Muito antes desta residência ser erguida no terreno de 1.000 m² escolhido para ela – no Alto de Pinheiros, em São Paulo –, um vistoso Flamboyant já era o ‘dono do pedaço’. Preservá-lo se tornou, assim, palavra de ordem para os arquitetos do escritório Perkins+Will, convidados a desenvolver o projeto arquitetônico.
Batizada, então, de Casa Flamboyant, a morada deveria respeitar ao máximo as condições existentes do local. “O terreno foi escolhido pelos moradores por causa das suas características naturais, pois cerca de 50% dele estava ocupado por uma generosa vegetação. Toda essa integração com o verde foi bastante importante, sendo que de toda a casa você desfruta do jardim”, conta o arquiteto Fernando Vidal.
Antes de definir o partido, os arquitetos buscaram entender os aspectos ali presentes. Com o Flamboyant como protagonista, todas as soluções foram pensadas em função dele, conforme as necessidades.
A árvore deveria ser visível por todos, e ambientes como sala de estar, sala de jantar e varanda gourmet deveriam estar ligadas a ela.
Uma grelha de madeira laminar estrutural fechada com vidro – desenvolvida juntamente com o engenheiro estrutural Hélio Olga – entrelaça e conecta o jardim do fundo do terreno à rua, sendo este o elemento arquitetônico mais marcante.
O desenho desta estrutura somente foi possível graças ao mapeamento tridimensional realizado no início do processo. Assim, suas dimensões e alturas conseguiram reduzir ao máximo o impacto na paisagem.
Essa grelha tem início na entrada da casa, permeia por todo o terreno e termina ao final dele, cumprindo função tanto estética quanto estrutural – sem falar que faz a integração entre exterior e interior.
“O projeto conta com linhas mais contemporâneas e com volumes que se sobrepõem, ao mesmo tempo que traz esse conceito mais quente da madeira, um ar mais natural”, relata o arquiteto.
Além disso, por conta dos painéis de correr de vidro, a residência tem uma integração visual e física bem intensa, deixando o visitante sem definir ao certo se está em um ambiente interno ou externo.
O projeto de iluminação e as aberturas da residência favorecem o cruzamento de luz e ventilação natural, tanto na parte social, quanto na área superior, onde estão os quartos. A parte inferior também conecta os dois lados.
Tanto o jardim do fundo – que é maior – quanto o do início fazem o papel de captar a iluminação e favorecer o conceito de ventilação cruzada. A vegetação está presente ao longo de toda a casa, incluindo a garagem e a área de serviço.
“A casa funciona superbem com o clima tropical que temos no país, inclusive optamos por plantas mais brasileiras. Você consegue sentir todo esse verde abraçando a casa”, explica.
A casa foi desenvolvida em dois níveis: um andar inferior, que abriga dormitório do casal, escritório residencial, sala íntima, garagem e áreas de serviço. E o andar superior, que conta com os quatro dormitórios dos filhos e uma outra sala íntima, um pouco mais isolada.
Como os moradores têm uma relação bastante forte com a gastronomia, os arquitetos procuraram integrar a cozinha gourmet com a área social, da mesma forma como decidiram colocar uma churrasqueira e um forno de pizza na varanda.
“Você não tem a sensação de que é uma cozinha, parece mais como ambiente social da residência”, comenta Vidal.
Na decoração, o escritório optou por uma mistura de cores quentes com cores sóbrias, mas em pouca quantidade, afinal, os materiais naturais como madeira, pedra e vidro roubam a cena.
Trata-se de uma casa acolhedora e toda integrada, que traz a mistura de materiais naturais frios e quentes, além de linhas contemporâneas com sua proporção de cheios e vazios. “É um projeto atemporal e ao mesmo tempo contemporâneo. A casa é o símbolo do que procuramos desenvolver em nossa arquitetura, trazendo inovações estruturais e de materiais”, conclui o arquiteto.
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