Localizada em Porto, Portugal, a Clínica Dentária projetada pelo escritório Paulo Merlini Arquitetura teve a orientação solar como guia para definir, em grande parte, o desenho para o espaço. “A forma incomum, o estreitamento, a amplitude vertical do espaço e as duas grandes fachadas de vidro nos ajudaram a definir a organização dos ambientes”, comenta o arquiteto Paulo Merlini.
O espaço onde foi implantada a clínica caracterizava-se por duas fachadas envidraçadas: a nascente e a ponte. Pela amplitude vertical e pela sua largura estavam relativamente reduzidas. Essas características, assim como a orientação solar definiram o desenho do espaço.
A recepção e sala de espera são caracterizadas por uma grande caixa branca que flutua no ar tirando partido da amplitude espacial. “O principal fator para a criação deste volume partiu da necessidade de controlar o calor excessivo. Como solução, projetamos luz direta que entra pelo envidraçado da fachada principal”, conta.
O interior deste grande volume suspenso mimetiza a ideia de um telhado de duas águas, proporcionando ao paciente uma sensação familiar de conforto. Da cobertura uma série de lâmpadas flutuam no ar, preenchendo o espaço de luz. A caixa suspensa filtra a luz excessiva e o consequente calor da fachada envidraçada no final do dia.
Em termos organizacionais, a grande dimensão da caixa empurra as principais áreas de trabalho para a fachada posterior. Este posicionamento dos gabinetes médicos junto à fachada posterior torna menos casual. “Devido à orientação solar, esses espaços são banhados diariamente por uma luz refletida pelo céu que proporciona ótimas condições de iluminação para as atividades que o programa propõe”, explica o arquiteto.
Lateral ao volume suspenso, uma elegante escada nos guia para a pequena sala de espera situada no piso superior. Debaixo do acesso vertical, uma parede de espelho cria a ilusão de um espaço mais amplo, resolvendo a sensação de estreitamento que se sentia ao entrar na clínica.
Lá encontramos uma janela na altura do chão que cria uma forte relação visual com o térreo, permitindo ver as lâmpadas de cima. Ao entrar no espaço, o vão recortado da caixa quebra a clausura da mesma e conduz o olhar do observador a uma orientação diagonal.
“Da perspectiva de entrada, a janela é um elemento muito importante, pois guia os olhos do observador para uma posição diagonal. Este movimento da cabeça reforça a importância da caixa suspensa”, completa.
Por toda a clínica, os elementos naturais assumem um papel predominante. Trazendo uma sensação de frescor e conforto, além de ajudar no controle da luz direta e da privacidade, eles cumprem uma função lúdica em certos casos.
No gabinete de estomatologia – ramo da medicina que estuda e trata das doenças da boca e dos dentes – os elementos vegetais localizados no exterior assumem uma grande importância visual.
“A ideia é criar uma distração ao paciente baseada no movimento constante das folhas, assim como nos efeitos luz e sombra criados pela ação do vento. Desta forma, é gerado um novo foco de atenção, na expectativa de diminuir qualquer sensação desagradável que possa ser causada pelo tratamento”, finaliza Paulo.
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