A represa de Piracaia e as montanhas da Serra da Mantiqueira, no interior de São Paulo, formam o pano de fundo de um recente projeto arquitetônico do escritório Nitsche Arquitetos Associados, concluído em 2015. Trata-se de um projeto que ilustra muito bem os conceitos que procuramos seguir. Apesar de grande, o programa da casa é muito simples de ser entendido André ScarpaA ampla varanda funciona como o coração da casa e é um convite para contemplar a bela paisagem.
A parceria dos arquitetos Lua Nitsche, Pedro Nitsche e André Scarpa com os moradores resultou na harmonia de todos os elementos que compõem a Residência em Piracaia.
O lote de 36.600 m² onde o projeto foi implantado fica à beira da represa e declina suavemente em sua direção. “O terreno era bem grande, porque se tratava de dois lotes de um condomínio fechado. A topografia é relativamente acentuada, e a inclinação é de cerca de 10%”, apresenta Pedro Nitsche.
A inclinação ocorre da rua de entrada ao limite da barragem. Segundo Scarpa, isso facilitou o uso de meios níveis na casa. Dessa maneira, o acesso pode ser feito tanto pela garagem – no piso inferior –, como diretamente pela casa – no térreo.
“Apesar da topografia, conseguimos combinar o nível do térreo com a continuação desse declive e fizemos uma espécie de arquibancada artificial”, conta. O embasamento de concreto feito na arquibancada-escada de grama, que se encontra no fundo da Residência em Piracaia, permitiu a contenção do terreno para a construção da garagem.
Os proprietários desejavam uma casa de fim de semana, mas com um programa para todas as necessidades e, sobretudo, para o acolhimento dos hóspedes. Há a área íntima dos dormitórios e a social, com sala de estar, jantar e cozinha. “Fizemos a varanda o mais generosa possível, para integrar a casa com o lado de fora”, explica Lua Nitsche.
A varanda tem 57 m de comprimento – um desejo dos moradores para que todos os ambientes fossem voltados para a represa e para as montanhas da Serra da Mantiqueira, que se erguem ao fundo.
"Trata-se de um projeto que ilustra muito bem os conceitos que procuramos seguir. Apesar do tamanho da casa, seu programa é muito simples de ser entendido. Ao entrar pela varanda você já percebe a organização da casa. Ela não é labiríntica", comenta Scarpa.
A residência ainda tem um solarium com uma piscina de borda infinita e uma sauna e, logo abaixo da garagem, as áreas de serviço, a lavanderia, alguns espaços técnicos, a casa de caseiro e quadras de futebol e de tênis.
A estrutura da casa é um mix de materiais predominantes. O conjunto é estruturado, basicamente, com concreto, madeira, alumínio e vidro. Cada um inserido onde consiga ser notado sem se sobressair sobre os demais.
Os grandes vãos e os panos de vidro que rodeiam a Residência em Piracaia permitem que a circulação seja abundante em todos os ambientes e garantem iluminação natural durante parte do dia, sempre integrando a natureza com a arquitetura. “O fato de a casa ter bastante vidro e muita abertura faz com que ela troque muito o ar, então a ventilação é muito boa”, menciona Pedro Nitsche, completando: “Nos volumes dos quartos, temos um forro de mdf solto da cobertura metálica, de modo a reforçar a ventilação”.
O fato de a casa ter bastante vidro e muita abertura faz com que ela troque muito o ar, então a ventilação é muito boa Pedro NitscheA fachada voltada para represa é fechada com caixilho de alumínio. “O fundo tem também bastante caixilho, mas ali algumas partes são fechadas por um painel de placa cimentícia”, revela Lua Nitsche. Os painéis cimentícios na cor cinza grafite estabelecem uma modulação relacionada com a estrutura na fachada do fundo.
Esse painel chama-se viroqui e, com sua cor cinza grafite, estrutura toda a fachada do fundo. A arquiteta comenta, ainda, que a cobertura é em telha sanduíche, para garantir o conforto termoacústico nos ambientes internos. Apenas a cozinha, a sala de TV e as suítes têm forro; nos outros ambientes da Residência em Piracaia, a telha pode ser vista por baixo.
As áreas frias foram revestidas por ladrilho hidráulico. As fechadas e íntimas receberam piso de madeira cumaru.
Sobre os ambientes internos mais reservados, Scarpa conta que usaram a madeira no mobiliário, nos camarões dos quartos e em uma espécie de baia em frente aos banheiros, para criar espaços mais íntimos e filtrar a iluminação direta nos dormitórios. “Fora os generosos beirais que temos, de 2,3 m, em volta da casa. Eles garantem a proteção da chuva e funcionam como um grande guarda-sol acima desses espaços de estar”, conclui.
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