A empresa St. Jude Medical desenvolve serviços médicos e tecnologias – entre elas a fabricação de válvulas cardíacas biológicas. Além de oferecer uma arquitetura funcional, com programa impecável, sua nova estrutura deveria marcar presença ao refletir a alta tecnologia e a pesquisa envolvida em seu produto, sem, entretanto, ostentar materiais caros.
O cliente precisava de um projeto que funcionasse muito bem com todas as especificidades de sua cadeia produtiva. Promovemos uma composição em diferentes texturas na cor branca, telha e fulget. Cada uma diferencia os usos administrativos e de produção. Trata-se de um projeto superfuncional, sem perder sua elegância Paulo Bruna“Desde o início visamos separar bem os fluxos e criar processos dentro do conceito de lean manufacturing”, relata o arquiteto Paulo Bruna, do escritório Paulo Bruna Arquitetos Associados. Esta linha resolveria uma série de questões técnicas, como a separação dos fluxos da produção, administração e dos visitantes, uma vez que muitos médicos visitam a fábrica para conhecer a tecnologia. Outras questões consideradas se relacionam aos sistemas de climatização para salas limpas e acessos com antecâmaras.
O terreno em aclive fica junto ao Novo Polo de Tecnologia, criado na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Desenvolvido pelos arquitetos Paulo Bruna e Pedro Bruna, além da equipe da ST. Jude, o projeto ergue-se em uma cota alta, que se destaca pelo design, cujo jogo de volumes em balanço está debruçado sobre a vista.
Sem realizar intervenções estruturais, mesmo na implantação, a arquitetura respeitou a topografia ao acomodar a construção em patamares que seguem as curvas de nível. Pedro Bruna ressalta que o entorno do edifício foi mantido ao máximo, para tirar proveito da privilegiada posição alta, marcando presença. O projeto em único bloco concentra a parte de serviços – vestiários, refeitório, casa de máquinas e depósitos – no pavimento térreo e produção/administração no andar superior.
Com estrutura pré-fabricada de concreto e cobertura metálica com telhas zipadas – que evita infiltração –, os grandes planos transparentes da fachada marcam a localização de escritórios e áreas de estar, enquanto as faces opacas correspondem a setores da produção, que não podem sofrer exposição ao sol.
Para tentar minimizar a sensação de claustrofobia nesse setor, os arquitetos abriram apenas algumas pequenas janelas sombreadas por brises em uma das frentes. Nesse caso, o uso do vidro e do concreto teve a função de proteger e ressaltar as aberturas que, durante a noite, vazam luz lavando as fachadas.
Como a sala é climatizada, era importante garantir o isolamento térmico para tentar reduzir ao máximo o consumo de energia. Razão pela qual o projeto previu isolamento com painéis com poliisocianurato em todas as salas, além de telhado metálico zipado com telhas sanduíche de feltro de lã de vidro. Estas e outras soluções seguem o conceito arquitetônico do prédio que priorizou a baixa manutenção, além de reduzir ao máximo o consumo de energia, “o que se traduz em sustentabilidade”, resume Paulo Bruna.
A aprovação da planta – dentro de rigorosos critérios de produção em salas limpas, pois grande parte do produto é exportado para a Europa e o Japão, exigindo certificações de todos os ambientes de trabalho – exigiu o esforço de toda a equipe local. “O cliente precisava de um projeto que funcionasse muito bem com todas as especificidades de sua cadeia produtiva. Promovemos uma composição em diferentes texturas na cor branca, telha e fulget. Cada uma diferencia os usos administrativos e de produção. Trata-se de uma construção superfuncional, sem perder sua elegância”, descreve o arquiteto.
Sempre que possível, priorizamos ambientes com iluminação natural abundante e cores quentes. Para compensar a ideia de um espaço cerrado, concentramos o conforto por meio da escolha de materiais alegres e iluminação farta Pedro BrunaDevido às condições específicas da produção, o edifício é muito fechado. Assim, o vidro e as aberturas têm a função não só de dar vida à fachada, mas de tornar todo restante do prédio um lugar mais agradável e visualmente aberto. Nos pisos externos foi usado um porcelanato antiderrapante.
A ST. Jude Medical não apresenta apenas um conceito construtivo fechado. Seus ambientes possuem características isoladas e frias, e, durante o processo de produção, os funcionários trabalham totalmente paramentados, com apenas os olhos à mostra. Esta realidade constituiu um desafio na hora de projetar um design de interiores voltado para o bem-estar de seus usuários.
“Sempre que possível, priorizamos ambientes com iluminação natural abundante e cores quentes. Para compensar a ideia de um espaço cerrado, concentramos o conforto por meio da escolha de materiais alegres e iluminação farta”, explica Pedro Bruna. Os pisos são revestidos por mantas vinílicas. Já o projeto de paisagismo implementou plantas locais adaptadas ao clima, que dispensam irrigação e grandes manutenções.
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