O projeto arquitetônico da Casa LSG DM, assinado pelo escritório RMK! Arquitetura, sintetiza o desejo dos moradores, que era ter um lar que primasse pelo essencial, sem excessos, com espaços amplos e integrados, para que recebessem bem seus convidados. As formas puras e a materialidade que mescla transparências com opacidade, utilizando-se de materiais em estado bruto, contrapõem-se aos planos verticais que desenham a residência.
A morada foi construída num terreno longitudinal de 635,23 m², em Pelotas (RS). “As influências estão na arquitetura moderna e contemporânea brasileira, porém, com forte inspiração da materialidade e despojamento da cultura uruguaia, devido à proximidade geográfica, climática e cultural”, comenta o arquiteto Otávio Riemke.
A premissa foi organizar o programa da Casa LSG DM em duas unidades formais: um volume envidraçado que segura um prisma em concreto aparente.
O pavimento térreo é basicamente envidraçado – com exceção de onde ficam as áreas técnicas, revestidas por painéis camarão em madeira. As amplas superfícies de vidro delimitadas por empenas em pedra natural foram feitas para abrigar o setor social, permitindo maior integração com o lado de fora. Já os brises de madeira, dispostos em ritmo aleatório, proporcionam a privacidade nos ambientes, controle da insolação e criam uma relação cordial com o entorno.
“A projeção do segundo bloco sobre o térreo, principalmente o balanço que gera o abrigo para os veículos, representou um grande desafio do ponto de vista estrutural”, revela Riemke. A partir disso, os balanços criados pelo avanço do pavimento superior sobre o térreo formaram a varanda externa e a garagem. Sob a laje do térreo, as áreas de serviço ficam concentradas num volume amadeirado e as portas de correr liberam a integração da parrilla com o estar.
O volume superior é eminentemente em concreto aparente por questões de demanda estrutural e se contrapõe de forma ortogonal à disposição do térreo – “balançando” em ambas as direções. Esse bloco possui painéis camarão para filtrar o excesso de insolação onde foram dispostas as aberturas dos ambientes íntimos – na fachada com as melhores visuais e controle da iluminação e ventilação naturais.
Assinado pelos arquitetos Juliana Schnor, Karine Damasio e Bernardo Medeiros, o projeto de interiores teve como premissa a laje de concreto aparente do térreo. Para neutralizar os planos horizontais e para destacar o mobiliário no estar, os profissionais desenharam um piso de ladrilho hidráulico com tom semelhante à laje bruta. Sendo assim, a mobília de designers nacionais com estruturas de madeira foi evidenciada pela uniformidade da tonalidade do piso e da laje.
“Além dos móveis soltos, os grandes painéis de madeira cumaru e os planos em pedra encontradas na região, auxiliaram na diferenciação dos planos verticais, quebrando a frieza dos materiais cimentícios”, explica o arquiteto.
No pavimento superior, onde concentram-se os espaços íntimos, foi realizado um tratamento diferenciado em relação ao inferior. Com piso em réguas de madeira e forro de gesso com iluminação embutida, os ambientes têm uma relação mais acolhedora. Conectado à sala de estar íntima, o terraço tem um espaço para esquentar que é abraçado por um sofá em U desenhado pelos arquitetos.
O paisagismo da residência foi desenvolvido a partir do desejo do morador de que o seu jardim fosse uma extensão do parque do condomínio – ambos projetados pelo escritório Inflorescência Paisagismo. O projeto deveria preservar a linguagem da vegetação das terras baixas da região e atender uma expectativa alta de coleção de mobiliário.
No pavimento térreo, junto ao estar externo, foi aproveitada uma pequena faixa de canteiro para o plantio de arbustos e palmeiras de pequeno porte, a fim de gerar privacidade sem que a insolação do norte fosse obstruída. Foram plantadas mudas de Imbira (Daphnopsis racemosa), Pitangueira Anã (Eugenia mattosii) e Butiazeiro da Praia (Butia catarinensis). Para a lateral da casa foram transplantados Butiazeiros de grande porte (Butia sp.) para deter parte da insolação oeste que incide no terraço do segundo pavimento.
No terraço foram plantadas em muitos vasos apenas xerófitas, com a intenção de reduzir manutenções sem renunciar a uma ambiência cheia de cores e aromas. “Nas áreas externas de convivência foram dispostos mobiliário do Atelier Carlos Motta e luminárias de piso e parede fornecidas pela Lumini e pela Movin Concept Store, para o caso da luminária Potence, de Jean Prouvé”, conclui Riemke.
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