com bambus de diferentes dimensões. A execução seguiu rigorosamente o desenho e foi empreendida com perfeição pelos integrantes do Instituto Bamcrus, sob a liderança do mestre bambuzeiro Lúcio Ventania. Reconhecido internacionalmente e sediado em Minas Gerais, ele aglomera um grupo de 30 alunos em formação, originários de comunidades carentes da região do entorno do Instituto Bamcrus.
A malha escolhida tem bordas inferiores ancoradas em calhas metálicas em “U”, situadas ao longo Essa decisão foi tomada após a informação do departamento técnico do Mercado Central sobre a sobrecarga máxima para a laje de até 300kg/m² – uma previsão intuitiva, já que não há registros do cálculo estrutural feito à época da construção Mariza Machado Coelho das bordas da laje existente. Essas calhas foram ligadas transversalmente por perfis metálicos, o que contribui para a transição das cargas em direção aos apoios centrais existentes ao longo do percurso da laje.
Os blocos de apoio apresentam estrutura interna tipo steel-frame, de perfis leves de chapa dobrada, compondo painéis de fechamento e teto. Na área da cozinha, pórticos de perfis “T” metálicos acompanham o desenho da seção transversal da malha de bambus e servem de sustentação para o forro de gesso acartonado.
Para arrematar as hastes de bambu foram feitas amarrações à mão com fibras naturais. Complexa, a obra construída a muitas mãos não apresentou problemas ou dificuldades na montagem. “Houve uma ação conjunta e coordenada entre a empresa Grimaldi Engenharia e o Instituto Bamcrus”, expõe Fernando.
As hastes de bambus que integram a estrutura do espaço são tratadas, externa e internamente, garantindo o caráter permanente da malha que, nestas condições, estarão preservados por mais de 100 anos. O piso neutro é de concreto monolítico polido, e os blocos de apoio, de estrutura metálica interna com fechamentos de painéis de gesso acartonado revestidos por argamassa cimentícia nas faces externas – inclusive tetos. Já as paredes e pisos internos têm acabamento de azulejos. Os vidros utilizados nos fechamentos frontal, posterior e laterais são temperados e incolores. Em forma de abóboda, o teto revela painéis encurvados de gesso acartonado pintado na cor branca, para refletir uniformemente a luz indireta.
No bloco de apoio da cozinha, armários e prateleiras desempenham a função de guardar equipamentos, utensílios e insumos. A bancada expositiva de produtos é constituída de materiais duradouros, como a estrutura frontal de chapas de aço e o tampo de Corian na cor branca. Os acessos, para quem vem do estacionamento, são definidos por painéis de chapa perfurada, transformados em guarda-corpo, além de suporte para corrimão em aço-carbono.
A acústica e climatização do espaço onde acontecem as aulas só foi possível graças ao fechamento de vidro combinado à malha de bambus. A solução mantém a visibilidade da sala para o público do mercado presente nas galerias térreas e até no estacionamento. A cozinha-escola da Nestlé ocupará uma laje em “L” e abrigará, também, um espaço livre reservado para diversos eventos. Os dois blocos de apoio – sanitários, insumos e equipamentos – estão posicionados nas extremidades de cada ala, próximos aos acessos.
A iluminação mais dramática da malha prevê uma linha de pontos de luz embutidos no piso, nas duas bordas laterais, com 1 m de espaçamento, em um total de 110 peças.
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