Ao projetar o edifício residencial Sodré272, no bairro de Passo d’Areia, em Porto Alegre (RS), o escritório Oficina Conceito Arquitetura estabeleceu uma singela ligação com o entorno. De acordo com o arquiteto Maurício Ambrosi Rissinger, o prédio em concreto aparente construiu uma escala mais humana com a cidade, não só por sua materialidade, como também pelo respeito à paisagem urbana e às construções vizinhas.
Uma curiosidade é que o projeto arquitetônico foi implantado num lote bem peculiar, em uma “falsa” esquina criada a partir da canalização do Arroio da Areia, um dos canais que liga o curso da água na capital gaúcha.
O programa do Sodré272 foi organizado a partir dessa esquina, que se tornou o ponto de partida da obra. Ao observar a orientação solar norte, o arquiteto decidiu criar um volume diferente na vizinhança. “Optei por voltar o prédio para a passagem de pedestres através de grandes sacadas”, revela.
As sacadas agem com funções distintas, mas foram essenciais para a implantação do edifício de acordo com o idealizado. Elas tornam os moradores os próprios “seguranças” da rua e auxiliam na proteção solar em dias quentes. Em contrapartida, para os períodos em que os raios solares são mais baixos, foram instalados grandes painéis deslizantes que filtram a luz e trazem a textura e o toque da madeira natural à volumetria.
As fachadas leste e oeste foram envolvidas por grandes caixas de concreto aparente, porém, com volumes independentes que abraçam a edificação até a face sul. Para Rissinger, essas caixas oferecem robustez ao Sodré272, tornando-se até parte do mobiliário interno, pois podem ser utilizadas pelos moradores como bancos e móveis embutidos.
“Para concluir o volume total do prédio, deixamos toda a circulação vertical em concreto aparente, podendo se conectar de forma material aos blocos de mesmo material nas fachadas”, completa o arquiteto.
O intuito era projetar um edifício residencial equilibrado entre a solidez da volumetria em concreto aparente e a liberdade de amplas aberturas, para que tivesse diferentes conexões com a luz natural nos ambientes internos e a estrutura com o entorno.
Para isso, o arquiteto propôs um programa flexível, que acompanhasse os moradores ao longo da vida e que sempre mantivesse contato com o entorno, respeitando a topografia original e as construções vizinhas. As plantas dos apartamentos foram projetadas com layouts diferentes. Elas vão de lofts com espaços integrados até apartamentos de um, dois ou três dormitórios, justamente para a flexibilidade espacial
Além disso, há uma cobertura no edifício construída para o lazer. O espaço conta com uma área de churrasqueira, jardim com telhado verde e bancos de madeira para que os moradores possam sentar, ler, conversar e passar o tempo. “Lá de cima, podemos perceber uma escala do bairro e até notar a fácil interação entre o morador e a rua”, conclui Rissinger.
Veja outros edifícios residenciais na Galeria da Arquitetura:
Edifício Aruá, por FGMF Arquitetos
Escritório
Termos mais buscados