Contestando inúmeros desafios arquitetônicos, o escritório Königsberger Vannucchi assina o projeto do maior arranha-céu de São Paulo, o Platina 220. O imponente edifício de 172 metros de altura fica no bairro Tatuapé, zona leste da capital paulista.
Durante o briefing com a construtora, foi estudado um prédio com torre única e de uso misto – lojas, hotel, apartamentos residenciais, escritórios corporativos e salas comerciais. O título de prédio mais alto foi apenas um fator resultante no processo construtivo.
“A implantação do eixo platina é um marco para a cidade. Você vê de longe, marca um lugar e marca esse eixo que será uma maravilha quando estiver todo ocupado”, conta o arquiteto Gianfranco Vannucchi, à frente do escritório.
A implantação do eixo platina é um marco para a cidade. Você vê de longe, marca um lugar e marca esse eixo que será uma maravilha quando estiver todo ocupado Gianfranco Vannucchi
Em um terreno já determinado – com 6.400 m² –, os arquitetos foram contemplados com um amplo espaço flexível e com muita liberdade de projetar, já que um novo plano diretor tinha sido aprovado na época (2014).
“Reconhecemos que o novo plano diretor trazia como foco a fachada ativa, incentivo ao uso misto e a cota de solidariedade que, inclusive, foi um dos primeiros e poucos projetos de São Paulo que provocou essa iniciativa. Então, a Porte Engenharia e Urbanismo tinha esse terreno, foi aprovado um novo plano diretor e eles vislumbraram a possibilidade de ganhar muito potencial construtivo”, explica o arquiteto Alexandre Daud.
Para facilitar os acessos e otimizar o fluxo, os arquitetos pensaram em gentilezas urbanas, criando um acesso social na entrada que possibilita a passagem de veículos. Além disso, o térreo tem uma extensa marquise e é de livre acesso para pedestres, com bancos públicos que fazem toda diferença no dia a dia de quem passa por ali.
“O papel do arquiteto é desenvolver um projeto para uma família ou um cliente final. Mas, além disso, é projetar para a cidade. Então, mudar esse projeto para uma nova centralidade que está sendo desenvolvida aqui [na zona leste], que é um bairro incrível, é motivo de muito orgulho para nós”, expõe a arquiteta Liliana de Sá.
Com 46 andares, o Platina é um edifício que atende um programa complexo. O que difere os usos são as alturas e cores empregadas em cada um.
O térreo reúne uma variedade de lojas que percorre todo edifício. Um prisma branco, em toda sua extensão, abriga as lajes corporativas e é abraçado pelos contrafortes que são em três tons de cinza: os conjuntos comerciais (na parte intermediária), o hotel e as unidades residenciais (no terço mais baixo da edificação).
Nos espaços de uso comum, o escritório buscou criar ambientes que pudessem ser frequentados por moradores, colaboradores dos escritórios ou até por quem está hospedado.
O restaurante percorre todo terraço e fica à frente do shopping Metrô Tatuapé e o lounge externo é rodeado por uma generosa área verde que pode ser contemplada em momentos de lazer. Do outro lado, uma piscina com raia, uma academia e o salão de festas bem equipado para atender o público.
Apesar de alguns prédios, a região tem muitos visuais horizontais por todos os lados. Segundo os arquitetos, a partido que definiu o projeto era a conexão com o entorno, já que o metrô e o shopping está logo ao lado do empreendimento.
“Por ser uma região bem movimentada, a ideia é que o edifício trouxesse pessoas trabalhando, circulando, vivenciando esse lugar. Essa relação intensa que ele tem com as ruas é uma coisa muito interessante e que favorece o fato de você ter a continuidade de esquina e ela dar um desenho urbano contínuo”, complementa Daud.
Os arquitetos procuraram idealizar uma fachada suave e limpa – diferente do que comumente é visto em prédios –, sem o uso de vidros espelhados. O jogo de janelas e varandas permitiu criar uma fachada ventilada que possibilita aos usuários contemplarem toda a dimensão da cidade.
O sistema industrializado, que foi empregado no projeto, gera baixa manutenção, sendo extremamente importante para um prédio tão alto como o Platina. Ademais, promove o conforto térmico, reduzindo o consumo de ar-condicionado.
Uma curiosidade no projeto do Platina é que ele nasceu para ser um pré-moldado de concreto e passou bastante tempo até a sua aprovação. E, nesse meio tempo, o escritório alterou a fachada para um acabamento com porcelanato em quatro tons diferentes de acordo com cada uso.
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