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Módulo Alto de Pinheiros

Módulo Alto de Pinheiros
De estrutura metálica, erguido em apenas 10 meses, o prédio comercial sedimenta uma nova forma de trabalhar, que privilegia espaços informais, amplos, inundados de luz natural e férteis à criação e à produtividade. Imagens: Daniel Ducci
Módulo Alto de Pinheiros
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Módulo Alto de Pinheiros

Ambiência doméstica

Texto: Gabrielle Victoriano

O empreendimento inovador rompe com o tradicionalismo das torres quase inteiramente vedadas e impessoais, tão frequentes nas metrópoles do mundo Luiz Fernando Rocco, Fernando Vidal e Douglas Tolaine

Um novo conceito de prédios comerciais surge nas grandes cidades. Ele valoriza ambientes menos formais, com ar mais doméstico, descontraído e fluido. Em São Paulo, no bairro Alto de Pinheiros, a nova proposta de espaço corporativo ganhou forma no Módulo Alto de Pinheiros, caracterizado por lofts de 70 a 228 m, com vãos de até 12 metros possibilitados pela estrutura metálica e cobertura de telhas de aço.

“O empreendimento inovador rompe com o tradicionalismo das torres quase inteiramente vedadas e impessoais, tão frequentes nas metrópoles do mundo”, contam os arquitetos e autores do projeto, Luiz Fernando Rocco, Fernando Vidal e Douglas Tolaine, do escritório RoccoVidal Perkins+Will.

Outro importante ponto na construção é a presença maciça do verde, que evidencia a fachada e laterais do edifício central. São mais de 30 jardineiras sustentadas por meio de ganchos em um gradil metálico, cuja peça pré-fabricada de concreto conta também com sistema de irrigação. Luiz Fernando Rocco ressalta que a vegetação abundante se harmoniza com o conjunto urbanístico do bairro.

Baixo, mas com pé-direito duplo, o prédio é transparente e aberto para toda a cidade através de uma praça com bancos e jardins. São 40 m² transformados em uma praça doada ao uso público Foto: Daniel Ducci

Aberto para a cidade

Baixo, mas com pé-direito duplo, o prédio é transparente e aberto para toda a cidade através de uma praça com bancos e jardins. São 40 m² transformados em uma praça doada ao uso público. “Ao mesmo tempo, o lugar é uma continuação do empreendimento, sendo um convite à harmonia entre os escritórios e a vizinhança”, reflete Fernando Vidal. Há também outras pequenas praças, jardins e áreas de convívio com pisos integrados que utilizam quase todo o recuo do terreno.

As janelas são imensas, e as varandas privativas servem para abrigar reuniões ao ar livre, deixando o ambiente de trabalho leve, criativo, quase como se fosse uma extensão da própria casa. O prédio comercial sem muros expõe em seus limites apenas cercamentos metálicos camuflados pela vegetação.

Estrutura metálica

O Módulo Alto de Pinheiros veio resgatar uma maneira respeitosa de habitar São Paulo, quando era possível caminhar até o trabalho, cumprimentar pessoas conhecidas na rua e se sentir parte integrante da cidade Douglas Tolaine

A agilidade na construção – realizada em apenas 10 meses – só foi possível graças à escolha da estrutura metálica e das telhas de aço termoacústicas. O sistema construtivo industrializado e racional facilitou a logística do canteiro de obras, além de reforçar o conceito de projeto inovador, despojado e em consonância com o meio ambiente. O traço moderno é reforçado pelo conjunto de vigas e pilares expostos com naturalidade e pelas cercas metálicas recobertas com vegetação.

Materiais e acessos

Luz natural e revestimentos amadeirados estão presentes no projeto para transmitir calor humano e bem-estar. Até mesmo o vidro, um produto naturalmente frio, que inspira tecnologia, no Módulo Alto de Pinheiros, transpira natureza. Usado como revestimento nas fachadas, ele espelha e multiplica o verde abundante do entorno e da própria construção.

Apenas o núcleo central do edifício concentra o acesso principal e a circulação vertical do conjunto, feita por elevadores. Já os outros módulos oferecem escadas para locomoção. As torres são interligadas pelo alto, através de passarelas, e, a partir das torres secundárias, o acesso às praças é permitido, mas de forma restrita.

Os caixilhos de alumínio basculantes favorecem a ventilação cruzada Foto: Daniel Ducci

Em harmonia com o entorno

O empreendimento está localizado em um bairro extremamente inspirador que, como poucos outros dentro de São Paulo, consegue oferecer tudo o que o paulistano tem direito: muito verde, casas e sobrados, boas escolas, um comércio local completo e trânsito de cidade do interior. O conjunto oferece quatro edifícios baixos e treze escritórios para locação, com terraços amplos e repletos de luz natural.

Para a implantação foi necessária a união de três terrenos de geometria complexa, com 60 metros de frente. Na periferia do lote ficam três módulos de dois pavimentos quase abraçando a construção central, de três pavimentos. A torre central predomina na paisagem com um desenho conciso, de volumetria retilínea.

Em meio aos sobrados e às ruas arborizadas, o complexo está tão integrado à paisagem que, mesmo sendo comercial, não causa estranheza aos transeuntes. “A impressão de quem passa pelas ruas é a de que a construção sempre esteve ali, tamanha é a harmonia com o entorno. O Módulo Alto de Pinheiros veio resgatar uma maneira respeitosa de habitar São Paulo, quando era possível caminhar até o trabalho, cumprimentar pessoas conhecidas na rua e se sentir parte integrante da cidade”, conta Douglas Tolaine.

Conforto térmico e eficiência energética

Vários elementos atuam como brises. São pérgolas e beirais que sombreiam. Passarelas e jardineiras que funcionam como barreira à insolação excessiva. Por sua vez, os caixilhos de alumínio basculantes favorecem a ventilação cruzada. E os conjuntos ainda oferecem iluminação frontal e lateral. “Todos esses elementos trabalham para trazer conforto térmico e eficiência energética ao Módulo Alto de Pinheiros. Um prédio aberto, na contramão dos edifícios de escritórios com máxima vedação, que exigem o uso do sistema de ar condicionado”, conta Fernando Vidal.


 

 

 

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Área do terreno: 1550 m²
  • Área construída: 1627 m²

Ficha Técnica

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