A arquitetura brutalista brasileira, sobretudo a corrente manifestada entre os anos 50 e 70, inspirou o projeto arquitetônico da Casa D, localizada na Praia Alegre, região litorânea de Penha (SC). Concebida pelo escritório PJV Arquitetura, a residência se define pela estrutura portante feita de concreto aparente, com diversos tipos de fechamentos. A composição busca revelar a natureza nua e crua dos materiais.
Os proprietários queriam uma casa de praia com muitos quartos e ambientes sociais para que pudessem reunir a família nos fins de semana e nas férias. Em parceria com os clientes, o escritório criou um design singular, prático e funcional.
“Criamos uma caixa vazada, com fechamentos planos feitos de diversos materiais e texturas”, descreve o arquiteto e autor do projeto Pablo José Vailatti.
A Casa D foi formalmente desenhada a partir da própria estrutura portante – feita em concreto armado – na qual vigas e pilares medem 0,3 m x 0,6 m. Esse esqueleto deixa claro, até mesmo pelo lado de fora, como o edifício se organiza e quais as suas partes.
Uma das maiores dificuldades da obra foi, justamente, executar esse tipo de estrutura em uma região litorânea, pois os riscos de desgastes são ainda maiores devido à ação do tempo e da maresia. “Escolhemos o concreto armado pelo conhecimento dos construtores locais e pelo seu custo atrativo, no entanto, tivemos que proteger a estrutura de alguma forma”, conta Vaillati.
Dentre as precauções adotadas foram: espaçadores entre a ferragem e a caixaria para garantir o cobrimento mínimo do aço; vibrador elétrico na concretagem, que evita o surgimento de bolhas e assegura a resistência do material; e por último, aplicação de desmoldante nas caixarias.
A estrutura portante da Casa D ganha ainda mais destaque em função dos fechamentos, com materiais como alvenaria branca, tijolo maciço sem revestimento e vidro temperado. Conforme aponta Vaillatti, os painéis transparentes – fixos e de correr – vão de viga a viga e possuem 2,70 metros de altura, enquanto o concreto aparente prevalece na laje e no teto do pavimento térreo, assim como nas coberturas das sacadas. E, acima da estrutura de concreto, um volume curvo – que contém as máquinas e as caixas da água – é revestido de tijolo aparente.
Entre o pilar de concreto e a alvenaria branca, a esquadria foi trabalhada em perfis de alumínio preto, com profundidade de 1,5 cm, para traduzir a independência entre estrutura e fechamento. Também executadas com esse mesmo material, as tubulações de descidas das águas pluviais são externas e aparentes nas fachadas, tal como chaminés. “Além de combinar com as sacadas em balanço e os guarda-corpos, esses elementos buscam impactar o mínimo possível na estrutura, apenas ‘tocando-a’”, explica Vaillati.
A proposta arquitetônica incorporou boa parte dos materiais utilizados no interior da residência. Dessa maneira, tanto os tetos do térreo, quanto as vigas e os pilares foram executados em concreto aparente. Já as paredes dos quartos e das salas são revestidas de tijolos, sem nenhum revestimento.
A implantação da casa junto à esquina, no sentido oeste, cria um grande pátio de convívio na porção leste do terreno, destinado a atividades ao ar livre e à construção de uma futura edificação.
O programa da Casa D, de 258 m², exigia sete dormitórios, sendo que seis deveriam ficar no piso superior e um no piso térreo, dividindo espaço com o setor social e com as áreas de serviço e apoio.
Neste pavimento térreo, os dois ambientes de convívio social são interligados entre si por duas portas de vidro, e integram-se também ao ambiente externo, onde há uma pequena varanda lateral e o grande pátio, caracterizado pelo tapete de grama.
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