Transformar um antigo espaço e potencializá-lo a receber novas instalações, mas sem se desprender da originalidade da raiz arquitetônica. Nada supera a harmonia entre os traços construtivos de uma casa da década de 1950 e a contemporaneidade de elementos que impulsionam o programa a estabelecer-se como representante da arquitetura moderna.
Esse conceito acompanha o projeto de um longevo sobrado readequado a uma loja de roupas em tradicional bairro de Belo Horizonte, Minas Gerais, região considerada o novo centro de comércio de moda e design da cidade.
“A partir da reforma da antiga casa, precisávamos criar o espaço e a imagem que atendessem às demandas da loja, sem que isso significasse em colocar abaixo a construção existente. Tudo isso em um tempo bem escasso para a execução”, afirma o arquiteto Marcelo Alvarenga, reforçando as condicionantes do projeto.
O ponto de grande impacto está na fachada do antigo sobrado, que é mantida – assim como o telhado de barro –, porém coberta por uma grande malha metálica. O grande beiral de concreto já existente, com balanço de 1 m, possibilita a montagem do material de maneira sobreposta à fachada de alvenaria. Como explica o arquiteto, “a solução gerou grande economia de material, ao mesmo tempo em que consolida a ideia de ‘vestir’ a construção como uma malha, remetendo diretamente ao tricô e às malhas produzidas pela marca”.
O contraste entre a malha metálica e o fundo repercutiu na estética do edifício. A partir do momento que o projeto arquitetônico fecha algumas janelas e utiliza uma cor forte, que pode ser alterada de acordo com as estações ou outras estratégias comerciais da empresa.
Além da remodelação da fachada, outras intervenções foram executadas. A estrutura do pavimento térreo, por exemplo, foi completamente refeita para alcançar maiores vãos. Isso só foi possível por causa do uso de uma estrutura metálica, com pilares e vigas, acrescentada para permitir que as paredes e elementos construídos fossem removidos. A exceção foi uma escada antiga de madeira, bem no centro, feita artesanalmente, que se destaca pela beleza e autenticidade.
“No geral, os materiais utilizados foram econômicos. Os principais foram o aço, escolhido principalmente pelas soluções técnicas que proporciona; o gesso, especificado para atender necessidades estéticas relacionadas a limpeza, uma vez que em reformas não há estruturas e instalações organizadas; pedras e vidro, determinados por razões estéticas e funcionais”, relata.
Já uma pérgola metálica, executada na lateral, também gerou grande transformação, uma vez que integra o antigo recuo lateral existente em um único espaço de loja.
“Esse foi um elemento de extrema importância na loja, fruto do projeto das artistas Ana Vaz e Susana Bastos. Solicitamos que algum objeto fosse criado no pergolado para que as roupas pudessem ser dependuradas de maneira variada. As artistas utilizaram os desmanches e as linhas usadas no tricô, tudo em tons de branco e off-white, criando uma espécie de trepadeira, onde as roupas “brotam” e se destacam”.
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